Publicado em 13/06/2024 às 17h52.

Ibovespa fecha no vermelho mesmo após Lula, Haddad e Tebet reduzirem fervura política

Membros do governo buscaram reduzir temperatura vinda de Brasília, após ataques contra ministro da Fazenda

Redação
Foto: Pixabay

 

Após a avalanche vista ontem, com notícias de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estava sendo alvo de ataques vindos do próprio governo, as coisas parecem ter se acalmado. Esse arrefecimento nos ânimos, porém, teve um efeito positivo na Bolsa brasileira, que viu seu principal índice, o Ibovespa (IBOV), termina com queda de 0,31%, aos 119.568 pontos, retração de 367 pontos. É pouco, mas diante do cenário aterrador de ontem, é um alívio. O dólar comercial também respirou aliviado, com baixa de 0,73%, a R$ 5,36, de acordo com informações do portal InfoMoney.

O vice-presidente da República (e Presidente em Exercício), Geraldo Alckmin, entende que a elevação do dólar é transitória, porque o país tem bases sólidas e compromisso fiscal. O presidente evitou, no entanto, citar um “câmbio ideal” para o Brasil. Ele tem confiança na queda da moeda norte-americana.

E também ressaltou o compromisso do governo com o fiscal, que é o que vem mais tirando o sono dos investidores por aqui. “Quero destacar o compromisso absoluto do presidente Lula com questão fiscal”, disse.

Mas a questão política permanece incomodando e segurando o Ibovespa, observa Raony Rosseti, CEO e fundador da Melver. “O Ibovespa tem passado por efeitos tóxicos de Brasília. O que mexe é a política. A tentativa de o ministro Fernando Haddad de seguir com a medida provisória que limita o uso de PIS/Cofins é uma ideia ruim, que prejudica todo o empresariado. Repercutiu mal e também não foi bem-vista a derrubada da MP pelo Congresso, o que sugeriu descumprimento fiscal. Indica insegurança jurídica e enfraquecimento do ministro da Fazenda”, pontuou.

A situação faz os analistas enxergarem outros pontos de suporte gráfico para o Ibovespa. “Nos últimos dias, o Ibovespa tem seguido tendência de baixa, e pode continuar com fôlego nas vendas caso rompa a faixa de 119.780 pontos”, disse o analista técnico Rodrigo Paz, reforçando que, abaixo desse patamar, poderia buscar suportes, inicialmente, nos 119.000 a 118.500 pontos, e no alvo mais longo em 118.000 pontos.

Welliam Wang, gestor de renda variável da AZ Quest, corrobora com a ideia de que o fiscal tem sido limitador a um avanço do Ibovespa recentemente, além da incerta com a política monetária americana. “O mercado tem muita incerteza quanto ao que será o orçamento para o ano que vem dada a sua rigidez. Acabou provando-se muito desafiador”, disse Wang.

Como diz o ditado, quem tem nervo tem medo e quem tem cabeça tem prudência. Ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), Haddad disse esperar que, até o final de junho, já haja uma “clareza” da peça orçamentária do próximo ano no que diz respeito ao aspecto das despesas. “E começamos aqui a discutir também 2025, a agenda de gastos, equipe já está montada, o que pedimos foi intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho possamos ter clareza do orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país, então vamos manter ritmo mais intenso de trabalho neste mês”, disse.

O Ibovespa, que caiu mais de 0,40%, devolveu rapidamente as perdas e passou a oscilar, mas subiu forte.

O presidente Lula até tentou ajudar. Lá de Genebra, na Suíça, elogiou seu ministro. “Não tem nada com o Haddad. Ele é extraordinário ministro, não sei qual é a pressão contra o Haddad. Todo ministro da Fazenda, desde que eu me conheço por gente, vira o centro dos debates, quando a coisa dá certo e quando a coisa não dá certo”.

Os panos quentes na questão contribuiu para apaziguar as coisas nos negócios em São Paulo, mas não o suficiente. Mas era a política tentando fazer a sua parte. “O Senado também divulga que prepara novo projeto para compensação das receitas da desonaração”, disse Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.

“Tem uma tentativa de entendimento no Senado, na Câmara dos Deputados e na Receita Federal para buscar novas fontes de receita. Pacheco (presidente do Congresso) sugeriu algumas que a Fazenda tem recusado por entender que elas não atendem como fontes perenes”, disse Paulo Gama, head de análise política da XP no Morning Call da XP de hoje.

Lá fora, as bolsas da Europa fecharam em baixa, reagindo às sinalizações do Federal Reserve que vieram depois que os mercados no continente já estavam sem operação na sessão anterior. A autoridade indicou que deverá cortar juros apenas uma vez neste ano, o que pressionou os ativos, que vinham de impulso com os dados da inflação americana.

Além disso, as constantes declarações de dirigentes do BCE pregando cautela sobre novos cortes de taxa contribuem para a pressão nas ações. Wall Street fechou mais um dia misto, com o Dow Jones no vermelho e Nasdaq e S&P 500 no azul, em dia de mais um dado promissor sobre o mercado de trabalho (promissor para os auspícios do Fed, claro). Tudo como ontem, na mesma linha das preocupações na Europa.

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