Publicado em 26/10/2025 às 18h30.

Túmulo de Madame Satã, ícone LGBTQIAPN+, pode ser tombado pelo Iphan

João Francisco dos Santos teve trajetória marcada por arte, resistência e desafios sociais

Edgar Luz
Foto: Walter Firmo/Artsoul

 

O túmulo de João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, localizado em Ilha Grande (RJ), pode se tornar o primeiro patrimônio LGBTQIAPN+ tombado pelo Iphan. O pedido já foi aceito, mas o processo pode levar até cinco anos para ser concluído.

História de luta e resistência

Nascido em 1900, em Glória do Goitá (PE), Madame Satã enfrentou uma infância difícil, marcada por pobreza e rejeição. Fugiu para o Rio de Janeiro aos 13 anos, vivendo nas ruas antes de trabalhar como vendedor ambulante, dançarino e cozinheiro. Entre 1928 e 1965, passou quase 28 anos preso, a maior parte em Ilha Grande, por crimes que iam de furtos a homicídios.

Sua carreira artística começou em 1923 como Mulata do Balacochê, sempre desafiando normas de gênero. O apelido Madame Satã surgiu em 1938, após desfile carnavalesco inspirado no filme “Madam Satan” (1930), quando, preso, se recusou a informar seu nome.

Mesmo assumidamente homossexual, casou-se com Maria Faissal e adotou sete filhos. “Ser bicha era uma coisa que não tinha nada demais. Eu era porque queria, mas não deixava de ser homem por causa disso”, afirmou.

Madame Satã morreu aos 76 anos, vítima de câncer de pulmão, e foi sepultado na Vila do Abraão, em Angra dos Reis (RJ). Seu nome chegou a ser removido da lista de personalidades negras da Fundação Palmares em 2020, mas a Justiça determinou que fosse reintegrado.

Homenagens

No cinema, sua vida foi retratada em “Madame Satã” (2002), com Lázaro Ramos, e inspirou o personagem principal de “A Rainha Diaba” (1974), dirigido por Antônio Calmon. Ambas as obras homenageiam sua trajetória de resistência, arte e enfrentamento do racismo e da homofobia na sociedade carioca.

Edgar Luz
Jornalista, apaixonado por comunicação e cultura, pós-graduando em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Atualmente integra as redações do Bahia.ba e do BNews, escrevendo principalmente sobre entretenimento, mas transitando também por outras editorias. Com passagens pelos portais Salvador Entretenimento e Voz da Cidade, tem experiência em reportagem, assessoria e Social Media.

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