Publicado em 15/02/2020 às 19h05.

Cumprimos a lei mesmo que marginais tenham laços com a Presidência, diz Rui

Declaração do governador rebate fala de Bolsonaro de que o miliciano Adriano da Nóbrega foi morto pela polícia ‘do PT’ da Bahia

Alexandre Santos
Foto: Matheus Morais/bahia.ba
Foto: Matheus Morais/bahia.ba

 

O governador Rui Costa (PT) rebateu neste sábado (15) declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que o miliciano Adriano Nóbrega foi morto pela PM da Bahia, “do PT”. Em uma resposta dura, o petista afirmou que trabalha para cumprir a lei, mesmo que “marginais mantenham laços de amizade com a Presidência”.

“Quem é o responsável pela morte do capitão Adriano? PM da Bahia, do PT. Precisa falar mais alguma coisa?”, disse Bolsonaro.

A fala do presidente ocorreu durante uma entrevista mais cedo, no Rio de Janeiro, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Na ocasião, Bolsonaro também afirmou que o ex-capitão do Bope era um “herói” na época em que foi homenageado pelo senador Flavio Bolsonaro (sem partido). O miliciano ligado a Flávio morreu no último domingo (9), em Esplanada (170 km de Salvador), em um confronto com forças de segurança do estado.

“O Governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem procurados pela Justiça. A Bahia luta contra e não vai tolerar nunca milícias nem bandidagem”, escreveu Rui, no Twitter, no início da noite.

“Na Bahia, trabalhamos duro para prevalecer a Lei e o Estado de Direito. Na Bahia, a determinação é cumprir ordem judicial e prender os criminosos com vida. Mas, se estes atiram contra Pais e Mães de família que representam a sociedade, os mesmos (sic) têm o direito de salvar suas próprias vidas, mesmo que os MARGINAIS mantenham laços de amizade com a Presidência”, acrescentou o governador na publicação.

Adriano foi homenageado por Flávio em 2005 com a Medalha Tiradentes, mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio. Bolsonaro também disse que foi ele quem determinou que Flávio condecorasse o ex-policial militar.

O ex-policial foi citado na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apura se houve “rachadinha” no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual. Segundo o MP-RJ, contas de Adriano foram usadas para transferir dinheiro a Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio e suspeito de comandar o esquema de devolução de salários.

Adriano também é apontado como o chefe do Escritório do Crime, grupo paramilitar que comanda a comunidade do Rio das Pedras, na zona oeste da capital fluminense. A milícia é investigada por ligação com os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.

 

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