Publicado em 13/08/2016 às 11h00.

Isidório revela ‘ajuda’ do governo de R$ 12,5 mi para pessoal e cursos

Candidato a prefeito de Salvador pelo PDT, deputado estadual fala do apoio que o Estado, nas gestões de Rui Costa e Jaques Wagner, dá à Fundação Dr. Jesus, mantida por ele em Candeias para tratar de dependentes químicos

Evilasio Junior
Entrevista - Isidorio8 - 12-08-2016
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

O bahia.ba inicia neste sábado (13) uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Salvador. Em sorteio na presença de representantes dos postulantes, ficou definido o prefeiturável do PDT como o primeiro convidado. Deputado estadual e presidente da Fundação Dr. Jesus, em Candeias, o aspirante ao Palácio Thomé de Souza revelou que a instituição recebe do governo do Estado “uma ajuda de mais ou menos R$ 3,5 milhões para pagar funcionário”, além de outras verbas para “cursos profissionalizantes”. “Vem tudo carimbado. Aí dá mais R$ 9 milhões”.

Aliado das gestões petistas, ele afirmou que pretende ser mais do que Rui Costa foi para o ex-governador Jaques Wagner, em 2014. “Eu gostaria de ser também o Rui do Rui, porque, realmente, Rui foi o candidato de Wagner, tirado do bolso. Só que, até eu, inclusive, pensava que ele tinha feito um mau negócio. Hoje eu sei que foi o maior presente que o governador Jaques Wagner deu à Bahia”, disse.

Sempre envolto em polêmicas sobre a homossexualidade, o parlamentar declarou ainda que não gostaria de ter um filho gay ou criminoso “[…] O Deus que eu sigo não se agrada nem de um nem de outro. Todavia, teria de respeitar meu filho ladrão no presídio, porque lugar de ladrão é no presídio, e teria de respeitar meu filho homossexual, ele um pouco distante de mim”, disse.

Sobre o principal adversário no pleito, o atual prefeito ACM Neto (DEM), Isidório acusa a gestão de “perversidade”, de gastar R$ 300 milhões para “botar mendigo em hotel fazendo pedofilia” e de “encher” a administração de cargos de confiança para “não fazer zorra nenhuma”.  Para ele, a economia com os auxiliares serviria para contratar profissionais para trabalhar em hospitais e unidades de ensino infantil. “Quando você desonerar a folha com os marajás, com os come-dorme, que o que você tem de come-dorme dentro dessa prefeitura, os puxa-sacos de políticos que estão lá para não fazer nada, […] você vai achar espaço para botar as pessoas para cuidar das creches”, apostou. Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Entrevista - Isidorio1 - 12-08-2016
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

bahia.ba – O senhor acha que é para o governador o que Rui Costa foi para Jaques Wagner em 2014, uma espécie de candidato tirado da cartola? O senhor acha que essa é uma boa comparação?

Sargento Isidório – Primeiro eu quero citar o que está escrito na Bíblia. A Bíblia diz que grandes coisas fez o Senhor por nós e, por isso, estamos alegres. Rapaz, eu não posso afirmar, mas eu gostaria de ser também o Rui do Rui, porque, realmente, Rui foi o candidato de Wagner, tirado do bolso. Só que, até eu, inclusive, pensava que ele tinha feito um mau negócio. Hoje eu sei que foi o maior presente que o governador Jaques Wagner deu à Bahia. Ele deu um governador, inclusive, melhor do que ele, e olhe que ele é meu amicíssimo. Mas, hoje, o que ele fez na Bahia, o Rui Costa vem tirando de letra. É um homem sério, íntegro demais. Eu errei no meu cálculo. Eu pensava que ele não ganhava, que ele era durão, que não sei o quê, mas quem não vê cara não vê coração. O coração de Rui é grande e eu gostaria de ser, realmente, também tirado do bolso dele, mas tem outros candidatos. Mas quem é que não quer o apoio de um homem como Rui? Ele me devolveu, inclusive, a vontade de permanecer na política. Eu não ia mais disputar eleição de deputado. O Wagner que me disse: ‘você vai sair’ e eu disse, ‘governador, eu não quero mais. Não aguento mais: isso é uma máfia, uma molequeira. Eu não quero mais ficar nisso’. ‘Você precisa sair por causa até da instituição, dos drogados, do pessoal da dependência química do estado’. Eu saí e agora fiquei com vontade, de novo, por causa do Rui.

