Bruno Reis vê ‘sentimento de fadiga depois de 16 anos’ do PT na Bahia
Em entrevista ao bahia.ba, prefeito de Salvador diz também não acreditar em papel decisivo de candidatos à Presidência na eleição do futuro governador
Em entrevista ao bahia.ba, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), adota discurso afinado com seu padrinho político, ACM Neto, sobre o “pouco peso” em que acreditam que terão os candidatos à Presidência da República na escolha do próximo governador da Bahia. O democrata desconversa sobre ataques de alguns de seus aliados à provável candidatira de Jaques Wagner por causa da idade do senador, mas avalia que, assim como ‘o povo estava cansado’ antes do PT, há agora esse cansaço novamente, “natural de um sentimento de fadiga que existe depois de 16 anos de poder” (oito de Wagner mais oito que Rui Costa terá de gestão no fim de 2022).
Bruno Reis rejeita especulações de que Rui Costa teria levado para o campo político partidário a definição sobre o Carnaval de 2022 (já inviável a essa altura), e diz que é boa a relação com o governador. O prefeito fala também das dificuldades impostas pela pandemia, mas comemora realizações de sua gestão “mesmo com esse cenário desfavorável”. E garante: “Vamos fechar o ano com as contas no azul”.
Confira a entrevista abaixo.
ACM Neto à frente nas pesquisas para o governo da Bahia em 2022
Vejo de forma muito positiva, com muita humildade, com pé no chão. A gente sabe que pesquisa reflete o momento. Temos ainda nove meses até a eleição, tem muita coisa para acontecer, cenário da política nacional ainda é um cenário de indefinição, mas não tenho dúvidas de que aparecer acima de 50% em todos os cenários e em todas as pesquisas é uma excelente largada. Eu lembro que nas primeiras pesquisas, eu aparecia com 20%, e à medida que a população foi me conhecendo, foi vendo que nosso nome representava a continuidade do trabalho que vinha sendo realizado, nós fomos crescendo, e chegamos ao final com 64,2%. É a maior vitória de um prefeito na capital no primeiro turno. Então, Neto está no caminho certo, ele conhece a Bahia, é um quadro público qualificadíssimo; sem sombra de dúvidas o mais brilhante do Brasil na sua geração; consegue trazer a garra, a disposição e o entusiasmo da juventude, mas também muita experiência administrativa e muita experiência política; ama esse estado, nasceu aqui em Salvador, se preparou a vida toda para esse momento… Então, eu tenho certeza de que 2022 será um ano de muitas vitórias.
Aliados de ACM Neto criticam idade de Jaques Wagner. ‘Juventude’ do ex-prefeito vai ajudar?
São vários fatores que levam uma pessoa a decidir em relação a qual é o melhor nome para tocar e fazer o estado avançar. Alguns desses fatores são experiência, garra, a capacidade que esse candidato já mostrou que é capaz de fazer. Agora, todos esses fatores irão formar um sentimento, e eu percebo hoje o sentimento nas ruas, seja em Salvador, onde ando diariamente, e as conversas que tenho nas poucas viagens que tenho feito ao interior, que há um sentimento grande de mudança, natural de um sentimento de cansaço e uma fadiga que existe depois de 16 anos de poder. Nós já passamos por isso, na época em que éramos o governo, e é natural que aconteça novamente. A gente percebe isso. A vantagem da candidatura de Neto é que representa uma mudança com segurança, de alguém que já foi testado e aprovado, de alguém que foi oito vezes consecutivas o melhor prefeito do Brasil sem ter apoio do governo do Estado, sem ter apoio do presidente da República e de partidos contrários, mostrando que era capaz de transformar sua cidade independentemente de quem fossem os outros governantes. Então, o que Neto tem levado para os quatro cantos da Bahia é que ele pode transformar o estado, como transformou Salvador, e tem o caso dele, o case dele para apresentar as credenciais. Eu acho que as pessoas, com base nesse sentimento de uma mudança com segurança, é quem vão decidir as eleições em 2022. Esse sentimento vai prevalecer.
