Antonio Jorge Ferreira Melo é coronel da reserva da PMBA, professor e coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia e docente da Academia de Polícia Militar.
‘Não se nasce mulher, torna-se mulher’
Entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nas últimas semanas, inegavelmente, está a questão sobre feminismo da prova de Ciências Humanas do Enem 2015, com a citação de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Polêmicas à parte, a respeito da discussão sobre em que medida ideologias podem ou devem estar presentes em uma prova nacional do ensino médio e até que ponto isso é possível ocorrer sem que o exame possa ser considerado instrumento para doutrinação, a emblemática frase de Simone de Beauvoir nos remete a uma indagação que pode ser classificada ainda como mais profunda: o que nos torna seres humanos?
Em busca de respostas para essa indagação, inevitável refletir sobre a lógica da construção da feminilidade que, indiscutivelmente, entre nós, é diferente daquela sob a qual se produz a masculinidade. Assim, me veio à mente uma história contada por Leonardo Boff, em seu livro “A águia e a galinha”, pela possibilidade que nos dá para percebermos que, ao contrário da águia, da galinha e dos outros seres vivos, não nascemos prontos e acabados, pois, não nos basta a natureza, diante da nossa humana condição.
Assim, ao substituir o conceito clássico de natureza humana pelo de condição humana, ideologias à parte, também podemos dizer, parodiando Simone de Beauvoir, que não nascemos homens, mas aprendemos a ser, pois não há aptidões e características especificamente humanas que tenham sido apenas transmitidas por hereditariedade biológica; todas foram adquiridas no decurso da vida, através da apropriação da cultura criada pelas gerações precedentes, na interação com o outro, durante o processo de nossa constituição como sujeitos.
Nesse sentido, a respeito do parágrafo de texto assinado por Simone de Beauvoir, usado como enunciado da questão do Enem, com o objetivo de avaliar, entre outras habilidades, a capacidade de interpretar textos dos examinados, só posso felicitar os seus autores, pois, se o enunciado é polêmico ou se está na contramão das convicções daqueles que fizeram a prova ou que se sentiram incomodados com o seu conteúdo, o importante é que, mais uma vez, ser ou não ser é a questão!
Da nossa condição humana, interessa-me, sobretudo, as características que definem a especificidade do humano nos termos de uma pluralidade de seres únicos, expostos uns aos outros, num contexto material de relações que sublinham a fragilidade essencial de toda nossa existência como seres biopsicossociais. Portanto, é preciso admitir, que tudo o que somos, poderíamos não o ser, e poderíamos sê-lo de outra forma. Afinal, se não se nasce mulherou homem, mas nos tornamos/formamos homens e mulheres, em idêntico sentido, podemos afirmar que não nascemos corruptos, racistas, machistas ou feministas… aprendemos a sê-lo!
*Antonio Jorge Ferreira Melo é coronel da reserva da PMBA, professor e coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia e docente da Academia de Polícia Militar.
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