Publicado em 11/10/2016 às 08h49.

Para o povo, sacrifícios. Para os partidos, pede-se R$ 3 bi. Pode?

Tem uma proposta de criação de um Fundo Eleitoral que vai custar bilhões ao já combalido bolso do brasileiro. Se for aprovado, será a sublimação da hipocrisia

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita”

Confúcio, sábio chinês (551 a.C. – 479 a.C.)

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

 

Veja como é o Brasil. Ontem a Câmara aprovou a emenda constitucional que congela os gastos públicos por 20 anos.

Quer dizer, o governo congela os gastos, com saúde e educação (nestes dois casos, a partir de 2018), no mandato de Michel Temer e seus digníssimos próximos quatro sucessores.

Convenhamos, 20 anos é uma vida. O bebê que nasce hoje, daqui até o fim da validade da lei, já será um adulto servindo ao Exército e afins. Se a saúde hoje já sofre com a escassez de recursos, imagine você que até lá, o número de mortos por falta de assistência adequada, quando tem, vai disparar.

Estamos falando do básico, a vida.

Simultaneamente, Gilberto Kassab, o dono do PSD, que era ministro de Dilma, pulou para Temer e também é ministro (Ciência e Tecnologia), está propondo a criação de um Fundo Eleitoral que vai custar a bagatela de R$ 2,9 bilhões ao já combalido bolso do brasileiro. E a proposta já tem a simpatia de outros partidos, a exemplo do PMDB.

Ora, para alguns, se impõe sacrifícios de longo prazo. Para os políticos, benesses. Já acham pouco os R$ 860 milhões de dinheiro público para sustentar partidos e ainda vem com essa?

Se o Congresso aprovar, será a sublimação da hipocrisia.

Abuso radiofônico

A decisão da sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo), de suspender a concessão de duas rádios nas quais o deputado Baleia Rossi (PMDB-SP) é sócio, vai bulir com os quatro cantos da Bahia.

O desembargador Johonsom di Salvo, relator do caso, a partir de uma ação do Ministério Público que considera deputado e senadores donos emissoras de rádio e tevê como abuso de poder político e econômico, diz que a prática é ‘contra a Constituição e não há direitos adquiridos, nem flexibilizações, nem mesmo com o uso de laranjas’.

Se a decisão prevalecer, vai acontecer uma revirada. A Bahia é cheia de políticos detentores de mandato, donos de rádio que usam e abusam dos seus veículos.

Ângelo e Uziel lá

Marcelo Nilo (PSL), presidente da Assembleia, diz que em janeiro vai dar posse aos suplentes das coligações de 2014. Dois deles, Ângelo Almeida e Uziel Bueno (o primeiro, trocou o PT pelo PSB, e o segundo, o PV pelo PTN), mas Marcelo diz que não tem nada com isso.

— Se alguém achar que tem direito, que vá à justiça. Aí, o problema não é meu.

Araken premiado

Ex-guerrilheiro na Serra do Caparaó, hoje radicado em Valença, o escritor Araken Vaz Galvão, de 80 anos, ganhou o Prêmio Jorge Amado, pelo conjunto da obra, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE), com sede no Rio.

Ficcionista, ensaísta e memorialista, Vaz Galvão é autor de uma vasta obra, com destaque para a Crônica de uma família sertaneja e O velho jagunço, romances que compõem a sua Trilogia do Sertão, e Crônicas das prisões e do exílio, em que relata sua participação na luta armada na época da ditadura militar.

Amargosa e Laís

Uma das mais expressivas vitórias do PT este ano na Bahia foi em Amargosa, onde Júlio Pinheiro derrotou o ex-prefeito Rosalvo Sales (PV) com mais de dois mil votos de frente.

Por trás do feito, no marketing, está a jornalista Laís Vita. Formada em Comunicação na Ufba, fez outra graduação em comunicação política na Universidade de Coimbra, fez mestrado na mesma área na Universidade Complutense, na Espanha (onde também faz doutorado), mora no Chile com o marido, mas resolveu estrear no marketing político este ano. Deu em Amargosa.

Deitou e rolou nas redes sociais. Acertou.

Indefinição turística

Embora alguns presidentes de associações de criadores de animais estejam preocupados com o bizu de que o governo cogita construir no Parque de Exposições o novo Centro de Convenções, a informação é improcedente, segundo o secretário de Turismo, José Alves. Ou melhor, não há qualquer definição sobre o assunto.

O governo nomeou uma comissão com representantes de várias secretarias, mais a PGE e o Corpo de Bombeiros, para avaliar o laudo do antigo centro, que desabou em setembro.

Só a partir daí as decisões serão tomadas.

Futuro

Segundo José Alves, dificilmente o novo será no lugar do atual, por um detalhe: não existem estruturas para eventos verticais e sim horizontais:

— Temos que pensar num equipamento competitivo, essa é a ideia central.

Bom exemplo

Esta é para não dizerem que jornalista só gosta de notícia ruim. A agência do INSS de Santo Amaro só conta com três funcionários. O resultado é óbvio, só anda apinhada de gente. Mas, entre os servidores, um, ou melhor, uma, se destaca: é Geonísia Marta de Araújo Cavalcante, conhecida como Joca.

É a gerente da agência, que ao invés de ficar choramingando, assume a linha de frente, sempre alegre e sorridente, e não deixa ninguém sem atendimento.

É um exemplo a ser reverenciado.

Mau exemplo

E por falar em Santo Amaro, o prefeito de lá, Ricardo Machado (PT), não fez segredo do desgosto ao ver o candidato dele, Leo Pacheco (PT), derrotado.

Contratou um caminhão baú, botou os móveis de casa em cima e se mudou.

Passou a morar em Lauro de Freitas.

Um exemplo a ser descartado.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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