Peso de candidatos à Presidência nas eleições da Bahia
Eu tenho certeza de que quem vai decidir o próximo governador da Bahia vai ser a Bahia. Não vai chegar ninguém de fora para servir de muleta, de apoio, ou para influenciar a decisão dos baianos. Baiano é um povo altivo e independente, vai fazer sua escolha pensando no que é melhor para seu estado. Respeitamos todos os líderes, mas um uma eleição estadual, onde terão aí quatro, talvez cinco candidaturas, as pessoas vão ter a oportunidade de conhecer profundamente os candidatos para decidirem. É óbvio que a eleição estadual, por ser em conjunto com a eleição nacional, acaba de certa forma tendo um relacionamento. O cenário nacional ainda está muito indefinido. Não sabemos qual é o cenário que vai se confirmar, se é uma polarização entre o ex-presidente e o atual presidente, se vai se consolidar uma terceira via e haver uma polarização com o atual ou com o ex. Tem muita água para passar por baixo dessa ponte. Nove meses na política é muito tempo. O que ACM Neto tem dito claramente é que, independentemente de quem venha a ser o próximo presidente – e ele já mostrou isso, governando a cidade com presidentes de partidos contrários ao nosso – quando você faz o trabalho, faz o seu dever de casa, é possível fazer as transformações, e que ele terá a melhor relação institucional possível, inclusive também pode citar o exemplo dele quando na pandemia… O reconhecimento de todo o Brasil e da população do nosso estado, ele se aliou a Rui Costa para tomar as decisões que eram importantes para enfrentar a pandemia. Em nenhum momento a cidade foi penalizada pelo fato de o prefeito não ser do mesmo partido do governador. Pelo contrário, Salvador talvez tenha vivido o melhor momento da sua existência nessas circunstâncias políticas. Então, independentemente de quem venha a ser o próximo presidente da República escolhido pelos brasileiros, Neto sendo governador, eu tenho certeza de que entrará para a história, como entrou como melhor prefeito de Salvador, o melhor governador que a Bahia já teve.
Prioridades da Bahia para o próximo governador
Os grandes desafios do próximo governador, sem sombra de dúvidas, é a geração de emprego e renda, levar os empregos para os quatro cantos da Bahia; tirar a educação da última posição do IDEB do Brasil – infelizmente a Bahia enfrenta essa posição. Salvador já ostentou essa posição ano passado, mas nós mudamos essa realidade, e tudo isso tem impactos na segurança; nós somos um dos estados mais violentos do país, e efetivamente precisa ter uma ação mais enérgica para conter os programas de segurança que hoje o estado e a capital enfrentam. Eu colocaria isso aí como os três principais desafios que o próximo governador tem que se debruçar e arregaçar as mangas para mudar essa realidade”.
Rui Costa candidato a prefeito de Salvador em 2024? Assustaria?
Eu nem sei se eu serei candidato à reeleição. O problema da política é esse, é que as pessoas se elegem e estão pensando na eleição seguinte. Eu, não. Eu fico com as pessoas nas ruas, pensando nos seus problemas, ajudando a levar soluções. As pessoas nas ruas não estão nem pensando na eleição de 2022, que dirá na de 2024. Eu sempre digo que os resultados, o sucesso administrativo, ele tem as implicações no campo político. Então eu rezo, oro, trabalho muito para fazer uma grande gestão. O futuro está na mão de Deus. Eu me preocupo com meu trabalho, sou um cara que você não vê falar da vida dos outros, preocupado com a vida dos outros. Eu não perco tempo com os outros. Eu dedico meu tempo a fazer as coisas acontecerem, e o restante está na mão de Deus. O destino que ele me reservar… Eu procurarei dar o meu melhor para corresponder à expectativa de todos que confiaram na gente.
Rui Costa levou a definição sobre o carnaval para o campo político?
