Publicado em 17/06/2025 às 11h34.

Vacinação infantil ainda está longe da meta em 80% dos municípios brasileiros

Apesar de melhora em 2023, coberturas vacinais seguem abaixo do ideal, especialmente contra poliomielite, meningite e HPV

Redação
Foto: Bruno Concha/Secom PMS

 

Apenas 32% dos municípios brasileiros atingiram as metas de vacinação básica do calendário infantil em 2023. Embora esse seja o melhor índice desde 2018, os números seguem muito abaixo do adequado, conforme revela o Anuário VacinaBR 2025, divulgado nesta terça-feira (17/6). O relatório reúne dados sobre a imunização no país entre 2000 e 2023.

O levantamento foi realizado pelo Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base em fontes como DataSUS, InfoMS, IBGE e o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Segundo o relatório, as coberturas vacinais vêm caindo de forma contínua desde 2015, com agravamento a partir da pandemia de Covid-19. Ainda que os dados indiquem leve recuperação desde 2022, nenhuma das vacinas infantis do calendário nacional atingiu a meta de cobertura do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em todos os estados em 2023.

As vacinas contra poliomielite, meningococo C, haemophilus influenzae tipo b (Hib) e varicela apresentaram os piores indicadores. Nenhum estado alcançou a meta para essas vacinas em 2023. A situação da vacina contra meningococo C é especialmente crítica: nenhuma unidade da federação atingiu a meta entre 2021 e 2023.

Em 2023, cerca de 80% da população brasileira ainda vivia em municípios que não atingiram as metas de imunização para a maioria das vacinas infantis.

“Após anos de queda nas coberturas vacinais, o Brasil tem avançado na retomada da vacinação, com conquistas importantes em diversas regiões. Ao mesmo tempo, o relatório permite identificar desigualdades regionais e estruturais que ainda precisam ser enfrentadas”, afirma Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil.

O abandono vacinal segue como um problema crônico. Imunizantes que exigem mais de uma dose, como a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), apresentam altas taxas de evasão. Em alguns estados, mais de 50% das crianças não recebem a segunda dose, o que compromete a eficácia da imunização.

Em 2023, apenas quatro estados atingiram a meta de vacinar 95% das crianças com a primeira dose da tríplice viral. Quatorze estados registraram cobertura inferior a 50% para o esquema completo — um contraste significativo com 2014, quando todos os estados cumpriam a meta.

A vacinação contra poliomielite também está em queda: o Brasil não atinge a cobertura ideal desde 2016. Em 2023, menos de 20% da população vivia em municípios que alcançaram a meta.

Outros destaques negativos:

  • Meningococo C: em 2023, quase 90% da população vivia em municípios que não atingiram a meta — em 2011, essa proporção era de apenas 25%.

  • BCG: desde 2019, a cobertura caiu drasticamente. Apenas três estados alcançaram a meta, e onze ficaram abaixo de 80%.

  • HPV: a cobertura da segunda dose em 2023 foi de 80% entre meninas e inferior a 50% entre meninos. Apenas nove estados e o Distrito Federal superaram os 80% — a maioria nas regiões Sudeste e Sul. O Paraná foi o único a ultrapassar 90%.

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