Entrevista - Isidorio9 - 12-08-2016
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

.ba – O senhor fala que o atual prefeito, ACM Neto, não prioriza o povo pobre e, assim como o governador, defende a construção de creches e postos de saúde em detrimento à execução de obras em bairros nobres. Com a crise econômica, orçamento curto e os riscos à Lei de Responsabilidade, como o senhor fará para contratar pessoal para trabalhar nas unidades?

SI – Primeiro, a crise não é só na Bahia, não é só em Salvador. A crise é no mundo e não começou agora. Já vem de algum tempo. Todavia, antes da crise, se teve dinheiro para fazer tudo. Hoje a gente vê anunciando que se vai fazer creche, que não sei o quê, agora, no final de governo. Isso é um vício dos políticos perversos. Quando chega final de governo, eles avisam tudo, fazem ordem de serviço… O hospital de Salvador, eu tenho mais de dois mandatos brigando – eu tenho três mandatos, estou no terceiro. Salvador não pode ficar como uma capital sem ter um hospital do Município. O Estado faz. [Os governos do PT] Fizeram cinco hospitais, o do Subúrbio e outros, e está agora ampliando o HGE. O governador Rui Costa está ampliando e duplicando o Roberto Santos, e o Município de braços cruzados. Agora, véspera de eleição, aí ele [ACM Neto] começa lá a botar pessoal até da família para fazer o hospital. Para você ter ideia, Salvador é a capital que menos gasta na saúde no Brasil inteiro. Então, é maquiagem, tudo isso que vai se fazendo por aí… Você vê que já está fazendo carnaval, já está dizendo como vai ser Réveillon. Ele é o soberano. É como se ele fosse Deus. Fazendo filho com a ‘pinta’ dos outros. Porque, não tem eleição batida. Essa história de que ‘está eleito, está eleito’, a Bahia já conhece que todo mundo que está com 68, 70, que está ‘eleito’, perde para um Zé Ninguém que não está nem na pesquisa. Porque essas pesquisas não vão à periferia. Não vão aos bairros mais carentes, onde o povo não vê nada e o que está vendo agora é asfalto jogado nas caçambas. Perversidade. Você percebe a molequeira administrativa de um grupo de terroristas, que passa o tempo todo oprimindo o povo, e quando chega na hora da eleição, na véspera, vai entregando caçamba de asfalto para os seus candidatos a vereadores. Aos seus mantenedores de tirania. Então, da crise você tem de criar. Eu devo ser um excelente prefeito, porque eu faço muito com muito pouco. Eu tenho calo em minhas mãos. Se eu pudesse mostrar a todo o povo de Salvador as palmas das minhas mãos, os meus pés, os solados dos meus pés, vai ver que não são de engomadinho. São de homem que trabalha, pegando na pá, na enxada, na colher-de-pedreiro, dou aula de solda, de carpintaria… No dia que você for à Fundação [Dr. Jesus], na Cidade da Restauração, você vai ver como é a minha vida.

.ba – Mas, de qualquer forma, de onde vai ser tirado o dinheiro para pagar a esse pessoal? Porque vai aumentar a folha…

SI – Você fala que pessoal?