Nós tínhamos que ter tomado uma decisão para atender aos outros atores do carnaval até o final do mês de novembro. O que ocorreu próximo do mês de novembro? Os casos explodiram na Europa. Surgiu uma nova variante sul-africana, e isso impossibilitou que se tomasse uma decisão. Se tivéssemos que tomar uma decisão hoje, seria pela não realização do carnaval, principalmente agora, diante de um surto de Influenza. Então, essa reunião com o governador, neste momento, não faz nem sentido ter. Não foi por questão política. Não fiz esforço para que essa reunião acontecesse, e acho que, se ela tivesse ocorrido, seria inócua, porque se tivesse que tomar uma decisão, teria sido pelo cancelamento na data normal do carnaval. Muitos atores anunciaram a saída do carnaval, não vão se apresentar ano que vem. Muitos já mudaram de local. Quando for possível ter essa reunião para decidir algo, a gente vai ter que avaliar se vale a pena fazer o carnaval no molde tradicional, diante da saída de muitos dos seus atores, ou se é melhor fazer outras alternativas que estão sendo sugeridas, que a gente está recepcionando, está recebendo. Eu mantenho um diálogo permanente, eu consigo me colocar no lugar dessas pessoas e compreender a angústia que elas estão vivendo. Mas também peço que se coloquem no meu lugar como prefeito, que sempre o que norteou a gente foi colocar as vidas em primeiro lugar, foi garantir todas as conquistas que nós alcançamos com muito sacrifício até aqui. Então, quando tiver essa reunião com o governador – que eu espero que tenha, esse é meu desejo – para tomarmos essa decisão, que seja uma decisão em conjunto, diante do papel que a prefeitura tem e que o governo do Estado tem na realização do carnaval. Nós vamos avaliar se é possível fazer e sendo possível fazer o que é possível fazer, mas hoje, diante de tantos problemas em que estou debruçado, em que o governador está debruçado, e no cenário de indefinições e incertezas e de dúvidas, se fosse para tomar uma decisão, seria para não ter o carnaval. Então, é melhor, por mais que ela na prática represente não decidir (não decidir também é uma decisão), que muitos não possam mais se apresentar, que muitos tenham mudado sua estratégia e que isso possa até representar não ter mais o carnaval… Mas é o que nós temos para hoje, é o cenário de hoje, e dentro desse cenário, sem sombras de dúvidas, não decidir foi a melhor decisão.
Prefeitura e Estado cogitam diminuir o número de pessoas em festas e eventos diante deste cenário?
Sempre que a gente tem a oportunidade de ser consultado pelo governo do Estado, a gente expressa nossa opinião. Hoje, essas limitações em relação a público estão no decreto do governo. A prefeitura nunca entrou no objeto desta decisão. É óbvio que, pelo momento, nós temos que decidir com base no cenário atual. Então, no momento, o número que está aí permitido, até ampliando um pouco mais, é o que nós temos para hoje. Mas pode ser que após Réveillon, ainda mais com a chegada do verão, com a diminuição do número de casos, com o avanço da vacina, a gente possa ter a possibilidade de ampliar essas flexibilizações. Seja qual a for a decisão a ser tomada, a prefeitura sempre se coloca à disposição para ser ouvida e poder opinar, para poder dar a sua contribuição. Nós sempre queremos o melhor. Da minha parte, desde que me elegi, nunca politizamos qualquer decisão em relação a pandemia, tomamos até aqui todas as decisões juntos, em relação às medidas de isolamento social lá atrás, e depois em relação às medidas de flexibilização. E assim quero continuar até a gente se livrar dessa pandemia.
Bonfim e demais festas de largo
É uma grande preocupação. Nós temos aí na segunda quinta-feira de janeiro já a Lavagem do Bonfim; depois você tem 2 de fevereiro (Iemanjá). Como esses eventos têm uma simplicidade maior para sua organização, nós temos tempo para decidir qual é o formato ideal. Eu tenho sempre postergado ao máximo essas decisões para tomar elas com a maior segurança possível e sempre analisando cenários que estão colocados. Então, fatalmente, logo após o Réveillon nós vamos ter que uma decisão em relação à Lavagem do Bonfim, se ela poderá ocorrer nos moldes tradicionais ou não, e se não, que ajuste nós temos que fazer para que ela possa ocorrer.
Relação com o governador
Todas as vezes em que o governador me procurou para tratar, na prefeitura, de demandas que eram projetos do Estado, teve da minha parte o pronto e imediato atendimento. A orientação à minha equipe aqui é liberar, autorizar, cumprir as formalidade legais, mas dar toda a celeridade e agilidade a projetos e programas do governo. Não tenho o que me queixar também em relação aos projetos da prefeitura que dependem de autorização do Estado. Temos aí algumas parcerias em conjunto, como a clínica que a gente vai inaugurar, que o Estado construiu e a prefeitura vai operar, e estou aberto a novas parceiras. Eu me elegi para ser prefeito, para governar para toda a cidade, eu disse isso claramente, que tinha projetos e ações e que iria procurar o governo federal e que iria procurar o governo do Estado. Com o governo federal está aí a segunda etapa do BRT. Vamos, no dia 28 (deste mês) dar início a grande escola para os autistas com recursos federais; temos aí a Casa da Mulher Brasileira e Soteropolitana, que também é outra parceria que nós buscamos; com o governo do Estado têm aí as policlínicas. É esse o papel do prefeito. Ano que vem nós teremos o nosso posicionamento político, cada um seguirá o seu caminho. E o meu desejo é manter toda a cordialidade existente.
