Publicado em 08/03/2019 às 11h15.

Bolsonaro a cada dia mostra o que os aliados mais falam: despreparo

Passa impressão de ser um adolescente rebelde que acabou de ganhar um celular e não larga as redes. Esquece que é o presidente da República

Levi Vasconcelos
Foto: Reprodução/ Twitter/ Arquivo Pessoal
Foto: Reprodução/ Twitter/ Arquivo Pessoal

 

Com as ressalvas de que a agenda econômica do novo governo é digna não só de apoio, mas também de aplausos, aliados do presidente Jair Bolsonaro, em conversas reservadas, são quase unânimes em apontar que o governante maior do Brasil padece de um mal grave, o despreparo.

Dizem que aos poucos ele próprio, sem precisar de inimigos, está minando a credibilidade que tem para ser o promotor das reformas que a centro-direita pretende implementar. Ou seja, dispensa inimigos, se basta.

No dia seguinte que ele ganhou a mídia internacional por conta do vídeo pornográfico, bateu boca nas redes sociais com o ator José de Abreu (o que se autoproclamou presidente do Brasil para fazer paródia com Juan Guaidó, da Venezuela).

Abreu se denominou de meteoro e o chamou de fascista. Bolsonaro mordeu a isca: ‘Estamos processando alguns e este meteoro será o próximo’. Sopa no mel para Abreu, que desandou a xingá-lo.

Bolsonaro passa a impressão de ser um adolescente rebelde que acabou de ganhar um celular e não larga as redes. Esquece que é o presidente da República. Aí vem a questão: ele vai se sustentar no poder assim? Dizem que ele é militar e tem o respaldo dos militares.

Também pisou na bola ao dizer que só existe democracia se as Forças Armadas quiserem, algo que ficou parecido com uma disposição dos militares tomarem o poder, se assim entenderem.

Os militares não gostaram. Sinal de que também lá o despreparo começa a incomodar.

Otto diz que o vídeo gerou falta de decoro

Diz o senador Otto Alencar (PSD) que se o presidente Bolsonaro não tivesse postado o vídeo pornográfico no carnaval paulista, o fato passaria totalmente despercebido, mas como o fez, deu visibilidade para jovens, crianças e para milhares de pessoas:

— Não tenho a menor dúvida de que ele faltou com o decoro. Se vai ter consequências, não sei. Mas que foi, foi.

Otto afirma que Bolsonaro também foi muito infeliz ao dizer que o carnaval é isso.

— Desde os tempos de Getúlio Vargas já tinha as críticas aos políticos. O ato obsceno é exceção. Carnaval é arte, é cultura, é tradição, em que o povo se manifesta livremente, na diversão e também na política.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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