Publicado em 11/09/2025 às 06h00.

11/9: 24 anos dos atentados que moldaram o século XXI

O bahia.ba relembra os detalhes e as consequências do maior ataque terrorista já registrado na história da humanidade

Fredie Ribeiro
Foto: Reprodução/Wikimedia Commons (US National Park Service)

 

Era mais uma manhã ensolarada de terça-feira no centro comercial da maior cidade dos Estados Unidos. Nova York pulsava vibrante em mais um dia, no qual as vidas dos mais de 8 milhões de moradores da ‘Grande Maçã’ se desenrolariam. No entanto, aquela não era uma manhã comum — e isso logo ficaria claro, quando, às 8 horas, 46 minutos e 40 segundos, o voo AA11 da American Airlines cruzou os céus de Manhattan e se chocou contra a Torre Norte do World Trade Center.

A partir daquele momento, o curso da política internacional, e da sociedade global como conhecemos, mudaria para sempre. Hoje, 24 anos depois, o bahia.ba relembra os detalhes e as consequências do maior ataque terrorista já registrado na história da humanidade: os atentados de 11 de Setembro de 2001.

Duas torres, dois aviões

Poucos foram aqueles que deram real importância à colisão na Torre Norte naquele primeiro momento. Afinal, ao que tudo indicava, tratava-se apenas de um acidente. A possibilidade de se imaginar um ataque terrorista, daquela magnitude, na maior cidade da principal potência econômica mundial era, para muitos, algo impensável.

Foi apenas às 9 horas, 3 minutos e 11 segundos, quando o voo UA175 da United Airlines colidiu contra a Torre Sul do complexo empresarial, que ficou claro o que realmente se passava no coração de Nova York: os Estados Unidos estavam sob ataque.

Naquele momento, o número de mortos — entre os que estavam nas aeronaves e aqueles que ocupavam os andares diretamente atingidos — já se aproximava de 2.500. A primeira aeronave, um Boeing 767 da American Airlines, transportava 92 pessoas e havia partido do Aeroporto Internacional Logan, em Boston, com destino a Los Angeles, na Califórnia, em seu voo diário.

Entre os tripulantes, no entanto, estavam cinco membros do grupo terrorista islâmico Al-Qaeda. Eram eles: Mohamed Atta (líder do grupo e piloto suicida), Abdulaziz al-Omari, Waleed al-Shehri, Wail al-Shehri e Satam al-Suqami. Catorze minutos após a decolagem, eles forçaram a entrada na cabine da aeronave, dominaram o capitão e o primeiro oficial, assumiram o controle do voo e redirecionaram a rota para Nova York, onde a aeronave colidiria fatalmente entre os andares 93 e 99 da Torre Norte.

O grupo liderado por Atta, no entanto, era apenas um dos quatro que, naquela manhã, atuavam em um ataque coordenado com o objetivo de atingir os principais símbolos dos Estados Unidos.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Na segunda aeronave — também um Boeing 767 — que colidiu com a Torre Sul apenas 17 minutos após o primeiro impacto, estavam 65 passageiros. Assim como no primeiro caso, cinco deles haviam embarcado com a intenção de sequestrar o voo e alterar sua rota.

Algo que eles realizariam com sucesso 45 minutos após a decolagem. Os sequestradores — Marwan al-Shehhi (líder do grupo e piloto suicida), Fayez Banihammad, Ahmed al-Ghamdi, Hamza al-Ghamdi e Mohand al-Shehri — atuaram de forma semelhante ao grupo de Atta: invadiram a cabine de comando, assassinaram o capitão e o primeiro oficial, e assumiram o controle da aeronave.

Assim como o voo AA11, o avião da United Airlines também havia decolado do Aeroporto de Boston e tinha como destino final a cidade de Los Angeles. No entanto, teve sua rota alterada e foi direcionado à Torre Sul do World Trade Center, onde colidiu entre os andares 77 e 85.

A essa altura, redes de televisão de todo o país já transmitiam o “acidente” na primeira torre e registraram, ao vivo, a colisão entre o voo UA175 e a Torre Sul. A partir daquele momento, telespectadores — nos Estados Unidos e ao redor do mundo — assistiam, em choque, enquanto as imponentes torres de 110 andares ardiam em chamas após os ataques.