ACM Neto interfere na gestão de Bruno Reis?
Ele sempre disse, e eu também, que, quando saísse da prefeitura, iria virar a chave, e eu sempre disse que não abriria mão de quando tivesse que tomar as decisões mais complexas, de ouvir a sua opinião. Nas vezes em que Neto esteve nessa prefeitura ou que Neto esteve em alguma inauguração, foi a meu convite; as vezes em que ele deu alguma opinião foi quando eu solicitei, até pela experiência que ele tem, conhece muito bem a administração municipal e a cidade… Então não é interferência, é uma relação muito saudável de dois jovens políticos que começaram juntos a vida pública, que há mais de 22 anos percorrem esse estado e as ruas e vielas desta cidade. Sei que ele quer o meu melhor, e eu quero o melhor para ele, e o melhor para ele sempre será o que for melhor para a cidade. Não abro mão, quando necessário, de ouvi-lo, e infeliz de quem se acha sabedor de tudo, dono da razão, e que pode na solidão desse gabinete tomar suas decisões sozinho.
Relação com os vereadores
Eu quero agradecer à Câmara Municipal, em nome da cidade, por todo apoio que deu ao longo deste ano. Todas as matérias que nós enviamos foram aprovadas. Todas elas tiveram sugestões, alterações, foram aperfeiçoadas, mas foram aprovadas. Matérias que foram aprovadas em menos de 24 horas, diante da necessidade e da urgência. Então, a Câmara em nenhum momento faltou à cidade. Que pese eu seja muito amigo do presidente e da maioria dos vereadores, inclusive têm vereadores com quem tenho uma relação histórica, de mais de 25 anos de vida pública, iniciamos juntos na vida pública, a gente separa essa relação. É uma relação de muito respeito, de independência. Porém, nós temos que agradecer aos vereadores, que aprovaram matérias importantes esse ano para que a cidade continue avançando e para que a gente continue transformando a cidade.
Vice-prefeita na articulação política
Ana (Paula Matos) é uma pessoa que conheço há mais de 25 anos. Estudamos juntos, nos formamos juntos, temos uma trajetória na vida pública juntos. É muito bom você ter ao seu lado uma pessoa que tem uma história de vida junto com você. Em momentos difíceis que eu enfrentei ao longo desse ano, ela sempre esteve ao meu lado, me ajudando, tanto na gestão quanto na articulação política. Ela e outros colaboradores nossos, posto que nós fizemos em um novo governo, uma nova gestão, e que graças a Deus deram certo… Estou muito satisfeito com o desempenho da nossa equipe como um todo. É óbvio que durante a vida a gente vai podendo desenvolver determinadas habilidades. Muitos duvidavam até da minha capacidade de gestão, porque na maior parte da minha vida, minha maior experiência sempre foi no campo da articulação, por ter disputado eleições como deputado, como vice-prefeito, como prefeito. Hoje eu estou tendo a oportunidade de desenvolver tudo que eu aprendi, toda a experiência que eu adquiri, e podendo mostrar a minha capacidade como gestor. Também tive a oportunidade de desenvolver essas habilidades durante a minha trajetória na vida pública. Então, esse conjunto de experiências é que faz com que a cidade avance tanto, as que Ana adquiriu, as que eu adquiri, um ajudando o outro, seja na gestão, seja na articulação política, mas não tenham dúvidas de que eu estou muito feliz de poder ter Ana ao meu lado nesse um ano, um ano muito difícil, talvez o momento mais complicado da história da cidade, e a gente conseguiu passar e com o reconhecimento da população. Nas últimas pesquisas, a população avaliou muito bem o nosso trabalho, 82% de aprovação, e isso é o resultado de um trabalho de equipe, o envolvimento de todos, a dedicação de todos, todos nós que estamos à frente. Confesso a vocês que estou mais aliviado, mais tranquilo, mais seguro e confiante, porque também nas adversidades você aprende. Então, espero que esse tenha sido, esse ano, o pior ano da gestão, o ano do maior desafio, das maiores dificuldades, e com tudo que eu aprendi, pode ter certeza de que quem vai ganhar é a cidade nos próximos, anos porque a gente vai colocar toda a maturidade, experiência que a gente adquiriu para servir ainda melhor nossa cidade.
Um ano de governo. O que foi mais difícil?