.ba – Pessoal que vai ser colocado em creche e hospital…

SI – Primeiro que, quando você desonerar a folha com os marajás, com os come-dorme, que o que você tem de come-dorme dentro dessa prefeitura, os puxa-sacos de políticos, que estão lá para não fazer nada… Porque, as pessoas que trabalham… Você vem aqui em uma redação dessas, você encontra o povo com a cara no computador, com as mãos nas teclas, trabalhando. Vi a menina ali cheia de jaleco, sofrendo frio de ar-condicionado, trabalhando. É diferente desses mocinhos de políticos, em tudo quanto é canto, para fazer zorra nenhuma. Então, se você não encher a prefeitura de cargo de confiança, que para o povo é um cargo de desconfiança, se você botar trabalhadores, você vai achar espaço para botar as pessoas para cuidar das creches. Quanto mais se você resolver chamar a sociedade para participar também. Em tempo de crise, você bota o ‘T’ e tira o ‘E’ e transforma o ‘O’ e aí vira ‘Cristo’. Ou então você tira o ‘S’ e vira ‘crie’. Se acabar a corrupção do lixo, os milhões, se acabar a corrupção de um bocado de coisas, das terceirizadas, de um bocado de molequeira administrativa… e que não está só aqui em Salvador, não: está no país todo. O modelo administrativo dessa nação está falido. É uma máfia. Pense em uma máfia, é quem está cuidando do dinheiro do povo.

Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

.ba – Candidato, o senhor diz no seu jingle que é melhor ser doido do que ladrão. O senhor preferiria ter um filho homossexual ou um filho ladrão?

SI – Nenhum dos dois.

.ba – Por quê?

SI – Qualquer dos dois que viesse ia me dar trabalho de estar aplicando a Bíblia nele, dizendo que o Deus que eu sigo não se agrada nem de um nem de outro. Todavia, teria de respeitar meu filho ladrão no presídio, porque lugar de ladrão é no presídio, e teria de respeitar meu filho homossexual, ele um pouco distante de mim. Porque eu sou homem de Deus e para ser deputado ou prefeito eu não nego a palavra de Deus. Não tem conversa. Tenho amizade com eles. Gosto deles. Aliás, eu tenho no meu mandato. Eu trabalho com eles. Não é sindicalista, porque quem não gosta de mim é o sindicalista do homossexualismo. Essa semana eu recebi o Rei Momo gay, o irmão gay e mais outros gays que estavam com eles. Pergunte aos gays que me conhecem de perto. Então, como trata-se de um filho, aí eu ia dizer: ‘meu filho, fique meio distante de mim aí, mas vá cuidar da sua vida’. E respeitaria ele. Agora, o que não é filho, é cidadão, é livre, e eu tenho que tratar bem, como trato. As pessoas tentam me tachar de homofóbico porque não me conhecem. Eu te diria que ninguém vai cuidar melhor de gay e de lésbica do que eu, porque eu tenho as marcas. Eu venho de dentro disso. Conheço isso muito bem. Agora, eu não sou forçado a gritar ‘venha ser gay todo mundo’, porque não é assim. Não justifica. Você perguntou sobre ladrão. Porque eu tenho filho ladrão, então venha ser ladrão todo mundo? Porque eu tenho filho maconheiro, vou gritar ‘vamos liberar maconha’? Não vou. Acho que é cada qual no seu cada qual. A política é bem maior do que determinadas discussões. Quando eu vejo partido político com o governo descendo para discutir coisa que é pessoal… Fumar maconha ou tomar cachaça; ser gay ou ser ladrão, isso é coisa pessoal. É escolha. Optou por isso. Agora, todo efeito vem de uma causa e toda ação causa uma reação. Tudo o que você faz aqui, mais para ali você vai ou gozar ou sofrer. Eu acho que a Constituição é livre, agora os cidadãos também têm o seu direito do pensamento. Eu não posso ser também oprimido no meu pensamento. Lido bem com todo mundo. Ninguém vai cuidar de gay e de lésbica melhor do que eu, naquilo que for constitucional, que for legítimo. A Parada Gay, eu vou fazer, com o dinheiro que for liberado para isto, que é dinheiro público. Quem vai ser prefeito, não vai ser prefeito só dos evangélicos, como é o meu caso. Eu sou pastor evangélico, mas quando eu estou deputado, sou deputado com o voto de todo mundo. O povo do candomblé, da matriz africana, vota em mim; o povo espírita vota em mim, gays e lésbicas votam em mim. Vários e que são até afrontados por isso: ‘ah, por que você se misturou com ele?’. Sem me conhecer? Melhor primeiro conhecer. Imagine eu ouvir falar mal de você, ouvir dizer e sair te torturando? Eu tenho que primeiro te conhecer. Tem que ser dado o direito ao contraditório. Não se pode marginalizar as pessoas pelo ouvir dizer, se emprenhar pelo ouvido. O governador disse essa semana: quem vai na Fundação Dr. Jesus, na Cidade da Reforma e da Transformação Social, me conhecendo, sai de lá com outro pensamento sobre a minha pessoa.