Erguidas na década de 1970 e apelidadas de “Torres Gêmeas”, as estruturas principais do complexo World Trade Center faziam parte de um conjunto de sete edifícios localizados na região da Baixa Manhattan, nas proximidades do encontro dos rios Hudson e East — área que abriga o centro financeiro mais importante do mundo: Wall Street. As torres Norte e Sul, alvos dos ataques, não eram apenas as maiores do complexo, mas também os edifícios mais altos do mundo na época, além de um dos símbolos do poderio econômico dos Estados Unidos.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Às 9 horas e 59 minutos, pouco mais de uma hora após a colisão da primeira aeronave — e 56 minutos depois de ser atingida —, a Torre Sul colapsou. Por ter sido atingida em um ponto mais alto que sua “gêmea”, e, portanto, possuir menos andares — e menos peso — acima da zona de impacto, a estrutura resistiu por menos tempo.

Cerca de 30 minutos depois, às 10 horas, 28 minutos e 22 segundos, a Torre Norte, já completamente tomada pelas chamas, também desabou. Um mar de poeira, cinzas, destroços e fuligem tomou conta de diversos quarteirões de Manhattan. Estima-se que a nuvem de detritos se movia a velocidades próximas de 160 km/h, cobrindo tudo ao seu redor.

Desesperadas, as milhares de pessoas que acompanhavam, atônitas, o que ocorria nas proximidades das Torres agora também se viam vítimas do caos dos ataques.

Apesar de terem sido projetadas para resistir ao impacto de aviões, as Torres não foram idealizadas para suportar, ao mesmo tempo, a colisão e os incêndios de longa duração causados pelo combustível de aviação, que queimava a altíssimas temperaturas.

A queda acabou danificando severamente diversos edifícios ao redor, incluindo os outros cinco que compunham o complexo do World Trade Center.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Hoje, 24 anos depois, Nova York ainda convive com as cicatrizes do atentado e homenageia as vítimas. Inaugurado em 2012, o memorial — erguido no terreno onde ficavam as Torres e que também abriga um museu — exibe os nomes de todas as vítimas do incidente gravados em placas de bronze.

Ao lado, foi construído o One World Trade Center, 124 metros mais alto que as Torres originais. Inaugurado em 2014, o novo edifício, junto com o memorial, compõe o atual complexo do World Trade Center.

 

Foto: Reprodução/Freepik

 

Além de Nova York

Como mencionado anteriormente, os dois grupos de cinco sequestradores responsáveis pelos ataques às Torres compunham apenas metade da equipe de 19 membros da Al-Qaeda envolvidos na trama terrorista.

Os outros nove ficaram encarregados de sequestrar outras duas aeronaves: o voo AA77, da American Airlines, que partiu do Aeroporto Internacional Washington Dulles, na Virgínia, com destino a Los Angeles; e o voo UA93, que decolou do Aeroporto Internacional de Newark, cidade vizinha a Nova Iorque, com destino a San Francisco.

As intenções eram as mesmas dos outros grupos: tomar o controle das aeronaves e redirecioná-las para alvos previamente escolhidos. Nestes casos, os alvos eram o Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos EUA) e um destino ainda desconhecido, também localizado na capital americana, Washington.

Com 64 pessoas a bordo, o voo AA77 tinha entre seus ocupantes cinco sequestradores: Hani Hanjour (piloto suicida), Nawaf al-Hazmi, Salem al-Hazmi, Majed Moqed e Khalid al-Mihdhar. Trinta e quatro minutos após a decolagem, eles assumiram o controle da aeronave e a direcionaram ao Pentágono, que foi atingido às 9 horas e 37 minutos daquela mesma manhã, no lado oeste do edifício.

Severamente danificado pelo impacto e pelos incêndios subsequentes, uma das seções do prédio chegou a desabar em decorrência do ataque.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

O voo UA93, por outro lado, teria um desfecho diferente. Um Boeing 757, a aeronave transportava 44 pessoas, entre elas quatro sequestradores: Ziad Jarrah (piloto suicida), Saeed al-Ghamdi, Ahmed al-Nami e Ahmed al-Haznawi.

Com a decolagem atrasada em 42 minutos, o sequestro teve início pouco mais de meia hora depois. O que se seguiu foi um cenário de lutas e gritos a bordo. Os passageiros, informados por familiares sobre os outros ataques, teriam tentado retomar o controle do avião, forçando os sequestradores a derrubá-lo antes que atingisse o alvo pretendido.

