Publicado em 24/08/2017 às 20h12.

Estudante atrasa ‘sem saber o porquê’ e escapa de tragédia

Usuária da lancha das 6h30, Vitória Gonçalves teria aula em Salvador às 8h50 e teme pelo que virá: "Imagino como será na semana que vem"

Fernanda Lima
Foto: Adenilson Nunes/ GOVBA
Foto: Adenilson Nunes/ GOVBA

 

Diz o romancista Nelson Rodrigues que Deus está nas coincidências. Em meio ao clima de comoção em Mar Grande, após a tragédia com a lancha Cavalo Marinho I, a estudante de Produção Cultural na Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vitória Gonçalves, de 22 anos, agradece pela sorte de uma escolha que pode ter salvado sua vida.

Diariamente, ela costuma embarcar rumo à capital baiana, onde tem aula, às 6h30, horário de partida do barco que naufragou. Nesta quinta-feira (24), ela decidiu, não sabe o porquê, fazer a travessia às 7h. Ao chegar no Terminal de Vera Cruz, junto a outros passageiros, estranhou a demora da lancha.

Somente uma hora depois, foram avisados por marinheiros que a embarcação não iria circular e que eles poderiam solicitar o reembolso pelos tíquetes perdidos. O motivo alegado pelos profissionais para a suspensão foi o mau tempo, o que preocupou Vitória, que precisava chegar ao bairro de Ondina, em Salvador, para uma aula às 8h50.

Foi quando encontrou populares e vizinhos que descobriu a gravidade do que tinha acontecido: uma lancha havia virado e os prognósticos não eram positivos. “Fiquei desesperada, porque eles não disseram nada. Tentei saber de minha irmã, dos meus amigos, ligando desesperada”, contou ao bahia.ba.

Pelo menos 18 pessoas morreram, das 120 que embarcaram oficialmente, segundo Associação de Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab). Entre os mortos, está uma vizinha da estudante em Mar Grande. A irmã e os amigos da jovem, assim como ela, também não chegaram a embarcar.

Ela própria, inclusive, já viveu momentos de terror em outra lancha: “No mês passado, passei por uma situação que nunca tinha presenciado: uma onda de mais de 3 metros de altura invadiu a lancha já no meio do trajeto, molhou praticamente todos que estavam, e nenhum marinheiro deu algum tipo de satisfação. Foi desespero, muitas pessoas colocaram colete salva-vidas”.

A tragédia desta quinta, portanto, não chegou a surpreender Vitória. “As lanchas sempre estão muito lotadas. Principalmente nesse horário que aconteceu o incidente, porque é quando muita gente está indo estudar, trabalhar, crianças e idosos para consultas médicas”, disse.

Apesar do alívio, Vitória também se preocupa com o que está por vir, já que depende do transporte marítimo para chegar a Salvador. “Imagino como será na semana que vem. Estou com muito receio”, finalizou.

O serviço está suspenso por tempo indeterminado.

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