.ba – Já foi até para amenizar a acusação de que o senhor teria uma postura homofóbica, que na sua convenção esteve presente o presidente do Grupo Gay da Liberdade, Gilliard?

SI – Não. Ainda quinta-feira eu recebi mais outros dois líderes de grupo gay. Na minha reunião de coordenação de campanha tinham lá pelo menos dois daqueles bem que gostam mesmo de arrasar…

.ba – Bem afeminado?

SI – Arrasei [faz o gesto]. E tinha lá mais outros dois que eu notei do tipo, assim, contido [engrossa a voz]. Não é que estão no armário. É que eles sabem que eu sei. Agnaldo Timóteo diz que sexo é coisa de quatro paredes. Sexo é em motel. Lá tem gente fazendo sexo com cachorro, com jegue, com galinha. A zoofilia já está aí. Mas vem para o meio da rua? Pronto. Então acabou. Não tem essa conversa comigo. Eu não vou ter de, para ganhar uma eleição, negar a minha performance. Não temo isso. Não tenho obrigação nem de ser deputado, quanto mais de ser prefeito de uma cidade tão difícil como é Salvador. Não é presente para um homem de bem ser prefeito de Salvador. Uma cidade flagelada, com o tecido social totalmente fragilizado. Alguém que sente no pulso a necessidade do povo, que sente as dores do povo, isso não é presente.

Entrevista - Isidorio5 - 12-08-2016
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

.ba – Tem outro trecho do jingle que diz “o doido quer baixar o gás, quer baixar o pão”. Como é que a prefeitura pode baixar o preço do gás e do pão? São decisões que passam por outras instâncias.

SI – Já ouviu falar no Bolsa Família?

.ba – Como é que a prefeitura vai fazer?

SI – Existe uma camada da sociedade carente. Existe uma secretaria chamada Secretaria de Ação Social, que gasta trezentos e tantos milhões de reais, aqui em Salvador, dizendo até que está apanhando mendigo da rua e botando em hotel. Pense, que contraste da desgraça. Você pegar a pessoa que já está na rua, capada o tempo todo, e trancar dentro de um quarto de hotel, pago com dinheiro público só para esconder a realidade. E eles nem estão aceitando isso. Eles queriam vir por etapa. Queriam que dessem a mão a eles, desse banho, cortasse as unhas. Fazer como eu, sacudir: ‘você tem que se ajudar a levantar. Você precisa fazer a sua parte. Toda ação causa reação, está certo? Então você não pode ficar caído. Precisa tomar banho, precisa voltar para a sua família, precisa saber onde foi que você errou’. Não é chegar lá: ‘oh, coitadinho. Está na rua, na sarjeta. Bota aqui em um quarto público’. Aí vai com criança, comendo criança lá, fazendo pedofilia, fazendo um bocado de coisa… isso não é ação social. Mas quando você chama um economista, você chama o pessoal do planejamento, chama a Fazenda, para ver se tem recursos, você faz o convênio, inclusive, com dono de padaria. Tem subsídio. Você pode ir atrás da farinha de trigo mais barata e eu já fiz isso. Eu estou dizendo que faço. Fiz sem ser nada, nem sequer vereador. Eu tinha sete mercadinhos, que eram cooperativas de alimentos mais baratos, e que foram fechadas pela truculência, pela tirania. Eu tinha fábrica de pão. Duas delas fechadas por políticos ligados a esses governos tiranos. Está lá. Vá lá investigar, qualquer um aqui. É só ir lá investigar.

