Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Política e Cultura no portal bahia.ba.
Sly Stone e Brian Wilson: legados incontornáveis de dois ícones da música norte-americana
Fundadores de Sly & The Family Stone e The Beach Boys, revolucionaram o pop, o funk e o rock, enfrentaram desafios, dependências e reclusão, e deixaram marcas eternas no cenário musical

Sly Stone (1943–2025) e Brian Wilson (1942–2025), ex-vocalistas e fundadores de Sly & The Family Stone e The Beach Boys, respectivamente, duas pedras angulares da música norte-americana, faleceram nesta semana. Sly partiu na segunda-feira (9), aos 82 anos; Brian na quarta-feira (11), aos 83. Ambos transformaram o pop, o rock, o R&B, o rap e o funk, e, após o auge das carreiras, entre as décadas de 1960 e 1970, tornaram-se reclusos, enfrentando problemas pessoais que marcaram suas histórias.
Patriarca da Family Stone
O texano Sly Stone, músico negro que formou sua banda em 1966, desafiou todas as convenções sociais da época. Em meio às explosões de conflitos raciais nos Estados Unidos — um ano após o assassinato do ativista Malcolm X (em 1965) e ainda durante a atuação de Martin Luther King Jr., que seria também assassinado em 1968 —, decidiu formar uma banda miscigenada, composta por músicos negros, brancos, homens e mulheres, algo incomum no contexto histórico daquele período.
À frente estava Sylvester ‘Sly’ Stewart, fundador da banda, que cantava, tocava teclados e guitarra, além de produzir as músicas. Ao seu lado estavam seus irmãos: Freddie Stone, guitarrista e vocalista, e Rose Stone, responsável pelos teclados e vocais de apoio.
No baixo, Larry Graham, criador da técnica do “slap bass”, que viria a influenciar gerações de músicos. A seção de metais incluía Cynthia Robinson, que tocava trompete e também fazia vocais, e o saxofonista Jerry Martini. Completando a formação clássica, Greg Errico comandava a bateria, contribuindo com uma base rítmica sólida e versátil. Essa formação foi responsável pelos maiores sucessos da banda entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970.
Com discursos políticos fortes em defesa dos direitos humanos e apelos por paz entre as raças, Sly formou um grupo tão dançante quanto politizado. Grandes sucessos da banda moldaram o que viria a ser o funk estadunidense, influenciaram o Rhythm and Blues (R&B), impactaram o rock emergente da época e serviram como base para o nascimento do rap entre os anos 1980 e 1990.
O primeiro álbum foi A Whole New Thing, lançado em 1967, que apresentou a proposta musical ousada da banda, mas ainda não obteve grande repercussão. No ano seguinte, em 1968, veio Dance to the Music, que alcançou sucesso comercial e emplacou o grupo nas paradas com sua sonoridade vibrante e festiva. Ainda em 1968, lançaram Life, um trabalho mais introspectivo, porém menos reconhecido comercialmente.
O verdadeiro ponto de virada veio com Stand!, de 1969, considerado um dos álbuns mais importantes da música americana, trazendo hits como “I Want to Take You Higher”. Em seguida, foi lançado There’s a Riot Goin’ On, em 1971, um disco mais sombrio e denso, que refletia o clima político e social da época e marcou uma guinada no som da banda.
Ainda em 1969, o grupo se apresentou no lendário Festival de Woodstock, sendo um dos poucos grupos formados por músicos negros a se apresentar, ao lado de Jimi Hendrix e Richie Havens.
Depois, em 1973, saiu Fresh, álbum que manteve elementos do funk em uma abordagem mais contida, com faixas como “If You Want Me to Stay”. Por fim, o último álbum de estúdio da banda foi Small Talk, lançado em 1974, que marcou o encerramento da fase mais criativa do grupo, com a saída de vários membros originais e uma recepção crítica mais morna.
Com o sucesso, vieram os problemas. Após o fim da banda nos anos 1970, Sly passou a viver de forma reclusa, fazendo raras aparições públicas. Em 2006, surgiu brevemente no Grammy Awards durante um tributo à sua obra, surpreendendo o público com seu visual excêntrico, mas deixou o palco após poucos minutos. Em 2007, apareceu no Festival Coachella, mas sua participação foi curta e confusa. Também fez pequenas apresentações nos anos seguintes, como em 2010, no Montreux Jazz Festival.
Depois disso, suas aparições se tornaram ainda mais esporádicas, com destaque para uma autobiografia lançada em 2023, onde relembra sua trajetória e os desafios enfrentados, intitulada Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin), escrita em parceria com Ben Greenman. Também foi lançado o documentário Sly Lives! (aka The Burden of Black Genius), dirigido por Ahmir “Questlove” Thompson, e lançado em 2025.
