Publicado em 11/11/2025 às 13h21.

Novembro azul: padrões de masculinidade tóxica adoecem os homens

Especialistas defendem que campanhas ampliem o debate para a saúde integral dos homens

Redação
Foto: Freepik

Homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres no Brasil. Entre os fatores que explicam essa diferença está a resistência masculina aos cuidados com a própria saúde, ainda influenciada por padrões culturais que associam o ato de se cuidar à fragilidade.

A valorização da ideia de invulnerabilidade leva muitos a evitarem consultas, ignorarem sintomas e procurarem atendimento apenas quando a doença já compromete a rotina ou o desempenho no trabalho.

De acordo com o médico Italo Almeida, especialista em medicina integrativa, esse comportamento contribui para diagnósticos tardios de condições como câncer de próstata, diabetes e hipertensão, além de dificultar a adesão a tratamentos contínuos. “Isso resulta em maior mortalidade por causas evitáveis”, afirma.

Fatores sociais também influenciam esse cenário. A cobrança para assumir o papel de provedor pode levar alguns homens a entenderem o autocuidado como algo secundário.

Exames como o toque retal ainda enfrentam resistência devido a interpretações equivocadas. Soma-se a isso a estrutura dos serviços de saúde, muitas vezes inadequada às rotinas de trabalho mais rígidas.

“Sinais como dor abdominal, cansaço persistente, insônia e irritabilidade podem indicar problemas não apenas físicos, mas também emocionais”, completa Almeida, diretor médico da clínica Neuro Integrada.

A saúde mental é outro ponto crítico. Homens cometem cerca de quatro vezes mais suicídios do que mulheres e tendem a subnotificar casos de depressão e ansiedade. O uso abusivo de álcool e outras drogas aparece com frequência como tentativa de automedicação, associado à dificuldade de expressar emoções e buscar apoio psicológico.

Para Almeida, abordagens preventivas, como a Medicina do Estilo de Vida, podem contribuir para maior equilíbrio ao integrar cuidados físicos e emocionais.

Para que haja mudança consistente, especialistas defendem que o autocuidado seja estimulado desde a infância, desvinculando-o de ideias de fraqueza. Almeida avalia que as campanhas do Novembro Azul devem ampliar o foco, incorporando temas como saúde mental e prevenção de outras doenças.

Ele destaca também o papel das mídias e de figuras públicas na conscientização. “Relatos sobre terapia, exames de rotina e superação de vulnerabilidades ajudam a reforçar a importância do cuidado contínuo”, afirma.

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