A aeronave caiu em um campo nas proximidades de Shanksville, na Pensilvânia, a cerca de 210 quilômetros de Washington. Acredita-se que o alvo final fosse o Capitólio dos Estados Unidos, sede do Poder Legislativo do país — embora, na época, a Casa Branca, residência oficial do presidente, também tenha sido apontada como um possível alvo.

Vítimas

Apesar de, até hoje, não se haver um número exato, estima-se que cerca de 17.400 pessoas ocupavam as Torres Gêmeas na hora dos impactos. Embora os edifícios abrigassem até 50 mil pessoas diariamente, o horário relativamente cedo dos ataques reduziu drasticamente o número de afetados.

Ao todo, 2.606 das aproximadamente 17.400 pessoas presentes nos prédios morreram. Cerca de 1.950 dessas vítimas estavam nos andares diretamente atingidos pelas aeronaves. Já 200 delas pularam dos edifícios ao perceber a gravidade da situação.

Outras 246 pessoas — incluindo passageiros, tripulantes e os 19 sequestradores das quatro aeronaves utilizadas nos ataques — também compõem a lista de fatalidades.

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Além disso, o Pentágono registrou 125 mortes ocasionadas pelo impacto do voo AA77 contra o prédio, elevando o número total de baixas causadas diretamente pelos ataques para 2.977.

Soma-se a isso os 411 trabalhadores de emergência que morreram enquanto tentavam resgatar as vítimas, as mais de 1.000 pessoas que ocupavam os prédios ao redor das Torres e perderam a vida em meio ao caos causado pela queda dos edifícios, e as mais de 4.600 pessoas que faleceram devido à exposição à fumaça tóxica, poeira e escombros também provocados pelo colapso.

Assim, o número total de vítimas, diretas e indiretas, causadas pelos ataques chega a um estimado de 7.600, segundo dados da Comissão do 11 de Setembro, criada pelo governo americano.

Os EUA após o 11/9

Nas horas seguintes ao ataque, o governo dos Estados Unidos determinou a evacuação de todos os prédios federais, além da suspensão de todos os voos comerciais e privados no espaço aéreo americano — algo inédito na história do país.

Com o setor aéreo no epicentro dos ataques, sendo as aeronaves o principal instrumento utilizado pela Al-Qaeda para executar o plano, o governo americano promoveu uma transformação radical nas medidas de segurança nos aeroportos do país.

Além disso, reformas como a criação de novos departamentos de segurança, a criação de cargos na comunidade de inteligência e medidas mais rigorosas de imigração e controle de fronteiras alteraram profundamente a forma como os Estados Unidos atuam na comunidade internacional.

Uma das ações mais marcantes do governo americano naquele momento foi a aprovação da controversa USA PATRIOT Act, que ampliou significativamente os poderes de vigilância das agências federais, permitindo o monitoramento de comunicações, o acesso a dados privados e a detenção de suspeitos de terrorismo.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

O sentimento de medo e paranoia fomentou muitos dos dilemas que assolam o país até hoje, como a ascensão do patriotismo, a alta rejeição aos imigrantes — especialmente os de origem islâmica ou mexicana — e a normalização de políticas de vigilância e segurança.

Uma das figuras que se beneficiou desse novo cenário foi Donald Trump, até então empresário e apresentador, que se lançou na carreira política em 2016 defendendo pautas que, em muitos sentidos, refletiam o sentimento americano no pós-11 de setembro.

Seja com seu muro na fronteira com o México e seus discursos anti-imigração, sua campanha do “Muslim Ban” (banimento de islâmicos, em inglês) ou até mesmo seu slogan “Make America Great Again” (Faça a América Grande Novamente, em inglês), Trump tornou-se um reflexo de uma América mergulhada no protecionismo e no patriotismo.

Em sua segunda gestão, iniciada neste ano, o presidente trouxe novas táticas, como o uso de uma política tarifária agressiva para desafiar até mesmo seus antigos aliados e reforçar a ideia dos Estados Unidos como uma potência que não deve ser desafiada novamente.

A mente por trás do 11/9

O plano notavelmente complexo e bem elaborado dos ataques possuía um arquiteto: Osama bin Laden, líder e fundador da Al-Qaeda. Inicialmente, ele negou qualquer envolvimento nos incidentes, mas, três anos depois, admitiu ter orquestrado o plano e orientado pessoalmente seus seguidores a realizarem os ataques.

