Terror na França: baiano residente em Paris fala do 14 de julho
Ator Sérgio Guedes mora a 700km de Nice e recebeu as primeiras informações sobre a tragédia de amigos que moram no Brasil
Nem bem havia ainda se recuperado do trauma daquela fatídica sexta-feira 13, de novembro do ano passado, a França volta ser impactada pelo terror. Possivelmente não por acaso, mais uma vez, em uma data emblemática: o 14 de julho, dia em que os franceses comemoram a Queda da Bastilha, símbolo da derrocada da monarquia e marco do início da Revolução Francesa.
E foi em meio à alegria descontraída do feriado maior do país e ao espoucar de fogos de artifício, que a França voltou a se cobrir de sangue e lágrimas, nesta quinta-feira (14). Já são 84 os mortos e o número pode subir, dada a gravidade dos ferimentos dos sobreviventes. Morador de Paris, há mais de 20 anos, o ator baiano Sérgio Guedes, de 59 anos, conta com exclusividade para o bahia.ba como os franceses estão vivendo este momento de luto e dor. Confira o emocionado depoimento.
“Ataque a Nice: luto em dia de festa
Não, Nice não é o coração da França. Está a 700 km daqui de Paris. Mas o “14 juillet” é a alma e a identidade deste país!
Ontem, jantei com amigos brasileiros que haviam participado do baile do 14 de Julho num dos 41 quartéis do Corpo de Bombeiros da Região Metropolitana de Paris, que nesta ocasião abrem suas portas a toda vizinhança, para festejar dançando, comendo e bebendo, a festa nacional. Ressaca boa!
Cheguei em casa às 11 da noite, pensando em ler e dormir, quando veio do Brasil a notícia do “possível atentado”. Havia dúvida.
Procurei na imprensa online e eram 10 vítimas, àquela altura, alguns feridos. Fiquei pensando que talvez um caminhoneiro tivesse perdido o controle e feito besteira ao volante. Horas depois, acordado, pelas 5h da manhã, fui olhar o que se dizia e descobri o sumo horror e o que será por anos a tragédia de mais de 200 famílias, que, entre mortos e feridos, terão de conviver com essa terrível lembrança!
Estávamos ontem às vésperas de uma suspensão do estado de emergência, decretado anteriormente quando do atentado ao Bataclã. Despertamos hoje com algo ainda mais insólito: à beira-mar de Nice – coalhada de gente que passeava ao pôr do sol tardio de verão – famílias, crianças, idosos foram ceifados literalmente por um caminhão peso-pesado que fez, pelo menos, dois quilômetros, com velocidade e determinação, um desvio pela calçada larga e populosa, cometendo um atentado inédito.
Hoje, entre as pessoas que encontrei, cruzei, falei, ninguém explicou melhor o estupor do que o jornalista que fez a comparação entre os complicados atentados com carros-bombas, que devem ser preparados e instalados com antecedência estratégica; os arriscados homem e mulher-bomba que devem ser muito bem doutrinados, anonimados pelas vestimentas e atitudes, acalmados antes do start e que, desta vez, foi o aluguel um caminhão, a falsificação de credenciais com o brasão da prefeitura, talvez passar por barreiras de polícia…Foi muito fácil atingir a França no seu coração revolucionário, na festa dos “Droits de l’Homme et du Citoyen” na sua forma mais popular e autêntica, e a carnavalesca cidade de Nice, no seu lazer mais corriqueiro: o passeio do fim de tarde!
Nesta sexta-feira, dia útil, muita gente só descobriu o ocorrido pela manhã, no ‘petit déjeuner’, no trabalho, na padaria, no jornaleiro, no metrô, rádio, televisão, ou, como eu, por informações de parentes e amigos, que estão distante, mas solidários, tristes, preocupados.
Resistir! Lutar! e, como preconizam intelectuais e formadores de opinião que conheço e que assim me surpreendem: intensificar a guerra aos grupos, “estados”, agremiações terroristas pelo mundo afora!
“Si vis pacem, para bellum”. Se quer a paz, prepare a guerra.”
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