Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
A degola de Temer tem data marcada. 5 de junho, no TSE
Agora o Tribunal Superior Eleitoral emerge no cenário como bombeiro. Ou seja, cassar o presidente acabará sendo um serviço prestado ao país
Frase da vez
“Está certo que nos momentos de crise é que se cresce. Mas eu já estou batendo a cabeça no teto.”
Mário Cury, ativista das redes sociais
Michel Temer lutou para conquistar um lugar na história. Queria sair consagrado, pelo menos na elite econômica, como o homem que tirou o Brasil do buraco após o fiasco de Dilma.
O lugarzinho dele na história está garantido, não como pretendido, óbvio, mas como o vice que assumiu após o impeachment da titular e um ano depois tornou-se o primeiro presidente da República a ser flagrado articulando um crime para acobertar outro crime.
A perplexidade ainda predomina no mundo político e após ele ter dito que não renuncia, aí vem a pergunta: qual é a chance de Temer escapar? Em Brasília, cresce o consenso: nenhuma.
Já não tinha popularidade, atiçou fogo nas ruas, botando na gritaria esquerda, direita e o escambau. Sustentava-se apenas graças ao trânsito que amealhou no Congresso, agora vê aliados vazando por todos os lados. E lá mesmo há vários pedidos de impeachment protocolados.
Mas o calo maior de Temer está no TSE, com data marcada. Dia 5 de junho a corte vai julgar o pedido de cassação da chapa que tinha Dilma como presidente e ele como vice.
Se antes os ministros claudicavam, avaliando num primeiro momento se era possível separar o titular do vice, como pretendia Temer, mas no conjunto empurrando com a barriga o julgamento que, pelas evidências coletadas, indicam crime eleitoral, agora não tem mais motivos para hesitar.
Muito pelo contrário. Se antes a preocupação central era assegurar a governabilidade do país, não jogar gasolina na crise, agora o TSE emerge no cenário como bombeiro. Ou seja, cassar Temer acabará sendo um serviço prestado ao país.
E alguém acha que Temer tem alguma chance no TSE?
Em Brasília, ninguém aposta um centavo.
Nada de clandestino
No seu pronunciamento anteontem Michel Temer frisou enfaticamente que foi vítima de uma gravação clandestina.
Clandestina coisa nenhuma. A gravação foi feita pelo empresário Joesley Batista numa visita ao Palácio do Jaburu nas caladas da noite e entregue ao MPF como prova.
Pela lei, se você está na gravação, como interlocutor, é legal. Só é clandestino quando você grava terceiros sem autorização e assim mesmo há controvérsias. Gravar atos criminosos, até para proteção pessoal, pode? A justiça tem entendido que sim.
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