Após ataques, campanha por placas de Marielle já arrecada R$ 28 mil
O valor estipulado foi de R$ 2 mil para a confecção de 100 placas; por volta das 15h desta quinta-feira, as doações já somavam R$ 28 mil com a adesão de mais de mil pessoas
Menos de um dia depois que circularam nas redes sociais imagens de dois candidatos do PSL-RJ exibindo uma placa destruída que homenageava a vereadora Marielle Franco, uma campanha feita por simpatizantes e apoiadores das causas defendidas por ela já arrecadou hoje (4) 14 vezes o valor definido como meta para fazer novas placas.
O valor estipulado foi de R$ 2 mil para a confecção de 100 placas. Em apenas 24 minutos, a quantia foi obtida. Por volta das 15h desta quinta-feira, as doações já somavam R$ 28 mil com a adesão de mais de mil pessoas. A organização da campanha fará mil placas e destinará o dinheiro restante para outras ações de homenagem à vereadora ainda não divulgadas.
A homenagem havia sido colada sobre uma das placas que identifica a Praça Floriano, no centro do Rio de Janeiro, mais conhecida como Cinelândia. A placa, que não foi instalada pela prefeitura, mudava informalmente o nome do logradouro para Rua Marielle Franco e informava: “Vereadora, defensora dos direitos humanos e das minorias, covardemente assassinada no dia 14 de março de 2018”.
Campanha da placa – A campanha para fazer novas placas foi lançada pelo site de humor Sensacionalista, que posta notícias falsas que abordam com ironia questões políticas e sociais do Brasil e do Mundo. Sócio do site, o jornalista Nelito Fernandes conta que a equipe ficou estarrecida quando viu a imagem da placa quebrada e decidiu agir para reconstruir a homenagem à vereadora assassinada a tiros.
“A gente vê um acirramento das opiniões em um sentido sempre de desconstruir. Essa vai ser uma eleição em que as pessoas vão votar contra. Poucos vão votar a favor. Já que destruíram a homenagem, decidimos que vamos construir outra”.
Para não ser acusada de “incitar o vandalismo”, a campanha imprimirá placas de tamanho diferente do padrão de identificação das ruas do Rio de Janeiro e distribuirá as homenagens no dia 14 de outubro, quando o assassinato completa oito meses.
“O que foi quebrado não foi uma placa, foi a Marielle, mais uma vez. A imagem de uma mulher, negra, que se recusou a cumprir o destino de servir o cafezinho. Que mal Marielle fez para merecer esse ódio?”, questionou Nelito.
Retirada da placa – Em um vídeo postado nas redes sociais, o candidato a deputado estadual Rodrigo Amorim, e o candidato a deputado federal Daniel Silveira, ambos do PSL-RJ, retiram a homenagem da placa que foi colocada na esquina da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, onde Marielle cumpria seu primeiro mandato quando foi assassinada.
No vídeo, Daniel defende que o assassinato não justificava colar a placa, o que classificou de vandalismo. Já Rodrigo afirma que outras 60 mil pessoas foram assassinadas no país.
Dias depois, os candidatos levaram a placa a um ato político para apoiadores em Petrópolis, na Região Serrana. O ato foi registrado em mais um vídeo postado nas redes sociais, e Amorim e Silveira exibem a placa quebrada ao meio. Os dois foram fotografados com os pedaços da placa nas mãos, e as imagens se espalharam nas redes.
Com a repercussão, os dois políticos fizeram uma transmissão ao vivo no Instagram em que afirmam que repudiam o assassinato de Marielle e defendem que seus algozes têm que ser investigados e punidos severamente.
Na gravação transmitida na internet, eles afirmam que não haverá pedido de desculpas e defendem que retiraram a homenagem como se fosse uma pichação qualquer, sem a intenção de atingir a imagem da vereadora, porque buscavam restaurar o patrimônio público havia sido depredado.
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