Mais difícil, sem sombras de dúvidas, foi superar uma segunda onda da pandemia com uma intensidade mais forte do que a primeira, onde tivemos que dar respostas imediatas, principalmente para evitar que ocorresse um colapso no sistema de saúde. Então, abrimos mais leitos de enfermaria e de UTI do que tínhamos em 2020; mantivemos todos os programas sociais; tivemos a capacidade de dar um conjunto de estímulos e incentivos à iniciativa privada para retomar as atividades. Agora estamos enfrentando os efeitos colaterais da pandemia, seja na área social (com milhares de famílias que perderam renda, algumas estão em situação de rua e outras passando dificuldade, estão tendo o apoio da prefeitura); nossa rede municipal, que recebeu só esse ano mais de 20 mil crianças; diversos procedimentos na área da saúde, como cirurgias eletivas, exames e consultas especializadas – nós tivemos que investir em recursos na rede privada para ampliar a oferta desse serviço, inclusive com nossos multicentros no fim de semana. As respostas a toda essa pressão que existe… e acho que nós conseguimos fazer o que tinha que ser feito… Mesmo recebendo menos recursos do que foram repassados no ano passado para o enfrentamento da pandemia, conseguimos poupar. Estamos hoje com as contas em dia. Temos capacidade de dar respostas a outros problemas que surgem, a exemplo das fortes chuvas. Esse ano é o ano que mais chove na nossa cidade, inclusive estamos no mês de dezembro e as chuvas não param. Estamos agora dando enfrentamento a um surto da influenza, mantendo uma campanha de vacinação que é das mais eficientes do Brasil. Então, passamos por tudo isso sem parar nenhum programa, nenhum projeto, nenhuma obra, nenhuma iniciativa, garantindo todas as conquistas que nós alcançamos nos últimas oito anos, só que trazendo novos projetos, novas ideias, novas ações e ainda enfrentando problemas históricos, como um problema de todos os municípios brasileiros, que é a questão do transporte público. Se o pessoal em Brasília não voltar a atenção para esse assunto, vão trazer grandes problemas em 2022, por conta da necessidade de reajuste da tarifa. Os insumos necessários para o funcionamento do transporte aumentaram muito. Então conseguimos dar respostas a esses grandes problemas e planejamos a cidade. A cidade está planejada para os próximos anos e tenho certeza de que vamos fazer grandes entregas, tirar do papel novos sonhos, seguir transformando a nossa cidade.
Reajuste na tarifa de ônibus
Esse aumento está previsto no contrato. Como no ano passado foi dado (o reajuste) no mês de maio, nós temos até lá (maio de 2022) para tomar essa decisão. É fato que, quanto mais tarde ela for tomada, maior pode ser o impacto na tarifa. A gente espera até lá que nós, prefeitos do Brasil, possamos conseguir apoio federal para evitar que ocorra em 2021 o que ocorreu lá em 2013, quando teve aquele aumento de 20 centavos, e em São Paulo e em todo o Brasil ocorreram milhares de manifestações diante da dificuldade da população de pagar pelo transporte público. Estou agora no final do ano pagando o desequilíbrio da pandemia e condicionando a antecipação da renovação da frota. Vamos renovar mais 10% da frota no ano que vem, até o mês de abril, com ar condicionado, e vamos inclusive comparar ônibus elétricos. Parte da frota do BRT será elétrica. Essa é uma exigência nossa para reconhecer os créditos do desequilíbrio da pandemia e seguir oferecendo uma frota da melhor qualidade para a cidade. Agora, precisa ter uma solução para o transporte público, e nós esperamos sensibilizar o governo federal para que possa ajudar os prefeitos. Os prefeitos não têm condições de subsidiar o transporte. É necessário esse apoio (do governo federal). A proposta dos prefeitos é que possa ser dado um subsídio para compensar a gratuidade dos idosos e das pessoas com deficiência. A previsão para Salvador vem algo em torno de 64 milhões, se essa proposta for aceita. Isso representa quase 10% do faturamento do sistema. Isso permitiria que, se tivesse aumento, o aumento não fosse elevado na tarifa do transporte no ano que vem.