Fundador dos Beach Boys
Já o californiano Brian Wilson, considerado um dos músicos mais importantes da história dos Estados Unidos, formou a banda The Beach Boys em Hawthorne, Califórnia, em 1961. O grupo foi inicialmente composto por Brian, Carl Wilson e Dennis Wilson (sendo os três irmãos), Mike Love (primo dos irmãos Wilson) e Al Jardine.
Nos Beach Boys, Brian era o cérebro criativo da banda, compunha, produzia, arranjava, tocava baixo e teclados, além de cantar. Dennis tocava bateria e fazia vocais, enquanto Carl era o guitarrista solo e, mais tarde, assumiu a liderança musical nos shows. Mike Love era o vocalista principal em muitas músicas e colaborava nas letras, com um estilo mais enérgico e grave. Al Jardine, amigo da família, tocava guitarra rítmica e fazia vocais, especialmente nas harmonias, ajudando a moldar o som característico do grupo.
O grupo logo moldou a história da música pop e rock nos Estados Unidos e no mundo, tendo influenciado os Beatles e Bob Dylan, grandes nomes dos anos 60, e também sendo influenciado por eles. Brian, conhecido por sua competitividade, sempre admirou profundamente Paul McCartney e outro músico e produtor da época, Phil Spector.
Sempre correndo atrás do sonho de criar músicas tão boas ou melhores que as dos seus contemporâneos, lançou verdadeiros clássicos da música com o grupo, incluindo os discos Surfin’ Safari (1962), Surfin’ U.S.A. (1963), Little Deuce Coupe (1963), Shut Down Volume 2 (1964), All Summer Long (1964), The Beach Boys Today! (1965), Summer Days (And Summer Nights!!) (1965), e o marcante Pet Sounds (1966), considerado sua obra-prima.
Também foi central no projeto experimental Smile, que foi abandonado e posteriormente transformado no álbum Smiley Smile (1967). Participou ainda dos álbuns Wild Honey (1967), Friends (1968) e 20/20 (1969), embora seu envolvimento tenha diminuído aos poucos por questões de saúde mental. Ainda contribuiu em Sunflower (1970) e Surf’s Up (1971), com faixas importantes. Nos anos seguintes, esteve presente em menor grau em álbuns como Holland (1973) e 15 Big Ones (1976), este último marcando seu breve retorno ao comando da produção.
Depois de períodos de afastamento, Brian voltou em momentos pontuais, como no álbum That’s Why God Made the Radio (2012), que reuniu os membros fundadores. Após todo o sucesso da banda, Brian, que já era uma pessoa complicada, devido aos abusos físicos sofridos pelo pai na infância — que lhe causaram surdez parcial em um ouvido após uma pancada — tornou-se ainda mais recluso e envolto em graves transtornos mentais. Ele passou por um período de afastamento do cenário musical para tratar da depressão e dependência química.
Brian ganhou uma cinebiografia em sua homenagem, intitulada originalmente Love & Mercy, e no Brasil lançada como The Beach Boys – Uma História de Sucesso (2014). O filme retrata sua vida, abordando dois períodos centrais de sua trajetória: o auge criativo nos anos 1960 e sua fase de recuperação nos anos 1980. Dirigido por Bill Pohlad (Dreamin’ Wild), o longa se destaca por sua abordagem não convencional, alternando linhas temporais e focando mais no universo psicológico do artista. No filme, o músico foi interpretado pelo ator Paul Dano.
Também foi lançada uma autobiografia de Brian intitulada I Am Brian Wilson: A Memoir, publicada em 2016. Escrita também em parceria com o jornalista Ben Greenman, a obra oferece um relato direto, introspectivo e muitas vezes comovente da vida de Brian, desde a infância conturbada com o pai autoritário, passando pelo auge criativo com os Beach Boys, os surtos psicológicos, o isolamento nos anos 1970 e sua recuperação gradual.
No livro, Brian fala abertamente sobre suas lutas contra doenças mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar, o uso de drogas, o impacto emocional da pressão artística e sua relação com os irmãos e os outros membros da banda. Também relata o papel controverso do psicólogo Eugene Landy em sua vida e como encontrou estabilidade com o apoio da esposa, Melinda Ledbetter.
Legados paralelos
Embora tivessem trajetórias distintas, Sly Stone e Brian Wilson partilharam o impacto transformador: ambos abriram caminhos para a inclusão de sonoridades e arranjos inovadores, influenciaram gerações de músicos e demonstraram como o sucesso artístico pode conviver com batalhas pessoais profundas. Seus nomes seguem reverberando na música mundial, celebrados por inovação, impacto social e obras-primas que transcendem gerações.
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