Publicado em 20/08/2019 às 11h11.

Kiko Kislansky: ‘O negócio precisa ser uma manifestação do propósito de vida’

O cofundador da Euzaria falou sobre capitalismo consciente, propósito de vida e do mercado baiano

Daniel Lyra
Kiko Kislansky. Foto: divulgação.
Kiko Kislansky. Foto: divulgação.

Foi com a ideia de levar mensagens positivas para o mundo que Kiko Kislansky se tornou um dos fundadores da Euzaria. Ele acredita que o empresário é um agente de transformação social e que cada negócio deve ter um propósito além do lucro. Kiko também é palestrante e recentemente lançou o livro o “O Poder do Propósito”, em que fala do método IKIGAI.

O conceito de capitalismo consciente faz parte da forma dele de enxergar o mundo. Kiko considera que o problema não é o modelo econômico, mas sim a forma que o estão utilizando. Ele contou um pouco sobre o propósito de vida e falou do potencial do mercado baiano.

Confira o Bate-papo da Coluna Tipo Assim com Kiko Kislansky.

Como surgiu a ideia de montar a Euzaria?

Surgiu a partir do nosso desejo (meu e de Zé Pimenta) de levar mensagens positivas para o mundo. Queríamos empreender de forma que pudéssemos unir lucro com impacto positivo no mundo. Concluímos que camisetas seriam uma boa forma de comunicar mensagens transformadoras e naturalmente arriscamos, mesmo sem conhecer nada do mercado. Mas não queríamos que elas chegassem apenas a quem pode pagar, mas também em outra parte da população. Por isso, para cada peça vendida, uma peça era doada com a mesma mensagem e a dedicatória de quem comprou. Hoje, mudamos o modelo de impacto social: a cada peça vendida, viabilizamos um dia de aula de um jovem em situação de vulnerabilidade social, através de parceria com o Instituto Aliança no projeto ”Refazendo Sonhos” em Simões Filho.

Como um empreendedor, que começou recentemente, pode aplicar o conceito de capitalismo consciente?

O primeiro passo é olhar para dentro e se questionar: que diferença meu negócio irá fazer no mundo? O negócio precisa ser uma manifestação do propósito de vida do empreendedor. Ou seja, autoconhecimento é essencial. Depois de entender claramente a diferença que quer fazer no mundo, é hora de construir uma cultura baseada no propósito e liderar a partir desta causa, bem como contratar uma equipe sintonizada com o mesmo desejo profundo e vender com significado.

Você acredita que o empresário, além do lucro, deve contribuir com o crescimento social?

Absolutamente. Uma empresa sem significado social é insignificante. O mundo não precisa mais de empresas que focam apenas no lucro. Naturalmente, oferecer empregos e pagar impostos geram contribuições sociais. Mas isso é obrigação da empresa. Precisamos ir além!

Em uma de suas palestras, você colocou que há diferença entre o “ter que” e encontrar o propósito de vida. Qual o caminho para cada um descobrir o seu?

Primeiro, precisamos entender que nosso propósito está dentro de nós e não fora. É preciso olhar para dentro e se conectar com as nossas paixões, nossos principais talentos e o desejo de transformação que mora em nós. Acredito que o método IKIGAI é o mais incrível para esta descoberta tão fascinante.

Como seria o mundo sem dinheiro circulando?

Difícil de imaginar, se não fosse o dinheiro seria outra moeda de troca. Não acredito que o problema esteja no dinheiro. Ele é neutro. Pode ser usado para o bem ou para o mal. O dinheiro é um recurso capaz de gerar bem-estar social. Acredito que o capitalismo pode e deve ser mais consciente e humanizado. O problema não está no modelo, mas na forma com que muitos estão atuando neste modelo. Não podemos mudar o jogo, mas podemos mudar a forma de jogar.

Recentemente, você lançou o livro ” O Poder do Propósito”. Como foi a experiência de escrever?

Simplesmente espetacular! Escrever um livro ao lado de um mentor como o Edu é um sonho que se realizou. É mais uma grande ferramenta para fortalecermos a revolução do propósito na nossa sociedade! Quem sabe um dia ele será leitura recomendada em todas as universidades do nosso país.

Você enxerga potencial no mercado baiano?

Em termos de propósito, muito potencial! O povo baiano é extremamente criativo, hospitaleiro e espiritualizado. Quando utilizarmos todo esse potencial para construir negócios de impacto positivo, será extraordinário. Cada vez mais estão surgindo empresas que pensam e agem além do lucro. E sem dúvidas, se depender de mim, isso se multiplicará exponencialmente!

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.