Publicado em 06/11/2018 às 15h40. Atualizado em 06/11/2018 às 16h51.

‘Não tem nada a ver com Lula’, diz Moro sobre ministério

"O que houve foi uma pessoa que cometeu um crime, esse crime foi provado e ela respondeu na Justiça por esse comportamento criminoso", defendeu

Juliana Almirante
Foto: Reprodução GloboNews
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O juiz federal e futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, negou, em pronunciamento à imprensa, em Curitiba, nesta terça-feira (6), que a indicação dele pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) esteja relacionada com a decisão dele enquanto juiz de condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Isso não tem nada a ver com o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi condenado e preso”, disse. Ele destacou que, embora tenha proferido a primeira decisão, a sentença já foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

“O que houve foi uma pessoa que cometeu um crime, esse crime foi provado e ela respondeu na Justiça por esse comportamento criminoso”, completou, destacando que a Lava Jato também teve como alvo políticos de outros partidos além do PT, como PP e PMDB.

“Sei que alguns interpretaram minha ida como uma espécie de recompensa. É algo exatamente equivocado”, defendeu-se. Ele afirmou que o primeiro contato para participar do governo foi feito pelo futuro ministro da Fazenda Paulo Guedes, no dia 26 de outubro, antes de Bolsonaro ser eleito. Na ocasião, Moro relata que respondeu que só poderia tratar sobre o assunto depois do resultado das urnas.

O juiz federal também justificou que não há ilegalidade em ter apenas entrado de férias e não ter pedido exoneração, após ter aceito o convite ao ministério. Ele foi confrontado com a legislação que proíbe magistrados de exercerem atividade política. Moro argumentou que, caso pedisse para ser exonerado, “algo” poderia acontece com ele antes da posse e que a família dele não teria direito a pensão.

Futuro governo – Ele também prometeu que, após assumir o cargo no Executivo, em janeiro de 2019, pretender realizar o que, segundo ele, não foi feito nos últimos anos: uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado. “A ideia é que não é um projeto de poder, mas fazer a coisa certa em nível mais elevado, em posição que possa fazer diferença e afastar de vez a sombra desses retrocessos”, declarou.

Moro preferiu não adiantar nomes da equipe do ministério, mas afirmou que devem ser pessoas que trabalharam na Lava Jato. Ele também evitou detalhar as medidas que a pasta pretende implantar. Segundo ele, as propostas devem ser levadas ao Congresso para ser discutida com os parlamentares.

Questionado por jornalistas sobre a proposta de ampliação do direito de posse de arma do presidente eleito, ele afirmou que pareceria “inconsistente agir de forma contrária” a este projeto, no entanto considerou que a implantação seja discutida. Ele também considerou que a flexibilização excessiva do posse de armas pode beneficiar organizações criminosas e salientou que o porte  deve ser mais restrito que a posse.
Suspeitas contra ministros – Moro considerou “incipientes” as suspeitas de crimes financeiros de Paulo Guedes. “Me pareceu ser bastante dedicado e bastante competente”. O furuto ministro da Fazenda de Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposta gestão temerária.

Moro ainda disse que tem “grande admiração” pelo futuro chefe da Casa Civil Onix Lorenzoni, que já admitiu ter feito caixa dois. Para o juiz federal, Onyx assumiu seu erro e se corrigiu.

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