Prates: ‘Não me sentiria confortável em apoiar Paulo Câmara’
Vereador “não descarta nem confirma” candidatura a presidente do Legislativo, mas defende “legitimidade” do DEM e apresenta plataforma de campanha
O vereador Léo Prates (DEM) “não descarta nem confirma” o desejo de ser presidente da Câmara Municipal de Salvador. Ele diz estar na “fase de escuta”, mas já declara acreditar ser incoerente apoiar a terceira empreitada do atual chefe do Legislativo, embora Paulo Câmara (PSDB) tenha sido o edil mais votado, com a aprovação de 18.432 eleitores da capital baiana. Para ele, “a renovação é um valor”, por reconhecer que na Casa “não tem só um vereador competente”.
“Como o cara que ajudou a relatar o projeto de resolução do vereador Edvaldo Brito (PSD), que deu origem ao regimento interno e acabou com a reeleição, eu não posso apoiar Paulo Câmara. Não posso. Pelo desejo de Léo Prates está [descartado], por conta dessa questão de coerência de vida. […] Eu não me sentiria confortável em apoiar o nome de Paulo Câmara (PSDB) pela terceira vez tendo posto fim à reeleição. Não é que eu descarto, mas não me sinto confortável pelas ideias que eu defendi nestes quatro anos, agora eu faço parte de um grupo político e nós vamos nos reunir no momento apropriado, dentro do Democratas, para debater”, afirmou, nesta segunda-feira (17), em entrevista ao programa Uziel Tá Na Área, na Rádio Vida FM 106,1.
Embora argumente que o tucano fez “um belíssimo trabalho”, tem “uma biografia importante para a cidade” e “revolucionou os processos legislativos”, o democrata diz que a Casa tem pontos a “avançar”. Entre os aprimoramentos a serem conquistados, ele cita “problemas de tecnologia” e a necessidade de “melhor digitalização nos dados”. “Ainda estamos muito baseados em papéis. Temos que melhorar a transparência e a informação ao cidadão”, complementou.
Prates nega manter conversas com o prefeito ACM Neto (DEM) sobre o pleito e defende até que o gestor se exima de participar das discussões. Segundo ele, a sua decisão só será tomada em novembro. “Devemos discutir agora ideias, teses e não nomes”, opinou. No entanto, o vereador já apresenta uma plataforma de campanha definida. “Nós temos que ter ideias construídas sobre o que nós esperamos da Câmara: a ampliação do trabalho das comissões, o fortalecimento das comissões, inclusive, com a realização de concursos públicos, para o apoio e a valorização do servidor da Câmara Municipal, além da ampliação dos ganhos que nós tivemos do regimento interno”, listou, ao pontuar que o DEM tem “legitimidade” de tentar o comando da CMS, já que elegeu a maior bancada e terá seis vereadores a partir de 2017.
Dentro do seu partido, outro nome – o vereador Cláudio Tinoco – já revelou a intenção de concorrer à sucessão de Câmara, desde que seja aprovada uma condicionante: quem se candidatar pela ala da maioria tem que se comprometer a não disputar as eleições de 2018. “É uma possibilidade, agora o cara que for candidato no segundo biênio não vai poder ser candidato a vereador? Eu sou a favor dos parâmetros convergentes e coerentes. Pode ser um parâmetro a ser utilizado e eu acho que é salutar. Mas, no segundo biênio, porque a Câmara é feita de acordos e compromissos políticos, o cara também não vai poder ser candidato a vereador? Porque o risco ainda é pior. A utilização da visibilidade [da presidência] ainda é mais forte em uma eleição de vereador. A visibilidade é um diferencial enorme”, problematizou Léo Prates.
Atualmente, já são nove os pré-candidatos da base – Léo, Tinoco e Orlando Palhinha (DEM); Paulo Câmara e Tiago Correia (PSDB); Joceval Rodrigues (PPS), Geraldo Júnior (SD), Isnard Araújo (PHS) e Lorena Brandão (PSC). No entendimento de Prates, a tendência é de que, até o dia da votação, parte das candidaturas se “aglutine”, mas a pulverização é positiva. “Se nenhum candidato atingir 22 votos [maioria simples], a eleição terá dois turnos. Isso dá conforto ao prefeito e à base governista, porque alguma candidatura da base vai para o segundo turno”, avaliou, ao pontuar que dificilmente um postulante da oposição, que conta com apenas 11 integrantes, representará ameaça. “Nós temos que observar o lançamento da candidatura da oposição e ver a densidade que isso pode gerar. A oposição só conseguiria ter algum risco se chegasse a 18 votos. Ou seja, tinha que conseguir sete votos do lado de cá”, definiu, ao concordar que apenas Edvaldo Brito poderia “conquistar esse trânsito”.
A eleição para presidente da Câmara será realizada no dia 2 de janeiro.
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