Publicado em 29/04/2025 às 09h41.

Wagner avalia projeto que reduz penas do 8/1 como ‘ótimo’, caso não inclua os mandantes

Os presidentes da Câmara e do Senado negociam o esboço do projeto com o STF, diz colunista

Redação
Foto: Jorge Jesus/bahia.ba

 

O líder do governo federal no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou nesta terça-feira (29) achar “ótimo” um eventual projeto de lei que diminua as penas para os condenados dos ataques de 8 de janeiro de 2023, desde que não haja anistia, nem benefício, para os mandantes e financiadores dos ataques.

“Eu acho ótimo, desde que não se fale em anistia para mandantes e financiadores do crime. E não estou olhando para o Bolsonaro, que já está inelegível e, se depender de mim, pode ser candidato porque não me incomoda”, disse Wagner, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Segundo a reportagem, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negociam com o Supremo Tribunal Federal (STF), uma lei para diminuir as penas de parte dos condenados, aumentando assim a punição para os líderes. As informações são da colunista Mônica Bergamo.

Para o senador, a movimentação de Alcolumbre e Motta é preocupante por “distensionar” a relação do Congresso Nacional com o STF. Wagner também negou envolvimento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas negociações e afirma desconhecer “o texto de eventual projeto que esteja por vir”.

“O Planalto não está à frente do assunto. A posição —não diria nem que é Planalto, mas de quem zela pela democracia— é de não concordar com uma anistia. Quem está pressionado? O Parlamento, para votar a anistia. E a votação é para comprar uma briga com o STF, não com o Planalto. Não é o Planalto quem está condenando ninguém.”

Ainda segundo a reportagem, o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem negociado a redação do texto, de acordo com relatos, por ser advogado e ter presidido o Congresso durante os ataques.

Autoridades a par da articulação afirmam que o projeto de lei é uma forma de enterrar a ideia de perdão às pessoas envolvidas, esvaziando assim o argumento de bolsonaristas de que as penas aplicadas pelo STF têm sido desproporcionais, e superar a pauta, liberando inclusive a agenda do Congresso para outros temas.

A avaliação é de que a movimentação encabeçada pelo Congresso e pelo Supremo também livra o governo de se envolver com o tema, poupando o presidente Lula de maiores desgastes.

O ex-presidente Bolsonaro e seus aliados têm promovido atos em defesa da anistia para os réus do 8 de janeiro. Na segunda-feira (28), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e parlamentares bolsonaristas divulgaram um vídeo em que o ex-mandatário chama uma manifestação em Brasília para o próximo dia 7. Esta é a terceira movimentação deste tipo voltada para a pauta. As outras duas ocorreram no Rio de Janeiro e São Paulo.

“Manifestação pacífica, em Brasília, pró-anistia. Compareçam”, diz o ex-presidente na gravação, feita da UTI onde está internado na capital federal.

O PL conseguiu votos neste mês para um requerimento de urgência do projeto de lei da anistia na Câmara. Hugo Motta, porém, resiste em pautá-lo.

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