Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Impeachment é certo. E nós, como ficamos?
Seja como for, é um beco sem saída. Nem Temer, sem carisma e fazendo maldades, consegue fazer o povo ter saudade de Dilma
Frase da vez
“O demônio não soube o que fez quando criou o homem político; enganou-se, por isso, a si próprio”.
William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês (1554-1616)
Michel Temer está em vias de carimbar o passaporte para a sua estabilização na Presidência. Em Brasília, dá-se como certo que em torno de 60 ou no mínimo 59 senadores votam a favor do impeachment.
Ninguém acredita numa reversão. Só Dilma, talvez. Ademais, o time de Temer faz questão de acelerar, preferencialmente já, para pegar o calor da Olimpíada, o que pode significar bons abatimentos de problemas nas ruas.
Até agora Michel Temer só distribuiu bondades. Pensou mais em si do que no país, tal e qual Dilma em 2013, quando deixou de dar remédios amargos para conter a crise eminente, pensando na reeleição. E os acenos que ele fez não são bons. Dois deles: congelar recursos para a saúde e a educação.
Ora, os hospitais filantrópicos estão à beira da falência. Desde 2014, a tabela do SUS não é reajustada e o quadro só se agrava.
Os petistas dizem que agora Temer vai demonstrar sua verdadeira faceta, suprimindo recursos da área social para atender aos tubarões do capitalismo (como se eles não tivessem atendido). Disso esperam tirar proveito político. O povo vai sofrer.
Os governistas dizem que os remédios amargos terão que ser dados, ainda mais que Temer não é candidato a reeleição e pode fazê-lo sem relambórios para vislumbrar dias melhores, tirando a economia do buraco, o almejado alvo maior.
Seja como for, é um beco sem saída. Nem Temer, sem carisma e fazendo maldades, consegue fazer o povo ter saudade de Dilma. Que jeito?
A PEC do soldado
O deputado Adolfo Menezes (PSD) conseguiu ontem na Assembleia produzir um milagre e quebrar um tabu.
O milagre: reunir 38 deputados em plenário nestes tempos de pré-campanha eleitoral em que a maioria bate o ponto e vai embora.
O tabu: aprovou um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de autoria dele que permite aos policiais militares ter um segundo emprego, desde que não exceda 20 horas semanais, o que até agora era proibido (exceto para atuar como professor).
É tabu porque os policiais não podiam, mas faziam, todos sabiam, mas fingiam que não viam, e tolerava-se.
O projeto foi amplamente negociado, inclusive pelos comandos da PM e da Polícia Civil.
Como a iniciativa foi da Assembleia, nem precisa sanção governamental. Basta o presidente Marcelo Nilo (PSL) promulgar.
Cala a boca, Susana 1
A atriz Susana Vieira conseguiu um milagre, o de unir o nordeste num tom de indignação, não pela ofensa, mas pela vastidão da sua ignorância.
Ao visitar o juiz Sérgio Moro em Curitiba, ela disse:
— Eu acho que as pessoas do norte e do nordeste não têm conhecimento do que está sendo feito aqui [na Justiça Federal, em Curitiba]. Tem que espalhar isso para o Brasil.
Mostrou preconceito e ignorância. Como se no norte e nordeste não houvesse televisão, internet e ninguém lesse jornais.
Cala a boca, Susana 2
Em 2010, quando foi à Nova Jerusalém gravar para a Globo no papel de Maria, a mãe de Jesus, Susana já criou outra polêmica ao dizer que Jesus não era filho de Deus.
– Ele era filho de José e Maria. Depois que disseram que era filho de Deus.
Ganhou uma briga com católicos, protestantes e etc.
Pelo que se vê, Susana só abre bem a boca para falar decoreba. Quando sai do cérebro dela, é uma tragédia.
O Doido em cena
Com o título Doido por Salvador, o deputado Sargento Isidório (PDT) já tem pronto o jingle que vai usar como candidato a prefeito da capital baiana. A letra diz:
Agora é a vez do Doido
O Doido quer casar com a massa
É melhor ser doido do que ser ladrão.
Isidório diz que é um remake da primeira campanha dele, em 2002, quando se candidatou a prefeito de Candeias. A letra dizia:
Vote no Doido meu irmão
Ele vai baixar o preço do gás
E também o preço do pão
Mas se nada disso ele fizer
É melhor votar em doido
Do que votar em ladrão.
Neto na mira
Aliás, Isidório diz que o nome “doido” foi arranjado pelo próprio ACM Neto, justamente em 2002.
Em um comício em Candeias, junto com Júnior Magalhães, filho da ex-prefeita Tonha Magalhães, Neto o teria chamado de “Sargentinho” e de “Doido”. Ele adotou.
Isidório diz que agora vai mostrar a Neto do que um doido beleza é capaz.
Cajado na Funasa
O deputado José Carlos Aleluia perdeu a disputa que travou com o colega do DEM, Cláudio Cajado, pelo comando da Funasa na Bahia.
Aleluia queria o ex-deputado Heraldo Rocha e Cajado, a mulher dele, Andrea Xavier.
O Diário Oficial da União de hoje sai com a nomeação de Andrea.
Ficou mal para os oposicionistas baianos. Com tanta gente qualificada, colocar a própria mulher. É dose…
Para Heraldo, ficaria o Dnocs. Mas ele declinou.
Rebuliço em Jequié
A conturbada política de Jequié sofreu nova reviravolta ontem. A prefeita Tânia Brito (PP), afastada em maio, retornou ao cargo depois que a presidente do TJ, Maria do Socorro, reformulou a decisão dela própria. Com isso, o vice-prefeito Sérgio da Gameleira (PSB), candidato de ponta, sofreu um baque.
Lá há outros cinco candidatos: Eduardo Barbosa (PP), Tadeu Cafezeiro (PDT), Marcos Ferreira (PSOL), Paulo Vasconcelos (PTC) e Fernando Vieira (PV), mas a disputa é entre Sérgio, Eduardo e Tadeu.
Aliás, Tadeu tem as bênçãos da primeira dama da Bahia, Aline Costa, filha da terra, que o lançou.
Louvor sem álcool
E por falar em Jequié, o bispo diocesano, Dom José Ruy, pregou, numa das suas homílias, o fim da venda de bebidas alcoólicas na festa de Santo Antônio, o padroeiro da cidade.
A ideia bateu mal. Barraqueiros dizem que assim a festa acaba.
Questão federal
Diva Santana e Magdala Duarte, militantes do grupo Tortura Nunca Mais na Bahia, entraram com uma ação popular na justiça federal tentando derrubar a decisão do secretário nacional de Segurança, Celso Perioli, que proíbe o uso de camisetas tipo Fora Temer nos jogos do Rio.
Elas dizem que a decisão extrapola os limites da proibição de manifestações.
Olho no Velho Chico
Daniel Azeredo Avelino, procurador da República que atua no Pará, disse ontem no encontro do MPF com o Comitê da Bacia do São Francisco, na sede do MPF em Salvador, que a experiência de controle ambiental na região amazônica pode ser adotada no São Francisco.
A base é o uso de imagens de satélite.
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