Publicado em 12/08/2019 às 11h20.

Moda, representatividade e força

Conheça a história da marca baiana Negrif, cujas peças já chegaram fora do país

Daniel Lyra
Foto: Daniel Lyra.
Foto: Daniel Lyra.

Ao descer as escadas do Edifício Bariloche, que fica na Rua Carlos Gomes, uma vitrine chama a atenção. Peças em formatos variados, com cores diversas e conceito de representatividade compõe a primeira loja à esquerda da galeria, que recebe novas estampas toda semana. É lá que fica a Negrif, criação da designer de moda Madalena, também conhecida como Madá Negrif.

Filha de costureira, Madalena cresceu em meio aos retalhos de Dona Estelita. Enquanto conhecia os diferentes tipos de tecido, já opinava em relação aos modelos que a mãe costurava para ela. Da convivência com as suas raízes às andanças pelas ruas, ela foi desenvolvendo seu conceito estético.

“Eu criei essa marca a partir de mim, pela necessidade de vestir uma mulher negra. O que eu faço, o que eu sou, o que eu mostro é justamente através dessa roupa que eu produzo, uma roupa com identidade e conceito ancestral da força dessa mulher”, conta Madalena.

Madalena e suas criações .Foto: Daniel Lyra.
Madalena e suas criações. Foto: Daniel Lyra.

As primeiras vendas foram feitas nas ruas. Enquanto circulava com a sacola, ia exibindo e vendendo os modelos. Umas das primeiras criações foram roupas de malha com rostos de mulheres negras estampados. As figuras escolhidas nesse primeiro momento foram todas mulheres da família de Madalena. Para ela, era uma forma de homenagear seus ancestrais.

Ao vender uma peça de roupa para um africano, além de um elogio sobre a qualidade dos produtos, recebeu dele o nome para a marca. Depois, foi só procurar uma foto dela 3×4 e uma tipografia que combinasse. Surgiu assim a identidade visual da Negrif.

“Uma coisa que me encanta, sendo que eu trabalho com memória ancestral, é eu ter um nome que veio do continente africano para cá. É repetir o mesmo processo que meus ancestrais fizeram, que saíram de lá e vieram para cá. A força disso para mim é muito importante, pois eu acho que tenho permissão para estar onde eles não conseguiram”, expressa Madalena.

Madalena Negrif. Foto: Daniel Lyra.
Madalena Negrif. Foto: Daniel Lyra.

Em 2011, com uma arara de roupas e um puff que tinha em casa, ela montou a primeira loja física. A clientela conquistada nas ruas nos tempos da sacola já estava fidelizada. Madalena garante que, desde então, não houve um dia sem vendas na loja.

De lá para cá, a Negrif já teve representantes comerciais em sete estados brasileiros e produziu mais de 150 estampas diferentes. Dentre as participações em eventos de moda, a marca esteve presente em Nova Orleans e em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Para os que desejam abrir um negócio, o conselho de Madalena é começar, sem dar um passo maior que as pernas.”Tem que começar. Dar esse primeiro passo é muito importante e você pode fazer de maneira cautelosa. Eu fui de forma bem lenta e bem calma e deixei as coisas acontecerem”, aconselha Madalena.

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