.ba – O senhor está dizendo, então, que vai subsidiar?

SI – Subsidiar a farinha de trigo, conversar com dono de padaria. É o pão, um produto de primeira necessidade, não pode faltar. E não é só pão. A gente pensa em buscar diminuir preço de alimento, porque é básico. Fome tem cara feia. Já ouviu dizer isso? O gás de cozinha, a refinaria está ali. Eu estava lá essa semana, olhando. Aquelas chaminés que queimam, aquilo é gás liquefeito. É GLP. É para não explodir a refinaria. É o excesso de produto que precisa queimar. Aí, sai dali de R$ 23, R$ 24 mais ou menos, e chega em Salvador e neguinho quer vender de R$ 60. Isso é roubo, assalto, cartel, máfia.

.ba – Mas o preço do gás é definido em Brasília, né?

SI – Não, não. O preço de gás sai da refinaria.

.ba – O senhor vai negociar diretamente com a Landulpho Alves?

SI – Isso. Ou então dizer ao povo que, sozinho, eu sou fraco. Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam… Daqui a pouco eu estou com dois, três mil elefantes parando ali aquela BA [rodovia]. E Brasília vai ter que vir conversar. Não dá para vender gás roubando o povo. E aí São Francisco, que é onde está a refinaria, Madre de Deus, Candeias, aquelas cidades, são traídas, porque recebem o impacto da refinaria. Os caras vêm do país todo trabalhar ali e fazem da cidade motel. Pega as filhas de seu Isidório, seu João, dona Maria, faz filho, vai embora e larga o caos dentro da cidade. Justamente essas cidades ainda pagam gás de cozinha caríssimo.

Entrevista - Isidorio7 - 12-08-2016
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

.ba – O senhor diz que a prefeitura não ajuda em nada no trabalho da Fundação Dr. Jesus e que o governo do Estado, pelo contrário, ajuda. Quanto o governo repassa mensalmente ou por ano?

SI – A Fundação Dr. Jesus recebe uma ajuda de mais ou menos R$ 3,5 milhões para pagar funcionário…

.ba – Por mês?

SI – Que mês, meu Deus do Céu? Aí eu administro uma cidade. É assim. Tem cursos profissionalizantes, vem tudo carimbado. Aí dá mais R$ 9 milhões. Para você ter uma ideia, eu recebi uma parcela em janeiro de R$ 2 milhões e pouco. Eu não administro. Quem administra é o pessoal da diretoria. E tinha que receber com três meses outra parcela. Vim receber agora, semana passada. Isso quer dizer que, quando chegar em setembro, encerrou o ano. Com certeza está arriscado não receber a outra parcela. Para você ter ideia do que estou falando, vá lá na secretaria e veja uma devolução de R$ 1,38 milhão ou R$ 1,28 milhão. Quando eles pagam depois, eu não tenho nem mais como gastar. E estou devendo, porque eu tinha bancado. E eu devolvo. Porque eu podia inventar. Quem é que hoje, nessa política atual, devolve R$ 13 mil, quanto mais R$ 130 mil ou R$ 1,3 milhão? Inventa alguma coisa, ainda mais que é obra social. Eu não faço isso porque dinheiro público, para mim, é sagrado. Se não fosse pastor, o meu modelo para [combater a] corrupção era o da China ou do Japão, que bota no paredão e enfia o fuzil. A corrupção fabrica menor abandonado, prostituição infantil, mendigo, essa ruma de drogado. Tem muito sem-vergonha que vai para a droga por desobediência de pai e mãe. Mas tem muita gente aí sequelada pela falta de esporte, creche, lazer… As estruturas familiares, inclusive, falidas. E hoje você percebe que o poder político já quer entrar nas famílias para dizer que não precisa mais tomar a benção do pai e da mãe. Quanto mais vai liberando, o rapazinho e a mocinha vão perdendo aqueles que poderiam lhe ajudar. Chega na escola violentando, querendo bater em professor, querendo transformar a escola em cabaré.

