Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Brasil em guerra verbal. A gente morre no fim
Morremos com a crise econômica galopando, o desemprego crescendo, a indústria definhando, o comércio fechando lojas, sem que se veja uma nesga de esperança
Frase da vez
“Uma guerra política é aquela em que todos atiram pelos lábios”.
Raymond Moley, economista e político norte-americano (1886 – 1975)
O título acima resume o que queremos dizer: o Brasil está em guerra, no meio de um intenso bombardeio. Vamos colocar os pingos nos ‘is’. Veja alguns exemplos do tiroteio com nós no meio do fogo cruzado.
O último:
Há duas semanas, o PMDB saiu do governo que, por seu turno, anunciou que iria fazer ‘a repactuação da base política’.
A oposição atacou. Disse que o governo instituiu o toma lá, dá cá, para tentar barrar o impeachment. Ontem Dilma refluiu. Disse que só fará a reforma ministerial após a votação do impeachment. A oposição voltou a atacar. Diz que o governo está dando cargos pré-datados. Quem votar contra o impeachment leva.
Conclusão: fica parecendo que a oposição quer que o governo (que já não governa, só se defende) erga os braços e se renda.
O impeachment:
O governo diz que é golpe e forjou o rojão para os militantes dispararem nas ruas: Não vai ter golpe.
A oposição diz que não é golpe. É um dispositivo previsto na Constituição.
Conclusão: Não é golpe, mas o motivo frouxo, as pedaladas fiscais, é o que se tem. A oposição anda caçando um a qualquer custo.
O motivo do impeachment:
Pedalada fiscal é motivo de cassação? Nunca foi. O governo diz, com razão, que todos fazem e ninguém foi punido.
A oposição diz que sim. Nele estaria a razão da crise econômica: Dilma gastou um dinheiro que não tinha para ganhar a eleição e arrombou o Brasil.
Conclusão: As pedaladas não são as razões da crise em si, mas ajudou. De qualquer forma, em governo fraco, tudo cola.
Posição de Temer:
O governo diz que ele traiu. Que também assinou pedaladas nas vezes que substituiu Dilma, curtiu as benesses, quando tudo estava bem e agora resolveu dizer-se indignado.
O PMDB, dividido como sempre, historicamente (não só com Dilma, mas com todos) tem um pé no governo e outro na oposição. A ala oposicionista tornou-se majoritária e triunfou a tese de que não dá mais para suportar um governo corrupto.
Conclusão: O pano de fundo da reação oposicionista é a máquina de surrupiar dinheiro da Petrobras, instituído pelo PT, para sustentar-se no poder, revelado pela Lava Jato. Temer é beneficiário, quer queira quer não, mas como Pilatos lavou as mãos, como se não fosse parte.
E depois de tudo, sabe quem morre? Nós, com a crise econômica galopando, o desemprego crescendo, a indústria definhando, o comércio fechando lojas, sem que se veja uma nesga de esperança.
Repúdio geral
O deputado Eduardo Salles (PP) estava ontem pelos corredores da Assembleia coletando assinaturas de colegas para uma moção de repúdio contra a ministra Kátia Abreu (Agricultura), por ter rebaixado a Ceplac à condição de departamento.
Até o fim da tarde, ele coletou 45 assinaturas entre 47 deputados presentes.
Rosemberg Pinto (PT) é um dos poucos que hesitaram. É a favor que se use todos os meios para pressionar o governo a rever a decisão, ‘mas sem essa de repúdio’. Traduzindo: não quer jogar mais lenha na fogueira, já bastante acesa, de Dilma.
Mas Eduardo é incisivo:
— Ela nos traiu. Disse que ia nos ouvir antes de decidir, decidiu e não ouviu.
Mas no conjunto, a boa vontade dos deputados em assinar foi tanta que, segundo os mais antigos, só se viu algo igual em uma moção de congratulações à Irmã Dulce.
Esperando Dilma
Eduardo Salles diz que conversou com Jaques Wagner e ele prometeu reverter a situação. Só há um probleminha: ontem Dilma disse que só vai trocar ministro após a votação do impeachment.
O que quer dizer que, até lá, Kátia Abreu fica. E com o impeachment em pauta, o governo não governa, só pensa nisso.
Emparedando Aristides
O deputado José Carlos Aleluia (DEM) entrou na Procuradoria Geral da República com uma representação contra o dirigente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Aristides Santos que, num ato de apoio a Dilma, ameaçou invadir gabinetes, fazendas e propriedades de parlamentares que apoiam o impeachment.
