Publicado em 13/05/2016 às 18h18.

Concha Acústica é reaberta com show para convidados

Os ingressos foram distribuídos entre instituições assistenciais, com prioridade para um público que não tem condições de frequentar espaços culturais de Salvador

Ivana Braga
Foto: Albertto Coutinho/GOVBA
Foto: Albertto Coutinho/GOVBA

 

Hoje é sexta-feira (13), mas para o cenário cultural de Salvador, não é dia de azar, pelo contrário, é dia de comemorar em grande estilo a volta ao palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves de shows memoráveis que marcaram a história deste espaço, por onde passaram grandes nomes da música brasileira, espetáculos inesquecíveis e um público que não se cansa de cantar e dançar na Terra de Todos os Santos e todos os cantos.

Como disse o cantor Gerônimo, a “Concha Acústica é D’Oxum, de todos os orixás”. Mas, se o cantor permite o acréscimo, é também de todos os baianos, de todos os artistas, do mundo! Fechada desde 2013, quando entrou em reforma, sua reinauguração preenche uma lacuna aberta no cenário cultural de Salvador, órfão de espaços capazes de abrigar grandes espetáculos durante os mais de dois anos de duração das obras de requalificação da Concha.

Patrocinada pelo governo do Estado, a reforma consumiu cerca de R$ 80 milhões e um aporte de R$ 10 milhões do Ministério da Cultura (Minc). A Concha, totalmente requalificada, ganhou novas estruturas, e será reaberta nesta sexta-feira, às 19h, apenas para convidados. Noventa por cento dos ingressos foram distribuídos entre instituições assistenciais, como as Obras Sociais Irmã Dulce, Hospital Martagão Gesteira, Hospital Aristides Maltez, Projeto Axé, Neojiba, Ilê Aiyê e Olodum.

Jovens das Bases Comunitárias de Segurança da capital baiana e operários da obra da Concha também foram contemplados com a ação. A iniciativa buscou priorizar a participação de um público que não tem condições de frequentar a maioria dos equipamentos culturais de Salvador,

A reabertura conta com uma programação de shows que relembra os tempos áureos desse que se caracterizou como um dos palcos mais democráticos e tolerantes do cenário cultural baiano, por onde passaram artistas como João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Margareth Menezes, Novos Baianos, Titãs, Luís Melodia, e por aí segue a interminável lista de nomes que marcaram a história da música brasileira.

Foto: Albertto Coutinho/GOVBA
Foto: Albertto Coutinho/GOVBA

 

Programação – Mais de 25 atrações, entre grandes músicos e diversas linguagens artísticas, vão se reversar no palco da Concha nos três dias de celebração da sua reintegração ao cenário cultural da Bahia, comemorado com a realização do festival “Eu Sou a Concha”, com direção artística de Elísio Lopes Jr., e patrocínio da Coelba, Água de Coco Obrigado e Banco do Brasil (BB).

A eterna Maria Bethânia abre a programação num encontro especial com a cantora Margareth Menezes, recordista de apresentações na Concha Acústica. O espetáculo cênico-musical Kindembu, que traz no palco a linguagem e a relevância do Afoxé Filhos de Gandhy, Cortejo Afro, Ilê Aiyê, Malê Debalê e Muzenza, em diálogo criativo com músicos da nova geração, além da participação do grupo Olodum, completa o primeiro dia de comemoração.

No sábado (14), o irreverente Carlinhos Brown convida Lazzo Matumbi e, em seguida, o grupo Baiana System propõe um diálogo musical com o cantor Ney Matogrosso. Um encontro histórico dos Novos Baianos: Baby do Brasil, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor, que voltam a se reunir para um show baseado no repertório do emblemático disco “Acabou Chorare”, encerra a programação de reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Nos três dias do festival, as apresentações musicais serão entremeadas por intervenções cênicas que devem envolver a área da Concha Acústica como um todo, misturando performances de dança, efeitos cênicos, música e audiovisual.