.ba – Por falar em Fundação Dr. Jesus, o governador falou que o senhor utiliza uma metodologia que é uma espécie de mistura entre militarismo, que o senhor aprendeu como policial, e religião, já que o senhor é pastor. O senhor pretende expandir esse tipo de metodologia, caso seja eleito, para as escolas municipais?

SI – Rapaz, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Na Fundação Dr. Jesus, eu trabalho com drogado, com dependentes químicos, que depois que caem no poço perdem todo o equilíbrio e começam a fazer coisas ruins. Esquecem tudo que papai e mamãe lhe ensinaram e viram marginais. Então, é faca, é mulher querendo cortar a outra de gilete, é o cabra do barco tal querendo fazer rebelião para enforcar o outro, é querendo criar PCC, é Caveira, é não sei o quê. Era bom se vocês pudessem ir lá passar um dia lá dentro. Lá é centro de recuperação, não é escola de Filosofia, de Sociologia. Lá eu não ensino Jornalismo. Então, eu tenho que aplicar em cada canto uma coisa diferente. Eu falo para um público uma coisa, por causa do nível do público. Mas eu não posso ficar no meio de 1,2 mil e tantas pessoas, traficantes de tudo quanto é canto, oh aleluia. [Com voz infantil] Cortou a mulher. Oh, por que fez isso? Não pode. [Com voz áspera] Cortou por quê? Vou lhe levar para a delegacia. Furou o cara de faca? Se você furar, você vai morrer também. Agora, cá na escola, você tem os pedagogos, a legislação toda, porque você está administrado uma Salvador, que não precisa ser centro de recuperação. Eu não vou transformar Salvador em centro de recuperação. Eu vou ampliar lá, para aqueles filhos de Salvador que desobedeceram pai e mãe e foram para as drogas, terem para onde ir. Cá, não. Cá é creche, é escola, é pegar a imprensa livre e soberana que orienta, que ensina. Tem que ensinar ao povo. Se você educar as crianças, você não precisa punir os jovens. E tudo aquilo que eu faço lá é um teatro. Ainda tem isso. Eu estou lá com minha mãe, minha esposa, meus sete filhos, netos.

Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

.ba – Já foi agredido alguma vez lá, deputado?

SI – Não. Para você ter ideia, juntando a religião, a Bíblia diz: ‘quem não trabalha, não coma’. Então, quem não quer limpar a grama, o cara não quer limpar a piscina onde vai lavar o culhão e se refrescar, não quer ajudar a jogar um cloro, não quer lavar um prato. Então, velho, você não vai comer. Certo? Porque o próprio povo que paga imposto, eu duvido que esse povo queira alguém comendo, bebendo, dormindo e coçando os culha. Então, você tem que botar em um curso profissionalizante, tem que botar para tomar banho, para dormir na hora certa. Agora, lá é um centro de recuperação. É diferente de ser um administrador público, daquilo que o povo paga imposto.

.ba – O senhor tem um minuto para pedir o voto do eleitor de Salvador.

SI – Eu peço o voto do povo de Salvador com tranquilidade, dizendo que minha meta é não roubar e não deixar roubar. Tolerância zero com corrupção. Digo ao povo que eu não sou doutor. Eu sou pai de sete filhos, sou negro, tenho sete netos. Se me cercar de homens e mulheres de bem, nós vamos administrar Salvador com o pouco que tem, fazendo muito mais. Eu vou seguir a cartilha do governador Rui Costa, que vem dando show, aos meus olhos. O voto do povo é soberano, quem decide é o dedo de cada um. Doido rasga dinheiro e come fezes. O povo não vai me ver fazendo nada disso. Eu sou doido por Salvador. Sou doido para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Sou doido para ver Salvador feliz e sorrindo.

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