Publicado em 27/11/2020 às 15h59.

Falta de insumos afeta venda de material de construção e bares e restaurantes

Itens como PVC, alumínio e cobre atrasam entrega pela indústria, tornando mercadorias mais raras e mais caras

Adriano Villela
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

A retomada econômica no Brasil tem causado atrasos nas fábricas, de diversos setores, por escassez de matéria-prima. Em muitos casos, como na fabricação regional de refrigerantes, falta embalagem. Em Salvador, um dos flancos sentidos está no comércio e serviços, que lida com mercadorias mais raras e mais caras. Venda de material de construção e bares e restaurantes são setores que vivem esse problema.

Diretor institucional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-BA), Julio Cesar Calado relatou que em todas as mercadorias vem enfrentando dificuldade, mas a situação é pior em bebidas e carnes; “Fiquei quatro dias sem filet mignon, só fui encontrar hoje”, disse, nesta sexta-feira (27), ao ser contatado pelo bahia.ba. “A indústria de cerveja diz que não tem alumínio (para as latas). A gente tem que rodar quatro a cinco fornecedores”, acresce.

Segundo o executivo, os donos de bares e restaurantes estão segurando o prejuízo, mas em breve terão que mudar o cardápio. Alguns itens, como a carne, tiveram aumento de 50% a 100%. O dirigente da Abrasel informou que parte dos estabelecimentos estão com cerca de 60% do faturamento que tinham em novembro de 2019, mas outra parcela do setor está em situação mais grave, como quem atende mais o público de Salvador – profissionais durante a jornada de trabalho- e vivem com receita de 30% a 40% do período pré-pandemia.

Presidente da Associação de Comerciantes de Material de Construção (Acomac), Geraldo Cordeiro contou ao bahia.ba que em julho, no ínicio da retomada, faltavam produtos como cimento, bloco, fiação, louças, dentre outros. A demora na entrega atingiu até dois meses. “Quando retornaram, as indústrias estavam sem estoque. Então demora um pouco para o fornecimento se regularizar. Este timing com o consumidor, infelizmente, não bateu”, explicou Cordeiro.

De acordo com acompanhamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-BA), a venda de material de construção deve fechar este mês com melhor desempenho do varejo. A alta é projetada em 34,7%. Geraldo Cordeiro ressalta que tradicionalmente 60% do volume de vendas anuais acontece no segundo semestre. Por isso, o reequilibrio com a oferta de mercadoria só deve ocorrer a partir de fevereiro. O descompasso é maior no oeste, onde boas perspectivas na lavoura de grãos levam a elevação da procura em 40% a 50%.

No mês atual, já há uma normalização de mercadorias como cimento e blocos, mas ainda faltam produtos como fiação e encanamento,por exemplo. Segundo o comerciante, a escassez atual tem a ver com insumos destes produtos.  “O PVC e o aço não são usados somente na construção. Outros setores também necessitam”, destaca. O PVC está com demanda alta  no Brasil e no  mercado internacioanl, enquanto o cobre -usado em fios da rede elétrica – sofre com variação na cotação da bolsa de Chicago (EUA).

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