Overclean: Lobista operava no direcionamento de emendas para obras de estradas na Bahia

A Polícia Federal encontrou indícios de que o empresário Gabriel Mascarenhas Figueiredo Sobral, alvo da Operação Overclean, atuou como lobista para liberar emendas e convênios dentro do Ministério do Desenvolvimento Regional e ao Ministério da Agricultura e Pecuária. A informação foi veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo a reportagem, a Polícia Federal encontrou diálogos em que o Gabriel Sobral tratou sobre propostas para a recuperação e pavimentação de estradas em municípios na Bahia, no Ceará e em Pernambuco. Em uma conversa, Sobral escreve: “MDR ok. Quando puder, ligue”. De acordo com a investigação, o interlocutor teria sido o empresário Alex Parente, dono da Allpha Pavimentações.

Tanto Sobral quanto as pastas citadas negam a versão da Overclean. As investigação mira desvios de cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de contratos fraudulentos e obras superfaturadas em esquema liderado pelo empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo.

De acordo com o Estado de S. Paulo, as propostas supostamente pleiteadas por Sobral no Ministério do Desenvolvimento Regional somam quase R$ 50 milhões e aparecem nos documentos trocados como “em execução” ou “em análise”. Os convênios de interesse no Ministério da Agricultura, que alcançavam mais de R$ 70 milhões, não foram aprovados.

A PF, por sua vez, diz que houve uma “atuação deliberada” do empresário para “beneficiar as empresas vinculadas ao grupo criminoso”.

Ao analisar as movimentações financeiras de Sobral e de suas empresas, a MBS Consultoria Imobiliária e a Upgreen Soluções Renováveis, a PF identificou padrões suspeitos, como depósitos fracionados e movimentações incompatíveis com a renda do empresário e com o faturamento das companhias. Segundo a PF, ele também usou o motorista particular como laranja para lavar dinheiro.

Gabriel Sobral é casado com a advogada Evellin Paesante Siqueira, que foi assessora parlamentar do senador Rogério Carvalho (PT-SE), entre janeiro de 2021 e março de 2024. O senador não é alvo da investigação. A PF concluiu que não há ” indícios de participação de parlamentar federal nas ações ilícitas”.

Procurado, o empresário afirmou ter atuação voltada exclusivamente ao setor privado e disse que nenhum dos contratos mencionados nos autos foi executado, “tendo sido ou rejeitados ou arquivados”.

O inquérito da Overclean foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que tem foro privilegiado, foi citado.