— O Palácio do Planalto não pode virar palanque para foras da lei incitarem o crime.
Ele quer que o MPF também apure o caso.
Velho Chico sem Velho Chico
Conhecedor da cultura das barrancas do São Francisco, nascido, criado e vivido em Juazeiro e região, o ex-deputado Pedro Alcântara diz que até agora ainda não viu onde a novela Velho Chico se encaixa no Rio São Francisco, além do nome:
— Botam lá um bocado de gente se matando, coisa que, se já existiu, não existe mais, e sobre a cultura ao redor do rio, nada.
Lamento petista
Com a saída do senador Walter Pinheiro do PT, alguns petistas remontam 2010 para lamentar: naquele ano, Jaques Wagner, governador, rifou Waldir Pires da disputa pelo Senado para colocar Pinheiro.
Dizem que se fosse Waldir era ‘traição zero’.
Disputa em Conquista
A escolha do deputado Zé Raimundo como o candidato do PT a prefeito de Vitória da Conquista não incomodou o deputado Herzém Gusmão (PMDB), o principal nome da oposição, segundo o próprio:
— Eu não vou escolher adversário. Sei também que no segundo turno, Zé Raimundo e Fabrício Falcão (PCdoB) vão se unir. Estou preparado para o que vem.
Herzém diz que conta com um forte aliado, o desgaste do PT lá e fora.
Questão de honra
Nos três maiores municípios da Bahia em população – Salvador, Feira de Santana e Conquista -, o PT nunca governou as duas primeiras.
Em compensação, governa Conquista há mais de 20 anos.
Em Salvador, ACM Neto é favorito e, em Feira, Zé Ronaldo. Para os petistas, manter o poder em Conquista é questão de honra.
Urologia em debate
O coordenador do Serviço de Urologia do Hospital da Bahia, Juarez Andrade, foi convidado a participar do projeto itinerante de educação médica da Boston Scientific, o Stone Institute.
O projeto será realizado dias 15 e 16 no CEO do Salvador Shopping e pretende capacitar urologistas Ureteroscopia a urologistas, com foco em tratamento de cálculos renais com Ureteroscopia Flexível.
Mais notícias
-
Política
22h00 de 03 de maio de 2024
Lula sanciona marco legal dos jogos eletrônicos no Brasil
Pelo texto, a indústria do setor, por meio dos desenvolvedores de games, deve proteger crianças e adolescentes da exposição a jogos violentos ou abusos
-
Política
21h00 de 03 de maio de 2024
Advogado diz que Cid admitiu que ‘pisou na bola’ ao criticar investigação da PF
Tenente-coronel Mauro Cid foi solto nesta sexta-feira (3)
-
Política
20h40 de 03 de maio de 2024
TSE mantém inelegibilidade de Bolsonaro e Braga Netto por oito anos
Bolsonaro foi declarado inelegível pela segunda vez em 2023 e como a penalidade não é cumulativa, o prazo de inelegibilidade permanece
-
Política
19h17 de 03 de maio de 2024
Presidente Lula prorroga GLO em portos e aeroportos por mais 30 dias
Decreto é publicado em edição extra do Diário Oficial da União
-
Política
17h45 de 03 de maio de 2024
Kassab filiou papa Francisco ao PSD, brincam assessores durante encontro em Roma
No Palácio dos Bandeirantes, assessores brincaram que Kassab havia filiado um quadro importante ao PSD
-
Política
16h57 de 03 de maio de 2024
Câmara Federal terá audiência pública sobre reconhecimento facial
Proposta da audiência visa debater as variáveis que envolvem a temática, especialmente, trazendo a realidade vivenciada na Bahia, onde a tecnologia encontra-se em funcionamento
-
Política
16h37 de 03 de maio de 2024
Prefeito de Salvador critica impactos do veto à desoneração da folha
"Quando você veta a desoneração da folha, já há um aumento imediato de encargos que incidem no transporte público", pontuou Bruno Reis
-
Política
16h33 de 03 de maio de 2024
Partido Novo denuncia Lula no MP por abuso de poder em “campanha” para Boulos
Discurso foi transmitido pelas redes sociais
-
Política
15h55 de 03 de maio de 2024
Comandante-Geral da PM se desculpa com deputada Olívia Santana por abordagem inadequada
A política registrou o momento em suas redes sociais na tarde desta sexta-feira (03)
-
Política
14h49 de 03 de maio de 2024
Bruno rebate Geraldo sobre dificuldade para definir vice: ‘Deve estar em Nárnia’
O prefeito foi questionado em coletiva de imprensa sobre as provocações do vice-governador