Núcleo duro já decidiu chapa com Jerônimo, Wagner e Rui, mesmo com temor de racha
Petistas avaliam compensações para convencer Angelo Coronel a se manter no grupo

A chapa do governador Jerônimo Rodrigues (PT) à reeleição deve ter, como candidatos ao Senado Federal, os dois principais caciques petistas da Bahia: o atual senador Jaques Wagner (PT-BA) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). A decisão já teria o aval do senador Otto Alencar (PSD-BA) e é vista como irreversível no “núcleo duro” governista.
A composição chamada de “puro-sangue” teria, inclusive, o incentivo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que quer o Nordeste como o portal de acesso para parlamentares esquerdistas no Senado Federal. Em conversas com Rui e Wagner, o presidente da República tem demonstrado preocupação com o avanço da extrema direita na Casa legislativa e quer que a Bahia eleja dois petistas como senadores.
Ter Jerônimo, Wagner e Rui juntos também é visto como a formação mais forte, do ponto de vista eleitoral, para enfrentar a candidatura de oposição em 2026, liderada por ACM Neto (União Brasil) e, desta vez, apoiada pelo bolsonarismo baiano, com o lançamento de João Roma (PL) como candidato ao Senado na chapa oposicionista.
A informação chegou ao bahia.ba no dia 10 de dezembro, quando houve a sabatina, na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), do então deputado federal Otto Alencar Filho (PSD-BA) para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA). Passadas duas semanas, a decisão foi confirmada pela reportagem junto a quatro lideranças governistas diferentes, duas ligadas ao PT e duas filiadas ao PSD, que preferiram se manter sob anonimato.
A indicação e aprovação do filho para conselheiro do TCE, confirmada nesta segunda-feira (22), teria sido a última condição colocada por Otto Alencar para que a chapa “puro-sangue” fosse avalizada por ele. Presidente do PSD na Bahia, o senador não assume publicamente, mas concorda em conversas de bastidores que a composição é a mais competitiva para 2026.
Precaução pública
Apesar da decisão já ter sido tomada, o governo toma cuidado com o tema e não tem pressa para oficializar. A ideia é convencer o senador Angelo Coronel (PSD-BA) — que seria impedido de buscar sua reeleição com o apoio do grupo — a se manter na aliança, ganhando mais espaços no governo e garantias futuras.
Uma das possibilidades ventiladas é entregar o posto de vice-governador na chapa a ele, através da candidatura de seu filho, o deputado federal Diego Coronel (PSD). O parlamentar vê a possibilidade com bons olhos, mas Angelo resiste em abandonar sua reeleição para o Senado.
Outra possibilidade depende de realidades ainda a se concretizarem: Coronel e o ex-deputado federal Ronaldo Carletto (Avante) seriam primeiros suplentes de Wagner e Rui, respectivamente. Eleitos, eles deixariam o Senado para se tornarem ministros, deixando as cadeiras para os aliados. Para isso, Lula também teria que ser reeleito.
O MDB também é uma conta a ser fechada. Hoje, o partido liderado pelos irmãos Vieira Lima — Geddel, Lúcio e Jayme — possui a vice-governadoria, com Geraldo Júnior (MDB). Para que a chapa com os trios petistas funcione, o núcleo duro do governo avalia que o posto deve ser passado para o PSD, seja com Diego Coronel, seja com outro quadro do partido de Otto. Dessa forma, os emedebistas também teriam que ganhar uma compensação, que os mantivesse feliz no governo.
Embora a conta não seja simples, petistas dizem com segurança nos bastidores que a unidade será mantida entre todos os partidos da base. Líderes do PSD também não vislumbram o partido na oposição. O que ninguém garante é se a sigla seguirá inteira com o governo ou se terá baixas no caminho. Por exemplo: a ida de Angelo Coronel para a oposição em 2026, assumindo o segundo posto de candidato ao Senado ao lado de ACM Neto e Roma, é vista como uma perda possível.
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