Foto: Albertto Coutinho/GOVBA
Foto: Albertto Coutinho/GOVBA

 

Requalificação – Espaço ao ar livre, em formato de semi-arena, a Concha Acústica integra o complexo do Teatro Castro Alves (TCA), equipamento dedicado à música, dança e artes cênicas, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan). O projeto arquitetônico do TCA foi executado pelo arquiteto José Bina Fonyat Filho, com a colaboração do engenheiro Humberto Lemos Lopes, durante o governo Régis Pacheco. O edifício guarda em sua forma arquitetônica uma série de elementos que lhe garantiram destaque na arquitetura brasileira do século XX.

A reabertura da Concha Acústica marca a conclusão da primeira fase do projeto novo TCA, que prevê a ampliação e a requalificação de todo o complexo composto de Sala Principal, com capacidade para 1,5 mil pessoas,  Sala do Coro, que comporta até 201 espectadores; e a Concha Acústica, com capacidade de público de pelo menos 5,6 pessoas. Mas, segundo depoimento do cantor Paulinho Boca de Cantor, 69, no auge do sucesso dos Novos Baianos, nos anos 70, a banda chegou a levar oito mil pessoas à Concha.

De acordo com a direção do TCA, a requalificação do espaço nesses novos moldes possibilitará não só aos espectadores, mas também aos artistas, uma experiência diferenciada. As intervenções foram preservados os aspectos arquitetônicos que marca o equipamento, a exemplo da arquibancada e o ‘diamante’, como é chamada a estrutura do palco, estruturas originais dos anos 50, tombadas nacionalmente como arquitetura moderna.
Requalificação e Ampliação

Na reforma, além de toda modernização, características originais foram mantidas, como o formato semi-arena ao ar livre. As arquibancadas foram recuperadas dando mais conforto ao público. Camarotes e camarins foram construídos e uma nova cobertura – que ganhou o nome de passarela técnica, por seu formato plano e de fácil acesso – foi implantada. Novas instalações também foram construídas: uma casa de máquinas e um estacionamento de cinco pavimentos capaz de abrigar até 300 carros.

Vencedor de um concurso público nacional realizado em 2009/2010, o Estúdio América/SP atuou com foco na preservação dos valores arquitetônicos originais do TCA. O projeto contemplou dois tempos — o antigo e o novo —, respaldando o espaço como um importante patrimônio nacional que, apesar de beirar os 50 anos de existência (a serem celebrados em 2017), preserva sua aura contemporânea e encanta pela sua arquitetura ousada e destacada nacional e internacionalmente.

Foto: Albertto Coutinho/GOVBA
Foto: Alberto Coutinho/GOVBA

 

Programação: 

Sexta-feira (13) – 18h
Abertura: Micro-espetáculos com BTCA e OSBA
Apresentações:  Maria Bethânia com participação especial de Margareth Menezes
– Espetáculo cênico-musical Kindembu – Afoxé Filhos de Gandhy convida Pedro Pondé, Cortejo Afro convida Márcia Castro, Ilê Aiyê convida Dão, Malê Debalê convida Larissa Luz, Muzenza convida Ellen Oléria, além da participação do Olodum.
Evento é só para convidados (instituições, artistas, operários da obra da Concha)

Sábado (14) – 18h
Abertura: Micro-espetáculos com BTCA e OSBA
Apresentações: – Carlinhos Brown com participação especial de Lazzo
– BaianaSystem com participação especial de Ney Matogrosso

Domingo (15) – 19h

Abertura: Micro-espetáculos com BTCA e OSBA

Apresentações: Show de Novos Baianos – “Acabou Chorare”

Os ingressos custam R$ 60,00 inteira – R$ 30,00 meia. para este show foram colocados à venda em conformidade com a Lei Federal 12.933/2013. Portanto, a concessão do direito ao benefício da meia-entrada foi assegurada em 40% (quarenta por cento) do total dos ingressos disponíveis para o evento.

Marca do Governo da Bahia 2016

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