Membro da próspera família saudita bin Laden, Osama arquitetou os ataques como o ato principal de sua “Guerra Santa” contra os Estados Unidos, que ele e seus seguidores consideravam inimigos do Islã devido à constante ocupação do governo americano no Oriente Médio e ao apoio dos EUA a Israel.

Nos anos anteriores ao atentado, os Estados Unidos já haviam ocupado, intervindo militarmente ou mantido presença significativa em países como Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, Catar e Líbano — algo malvisto por facções mais radicais do Islã, que viam a presença americana como uma “provocação” ao mundo islâmico.

Bin Laden, no entanto, não era uma figura desconhecida das autoridades americanas. Em 1998, três anos antes dos ataques, o saudita havia orquestrado, também por meio da Al-Qaeda, uma série de atentados a bomba contra embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia.

Guerra ao Terror

A resposta americana aos ataques não demoraria, e apenas três dias após o atentado, foi iniciada a campanha militar do então presidente George W. Bush, nomeada “Guerra ao Terror”, que tinha como principal objetivo a eliminação do terrorismo global, especialmente das células da Al-Qaeda, grupo liderado por Bin Laden.

O primeiro grande passo foi a invasão do Afeganistão, em outubro de 2001, onde o regime Talibã abrigava Bin Laden. Apesar da rápida derrubada do Talibã, o terrorista conseguiu escapar e se esconder por anos, supostamente nas áreas tribais entre o país e o Paquistão.

 

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Foram necessários quase dez anos de diversas operações de busca para que as forças americanas localizassem Bin Laden. Em 2 de maio de 2011, o saudita foi encontrado e abatido no complexo fortificado onde residia, em Abbottabad, no Paquistão.

Mas a incursão americana no Oriente Médio não mirava apenas o líder da Al-Qaeda. Nos 19 anos em que esteve em atividade, a Guerra ao Terror, iniciada por Bush e continuada pelas gestões de Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden, levou à queda dos ditadores Saddam Hussein, no Iraque, e Muammar al-Gaddafi, na Líbia, além da eliminação de células da Al-Qaeda no Iêmen, de grupos jihadistas na Síria e de aliados de Osama em países como a Somália.

O mundo após o 11/9

Na esteira dos atentados, os principais governos ao redor do mundo reforçaram ou criaram novas leis antiterrorismo. Foi o caso do Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Austrália. Muitos desses países também se tornaram alvos de ataques subsequentes da Al-Qaeda nos anos seguintes ao incidente em Nova Iorque.

Em 2004, um bombardeio no sistema de trens de Madrid matou 193 pessoas. No ano seguinte, um ataque semelhante, desta vez no metrô de Londres, vitimou 52 pessoas. Em ambos os incidentes, o grupo de Osama bin Laden assumiu a autoria dos atos.

Mesmo com a morte de Bin Laden e a eventual dissolução da Al-Qaeda, a constante presença americana no Oriente Médio durante os anos 2010 fez com que as ofensivas islâmicas no Ocidente continuassem firmes, com novos grupos como o ISIS, que emergiu durante a invasão do Iraque em 2003.

Esse novo grupo foi responsável por algumas das tragédias mais marcantes da última década, como o tiroteio em uma boate LGBT de Orlando, nos Estados Unidos, onde 49 pessoas morreram, e o massacre no jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, na França, onde 12 jornalistas do veículo foram mortos e outros cinco feridos.

O jornal é conhecido por suas tirinhas de humor ácido e não poupava figuras importantes de religiões como cristianismo, judaísmo e o próprio islamismo em suas artes, com muitas edições fazendo uso do profeta islâmico Maomé para suas sátiras.

 

Foto: Reprodução/X @UN

 

Ainda hoje a atuação dos grupos mais radicais do islamismo é forte no Oriente Médio e fomenta conflitos. Em 2021, com o fim da ocupação americana no Afeganistão, o Talibã conseguiu rapidamente retomar o poder no país.

Dois anos depois, o longo e complexo entave entre Israel e Palestina ganhou um novo capítulo com o conflito armado entre o governo israelense e o Hamas, organização política e militar palestina, ligada ao islamismo que possui apoio de muitas das células terroristas as quais os EUA tentou combater em sua incursão de quase 20 anos na região.

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