Publicado em 12/05/2025 às 11h37.

Brasil não escolherá entre EUA e China em meio à guerra comercial, diz Haddad

O ministro avaliou sua conversa com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, como "muito franca e educada"

Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (12) que o Brasil não escolherá um lado entre Estados Unidos e China em meio à guerra comercial travada entre as duas maiores economias globais. “O presidente Lula não vai fazer essa escolha (…). Nós precisamos repensar o nosso desenvolvimento, nós não podemos ser tão dependentes de uma relação bilateral”, disse em entrevista ao portal UOL.

Segundo matéria do jornal Estadão, o ministro ainda ressaltou que o Brasil, apesar de mais próximo da China no momento, não está escolhendo um bloco econômico. “O Brasil sabe que, para se desenvolver, precisa de bons acordos comerciais com a Ásia, bons acordos comerciais com a Europa e um bom acordo também com os Estados Unidos”, declarou o ministro da Fazenda.

Haddad ainda avaliou sua conversa com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, como muito franca e educada, e pontuou que os temas mais delicados foram abordados. O petista lembrou também que, apesar disso, as negociações com o governo do presidente Donald Trump são conduzidas pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin.

Questionado sobre os argumentos levados por ele à reunião com Bessent, Haddad pontuou que a América do Sul é deficitária nas relações comerciais com os Estados Unidos.

“Como é que você taxa uma região que é deficitária? Do ponto de vista econômico, não faz o menor sentido. E ele próprio (Bessent) reconheceu quando eu disse isso e disse: ‘Olha, nós vamos negociar, nós vamos sentar à mesa para negociar’”, relatou o ministro. “Do meu ponto de vista, os Estados Unidos deveriam olhar com mais generosidade para a América Latina e para a América do Sul. E o Brasil, do meu ponto de vista, está fazendo a política certa”, acrescentou Haddad, que também pediu um olhar mais estratégico dos EUA ao continente.

O ministro também avaliou que os EUA tem muito a ganhar com um maior equilíbrio regional e desenvolvimento da América do Sul. Apesar de reforçar que o governo brasileiro não escolherá um lado na guerra comercial, Haddad lembrou que a China é a maior parceira comercial do Brasil, enquanto os americanos dominam a tecnologia de ponta. Assim, ressaltou o ministro, as duas parcerias são fundamentais para o Brasil se desenvolver.

O ministro defendeu a mensagem de que o presidente Lula acredita no multilateralismo e ressaltou que o presidente tem portas abertas para negociar no exterior. “Ele é visto no mundo inteiro como um genuíno democrata. Ele é uma pessoa que nasceu da luta contra a ditadura, venceu três eleições democraticamente, reconheceu todos os resultados quando perdeu, jogou fair play a vida inteira e tem as portas abertas do mundo inteiro. Talvez seja dos poucos governantes que tenham portas abertas em qualquer quadrante do mundo”, afirmou Haddad.

O ministro também ressaltou na entrevista que o Brasil está numa situação geopolítica que, se bem aproveitada, pode favorecer o país.

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