Publicado em 14/11/2025 às 13h03.

Recomendação do MP pressiona prefeito na Bahia por suspeita de nepotismo

Ministério Público pediu exoneração da irmã de Ailson Selis (Avante), prefeito de Muquém do São Francisco

Raquel Franco
Fotos: Reprodução/Redes sociais

 

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) acionou o prefeito de Muquém do São Francisco, Ailson Selis (Avante), para que promova a imediata exoneração de sua irmã, Aenes Souza Selis, que ocupa o cargo de coordenadora da Atenção Básica de Saúde no município do oeste baiano.

A recomendação, expedida pela 1ª Promotoria de Justiça de Ibotirama e tornada pública nesta quinta-feira (13), aponta que a nomeação configura uma potencial prática de nepotismo, vedada expressamente pela Constituição Federal e pela Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF).

A Promotoria instaurou um inquérito civil para investigar a situação, que culminou na recomendação do MP-BA. O documento oficializa que Aenes foi nomeada por meio de portaria assinada pelo próprio irmão, conforme registro do Diário Oficial de Muquém do São Francisco de 28 de janeiro de 2025.

O prefeito Selis recebeu um prazo de 60 dias para adotar as providências de exoneração da servidora e encaminhar cópia do ato à Promotoria de Justiça.

Novas nomeações

Além da exoneração específica, a Recomendação, assinada pelos promotores Tahiane Stochero e Gilson Sacramento Amancio da Silva, impõe ao gestor uma série de diretrizes preventivas.

O prefeito foi orientado a se abster de realizar novas nomeações de parentes ou indivíduos com vínculos familiares em quaisquer cargos comissionados, de confiança ou temporários, sob pena de incorrer em ato de Improbidade Administrativa.

O órgão exige que a prefeitura crie medidas preventivas sólidas contra o nepotismo, incluindo a exigência de declarações formais dos nomeados em cargos de confiança, atestando a inexistência de vínculos familiares com as autoridades nomeantes. O cumprimento destas medidas deverá ser informado ao MP-BA em até 20 dias.

Risco de ações judiciais

A Promotoria ressaltou que o nepotismo não apenas viola os princípios constitucionais da moralidade, impessoalidade e eficiência, mas também expõe o gestor às penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa, que podem incluir a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos e multa civil.

Em nota, o MP-BA advertiu que a recomendação “constitui em mora (dolo) o destinatário”. Isto significa que o descumprimento do pedido dentro do prazo estabelecido poderá resultar na instauração de ações judiciais e administrativas por parte do Ministério Público.

Raquel Franco
Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Labfoto. Foi trainee de jornalismo ambiental na Folha de S.Paulo.

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