Tumores de cabeça e pescoço avançam e acendem alerta na Bahia
Brasil registra quase 40 mil novos casos por ano

O câncer de cabeça e pescoço, que engloba tumores na cavidade oral, faringe, laringe, cavidade nasal, seios da face, tireoide e glândulas salivares, têm se tornado uma preocupação crescente na Bahia e no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de diagnóstico de todos os tipos de câncer no país é de 704 mil casos novos ao ano. Para os tumores na região da cabeça e pescoço, a estatística apresenta 39.550 novos casos anuais.
Somados os tumores de pele tipo melanoma que atingem a cabeça e pescoço o total aumenta para 48.530. O Nordeste é a segunda região mais afetada, com estimativa de 10.070 casos novos ao ano. Dados de 2023 para o estado da Bahia informam taxas ajustadas para os tumores de tireoide (4,83), cavidade oral (5,41), pele melanoma (1,39) e laringe (2,71), considerando a incidência por 100 mil habitantes.
“O câncer de cabeça e pescoço, quando diagnosticado precocemente, tem altas taxas de cura. No entanto, boa parte dos casos ainda chega em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e piora o prognóstico”, alerta o cirurgião Paulo Guilherme Mettig, diretor-presidente da Cooperativa de Cirurgiões de Cabeça e Pescoço da Bahia (CCP-BA).
Muitos tumores na cabeça e pescoço têm comportamento biológico agressivo e se desenvolvem para estágios mais avançados em poucas semanas. A preocupação inicial de todo profissional médico deve ser o diagnóstico rápido, com biópsias, e encaminhamento para hospitais especializados neste tratamento.
A mistanásia, termo que designa uma morte precoce, evitável e miserável, geralmente causada por falta de acesso à saúde, negligência ou omissão do Estado, é uma preocupação real. “A mistanásia não é apenas a ausência de cura, mas a ausência de oportunidade de tratamento digno. É o retrato da exclusão em um sistema que deveria acolher. Evitá-la é dever de todos: Estado, profissionais e sociedade”, afirma o cirurgião.
Outros fatores de risco são apontados em pesquisas médicas. Tabagismo, consumo excessivo de álcool, má higiene oral e infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano) constituem as principais causas. “A combinação de cigarro e álcool potencializa, em até 20 vezes, a chance de desenvolvimento do câncer da cavidade oral, por exemplo”, explica o presidente da CCP-BA.
Além disso, a exposição solar sem proteção também contribui para casos de câncer de lábios e de pele. A população que mais sofre é aquela que trabalha em lavouras, sem a proteção da pele adequada. A má higiene oral, por sua vez, amplia o risco de câncer de boca e vias aéreas altas. A saúde bucal é fundamental para prevenção e diagnóstico precoce. Não menos importante, o HPV, frequentemente associado ao câncer de colo de útero, também tem relação direta com os tumores de orofaringe.
Sinais de alerta – Feridas na boca que não cicatrizam, rouquidão persistente, dor de garganta prolongada, dificuldade para engolir, nódulos no pescoço, manchas avermelhadas ou esbranquiçadas na boca e perda de peso sem motivo são alguns dos principais sintomas.
Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço, Ivan Agra, diretor técnico da CCP-BA, “é fundamental que qualquer sintoma que persista por mais de 15 dias seja avaliado por um especialista. O tempo é um fator crucial para o sucesso no tratamento”, reforça.
Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico envolve exame clínico, exames de imagem e biópsia. A Bahia conta com cirurgiões qualificados e preparados para tratar doenças oncológicas de alta complexidade com cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia.
“A rapidez do diagnóstico e do início do tratamento, assim como os avanços na radioterapia de alta precisão e nos tratamentos sistêmicos trouxeram mais qualidade de vida e aumentaram as chances de cura, mesmo em casos mais avançados”, ressalta o Dr. Ivan Agra.
Em casos avançados de câncer de cabeça e pescoço, a abordagem paliativa é necessária para garantir qualidade de vida ao paciente. ” O tratamento envolve um cuidado integral, focado no alívio dos sintomas e na melhora do conforto do paciente, mesmo quando a cura não é mais possível. Esse cuidado humanizado é essencial para que os pacientes e seus familiares enfrentem esse momento difícil com dignidade”, completa o cirurgião.
CCP-BA – A Cooperativa de Cirurgiões de Cabeça e Pescoço da Bahia (CCP-BA) tem sido um pilar na organização e fortalecimento do atendimento especializado no estado. Com mais de uma década de atuação, a CCP-BA defende a autonomia médica, a negociação justa com operadoras e a valorização da prática médica ética e plural. “A CCP-BA é um modelo que equilibra os interesses dos médicos e dos pacientes, garantindo transparência e, principalmente, qualidade no cuidado. Nosso foco é oferecer um atendimento humanizado, eficiente e acessível”, destaca o presidente da Cooperativa, Paulo Mettig.
A cooperativa não mantém vínculos com indústrias farmacêuticas, garantindo total isenção nas decisões médicas. Além disso, promove acesso rápido e eficaz a procedimentos, especialmente em cirurgias oncológicas, sempre priorizando a saúde e o bem-estar dos pacientes. “Parar de fumar, moderar o consumo de álcool, usar protetor solar, evitar um estilo de vida hedonista e ficar atento aos sinais que o corpo dá são atitudes que podem salvar vidas”, conclui o cirurgião de cabeça e pescoço.
* Nota: Dados do INCA e do Ministério da Saúde.
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