Contas no azul
Com certeza, vamos fechar o ano no azul, mas com aperto. Vamos honrar todos os compromissos com os fornecedores e servidores, mas não podemos vislumbrar um cenário de folga para 2022, até porque não sabemos até quando vai durar a pandemia. Estamos sofrendo agora os efeitos colaterais. São 800 mil pessoas que vieram para o sistema de saúde municipal; 20 mil crianças para nossa rede de educação; milhares de famílias que estão desempregadas. A gente está precisando ampliar a nossa rede de proteção social, são necessários investimentos. A pandemia consumiu 1 bilhão e 200 milhões de reais dos cofres públicos municipais. Foram muitos recursos. A gente consegue fechar o ano com a conta equilibrada, mas precisamos começar 2022 segurando as despesas com o pé no chão, até porque agora, reativando gripários, ampliando a campanha de vacinação, tendo que adotar uma série de medidas para combater a influenza, todas essas iniciativas consomem recursos públicos, que são escassos. Mas graças a Deus, hoje nós temos condições de investir. Eu poderia estar aqui me lamentando, dizendo que não tinha dinheiro para isso, que não tinha dinheiro para aquilo. As pessoas até iriam entender, porque a pandemia efetivamente consumiu muitos recursos, mas não. Nós temos dinheiro para fazer o que precisa ser feito, manter os níveis de serviço que a cidade tem, e dar respostas para eventualidades, como é o caso agora do enfrentamento da influenza.
Autoavaliação
Eu prefiro ficar com a nota que a população me deu: 8,2. Então, vou trabalhar muito, vou dar o meu melhor. Eu antes tinha um sonho, que era ser prefeito. Qual é meu sonho agora? É ser um grande prefeito. Digo sempre quando encontro as pessoas nas ruas, nos eventos que a gente faz, peço que orem por mim, que rezem por mim. Quanto melhor for o desempenho do prefeito, melhor para todo mundo, melhor para a imprensa, melhor para o futebol, melhor para as pessoas mais carentes, melhor para o conjunto da nossa cidade. Eu tenho procurado dar o meu melhor. Cheguei onde cheguei, saí de onde saí por acreditar muito no trabalho, e esse foi um ano de muito trabalho, um de ano de ultrapassar limites. Chegar aonde a gente imaginava que era impossível, quebrar paradigmas, e digo a vocês que chego hoje com a sensação de dever cumprido, que dei o meu melhor, e assim será nos próximos três anos. Espero que esse reconhecimento da população possa ser cada vez maior, reconhecimento ao trabalho que a gente está fazendo e que pode vir a fazer. Não é bom começar com nota 10. É bom começar crescendo, sempre podendo melhorar cada vez mais, e a gente melhorando cada vez mais, quem vai ganhar com isso é a nossa cidade.
Mensagem ao povo de Salvador
Mesmo com a pandemia, nós conseguimos esse ano fazer grandes entregas. Entregamos novas avenidas requalificadas, como a Adhemar de Barros; equipamentos importantes como o Museu Cidade da Música; vamos colocar para funcionar, depois de 60 anos, o elevador do Taboão; pela primeira vez na história da prefeitura, existe um empréstimo com dinheiro fácil. Depois de dois dias de lançamos o aplicativo, as pessoas já estão recebendo dinheiro. Nenhum banco privado empresta dinheiro com menos de 30 a 40 dias. Uma série de ações na área social. Mais de R$ 300 milhões investidos na área de recuperação e na construção de prédios escolares. Nos próximos anos, todas as grandes entregas ocorrerão, como a conclusão do BRT; as obras complementares do BRT, como a trincheira da Magalhães Neto; a ponte Camarajipe e novos viadutos; novos trechos de orla, como Stella Maris, Praia do Flamengo e Ipitanga, Boca do Rio, Piatã; polo de economia criativa, arquivo da cidade, projetos sociais impactantes, como o Vida Nova e o Bairro Novo; ampliação do sistema de saúde… Podem ter certeza: a cidade está planejada. Nós sabemos aonde vamos chegar em 2024, os recursos estão assegurados, com operações de crédito que nós contratamos esse ano e com outras que a Câmara já autorizou com recursos próprios. Todos os programas e projetos têm uma fonte de recursos já asseguradas. Nós estamos fazendo esses projetos, tirando eles do papel. Vamos seguir realizando novos sonhos, sonhos grandiosos, projetos até maiores do que o que nós fizemos até aqui, até porque hoje essa prefeitura está em outro patamar. E olhe, fazendo um parêntese, se não fosse a pandemia, nós poderíamos ter ido muito mais além. Não acontecendo nenhum fato super inconveniente, nenhum fato de força maior, as bases estão montadas, a cidade está planejada para, nesses próximos quatro anos, a gente poder ter grandes transformações, e eu, com certeza, poder entregar uma cidade ainda muito melhor do que a que recebi.
Fernanda Sobral colaborou
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