Pagamentos instantâneos podem aumentar receita de bancos em US$ 500 bi
Conclusão é de um relatório da empresa Accenture, feito com base em pesquisa a 240 executivos de pagamentos de bancos de 22 países, entre eles o Brasil

Por Kelly Oliveira
As formas de realizar pagamentos em todo o mundo estão se tornando cada vez mais instantâneas, invisíveis (feitas por meio digital) e gratuitas. Nesse cenário, os bancos que investirem em inovação tecnológica podem aumentar as receitas com pagamentos em US$ 500 bilhões até 2025. Essa é a conclusão de um relatório da empresa Accenture, feito com base em pesquisa a 240 executivos de pagamentos de bancos de 22 países, entre eles o Brasil.
Por outro lado, bancos que não adotarem modelos de negócios inovadores, segundo o documento, devem perder receitas. A estimativa de perda é de até 15% da receita global de pagamentos dos bancos, o equivalente a US$ 280 bilhões, devido ao crescimento de pagamentos digitais e pela concorrência com instituições não bancárias, as chamadas fintechs – empresas de tecnologia no setor financeiro.
A pesquisa indica que, atualmente, 46 países possuem uma solução de pagamento instantâneo e mais 12 planejam implementar uma em breve. No Brasil, segundo afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no final do último mês, o projeto de pagamentos instantâneos será concluído em 2020, antes mesmo do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), que só tem previsão lançar o modelo em 2024.
Por meio do pagamento instantâneo, a ideia é que pessoas e empresas possam transferir dinheiro em tempo real, sem restrição de horário. As transações com dinheiro em espécie ou por meio de transferências bancárias – Transferência Eletrônica Disponível (TED) e Documento de Ordem de Crédito (DOC) e débitos – serão substituídas por pagamentos instantâneos.
Receita global
O estudo da Accenture constatou que a receita global de pagamentos provavelmente crescerá a uma taxa anual de 5,5%, passando de US$ 1,5 trilhão em 2019 para mais de US$ 2 trilhões até 2025. Mas esse crescimento ficará restrito a bancos que transformarem seus modelos de negócios para adotar as mais recentes tecnologias e se concentrarem em fornecer mais valor agregado em serviços para seus clientes.
O relatório é baseado em um modelo de análise de risco de receita, para medir tendências de métodos de pagamentos entre consumidores e projeta mudanças no comportamento, na tecnologia e na regulamentação dos agentes de mercado.
Segundo o documento, nos próximos seis anos, os bancos vão enfrentar pressão adicional sobre as receitas de transações e taxas de cartões, com os métodos livres de impostos colocando em risco 8% da receita de pagamentos. Além disso, a concorrência de instituições não bancárias em pagamentos invisíveis – por meio dos quais os pagamentos são concluídos em uma carteira virtual em um aplicativo ou dispositivo móvel – colocará em risco 3,9% das receitas bancárias.
A substituição do cartão por pagamentos instantâneos, em que os fundos são liquidados e transferidos em tempo real e os bancos oferecem pouco ou nenhum juro, é projetada para colocar um risco adicional de 2,7% nas receitas de pagamentos.
O cenário se baseia nos atuais declínios em receitas de transações e taxas de cartões, em que a regulamentação vem desencadeando a compressão de taxas e a tecnologia, substituindo o papel dos bancos nos novos modelos de pagamentos. Entre 2015 e 2018, a receita das transações de cartão de crédito de clientes corporativos caiu 33%; a receita de transações com cartão de débito de pessoa física caiu quase 15%; e a receita oriunda de cartões de crédito caiu quase 12%.
A pesquisa mostra ainda que o setor está ciente dos desafios colocados pelas novas tecnologias em pagamentos. Mais de dois terços (71%) dos executivos entrevistados concordam que os pagamentos estão se tornando gratuitos; quase três quartos (73%) acreditam que a maioria dos pagamentos já é invisível ou o será nos próximos 12 meses; e ainda mais executivos (78%) disseram que os pagamentos já são ou se tornarão instantâneos nos próximos 12 meses.
O levantamento foi feito este ano com executivos dos seguintes países: Austrália, Brasil, Canadá, China (continente e Hong Kong), Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Malásia, México, Noruega, Cingapura, Espanha, Suécia, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.
Mais notícias
-
Economia
14h00 de 15/09/2025
Atividade econômica do Brasil cai 0,5% em julho, diz BC
Esta é a terceira retração consecutiva do indicador
-
Economia
10h22 de 15/09/2025
Dólar abre a semana em queda, seguindo abaixo dos R$ 5,40
Dados econômicos do Brasil e dos EUA são destaques entre os analistas na agenda de hoje
-
Economia
09h26 de 15/09/2025
BC volta a reduzir projeção para inflação em 2025 em novo boletim Focus
Estimativa para este ano está agora em 4,83%; Câmbio também recua, e dólar e Selic mantêm estabilidade
-
Economia
18h20 de 13/09/2025
Brasil consegue isenção de tarifas dos EUA
Segundo a nota do governo federal, esses produtos agora ficam livres de qualquer tarifa adicional dos EUA
-
Economia
14h36 de 13/09/2025
Mega-Sena: prêmio está estimado em R$ 3,5 milhões
Sorteio acontece neste sábado (13)
-
Economia
21h55 de 12/09/2025
Tarifaço de Trump deve atingir quase 10 mil produtos brasileiros
Impacto prático da medida deve ser sentido nos próximos meses
-
Economia
21h00 de 12/09/2025
Dólar recua e Bolsa cai após condenação de Bolsonaro e temor por sanções dos EUA
Na semana, a moeda americana acumulou retração de 1,11% e, no ano, já registra queda de 13,36%.
-
Economia
12h57 de 12/09/2025
Banco Central vende US$ 1 bilhão em leilão de dólares com recompra
Operação tem liquidação prevista para 2 de outubro de 2025
-
Economia
11h54 de 12/09/2025
Produção industrial da Bahia cai em julho, mas mantém crescimento no acumulado
Setor registra queda de 2,6% frente a junho, mas segue em alta nos últimos 12 meses
-
Economia
11h00 de 12/09/2025
Volume de serviços prestados no Brasil cresce 0,3% em julho
No comparativo com o mesmo período no ano passado, os serviços cresceram 2,8%, renovando o ponto mais alto da série