Graduada e mestre em Relações Internacionais, com foco em Geopolítica; tem experiência em análises conjunturais para diversos institutos de pesquisa da PUC MINAS, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade de Groningen, na Holanda; já trabalhou na pesquisa e redação de clippings e notícias para a base de dados CoPeSe, parceria com o programa de Voluntariado das Nações Unidas.
Crise no Partido Republicano: relembre o caso Jeffrey Epstein

Após a conclusão de uma investigação sobre o escândalo sexual envolvendo o bilionário Jeffrey Epstein, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, enfrenta uma crescente crise dentro do próprio Partido Republicano. Parte de sua base tem pressionado por mais transparência em relação ao caso, que desde a morte de Epstein na prisão, em 2019, alimenta teorias da conspiração e desconfiança em setores da sociedade americana.
Em meio à crescente pressão de apoiadores e políticos do Partido Republicano, o vice-presidente J.D. Vance convidou para o dia de hoje (06) membros-chave da administração Trump para um jantar privado, visando traçar uma estratégia comum frente à controvérsia sobre a liberação de informações relacionadas ao caso Epstein
Entendendo o caso Epstein
Jeffrey Epstein foi um ex-professor de matemática e magnata que fez fortuna como financista em Nova York. Ao lado de sua cúmplice e companheira, Ghislaine Maxwell, o empresário era influente na política e sociedade estadunidense, mantendo relações próximas com figuras influentes da política, do entretenimento e da realeza, incluindo o príncipe Andrew (Reino Unido), o ex-presidente Bill Clinton e o próprio Donald Trump.
As investigações sobre Epstein tiveram inicio em 2005, depois que uma mãe relatou à polícia de Palm Beach (Flórida) que ele havia abusado sexualmente de sua filha de quatorze anos. A partir dessa denuncia, ele foi investigado e autoridades federais identificaram outras 36 vitimas de abuso sexual, algumas com apenas quatorze anos. Epstein se declarou culpado e foi condenado em 2008 por um tribunal estadual da Flórida e cumpriu 13 meses de custódia. Contudo, o acordo judicial à época foi controverso e extremamente alvo de críticas devido à ampla liberdade condicional.
No dia 06 de Julho de 2019, Epstein foi preso novamente sob acusações federais de comandar uma rede de tráfico sexual de menores na Flórida e em Nova Iorque. No dia 10 de agosto do mesmo ano, ele foi encontrado morto em sua cela. À época, o legista apontou que Epstein faleceu por suicídio por enforcamento. Contudo, tal causa da morte foi contestada tanto pelos advogados de Epstein quanto pelo público, que exprimiu certo ceticismo e passou a questionar a verdadeira causa de sua morte.
Reflexos na sociedade e política estadunidense
Há anos, parte da imprensa norte-americana e grupos da sociedade civil sugerem que o governo esconde informações sensíveis sobre o caso. Uma das teorias mais difundidas é a existência de uma suposta “lista de clientes”, que Epstein teria usado como forma de chantagem contra pessoas poderosas envolvidas em crimes semelhantes. A pressão ganhou novo fôlego após aliados do presidente, como o vice-presidente J.D. Vance, questionam a condução da investigação durante a gestão do ex-presidente Joe Biden, e o suposto interesse do governo em manter documentos sob sigilo.
O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) está atualmente digitalizando, transcrevendo e avaliando o conteúdo de uma entrevista, com mais de 10 horas de gravação, entre o vice-procurador-geral Todd Blanche e Ghislaine Maxwell. A divulgação do material, no entanto, ainda está em debate dentro da própria instituição. A tensão entre o DOJ e o FBI se intensificou em julho de 2025, quando uma reportagem revelou que o Serviço Secreto defende maior transparência, mas que o Departamento teria barrado a divulgação de novas informações. Em resposta, o diretor do FBI, Kash Patel, e o vice-diretor, Dan Bongino, foram pressionados a se posicionar. Bongino vem emitindo declarações que sinalizam uma tendência a se renunciar ao cargo, enquanto Patel tem se manifestado nas redes sociais reafirmando lealdade ao governo Trump.
No mesmo mês, o DOJ declarou oficialmente que não há evidências de que Epstein tenha sido assassinado, nem que há provas da existência de uma lista de clientes. Também afirmou que não há planos para tornar público novos documentos ou informações. A decisão, no entanto, entra em choque com declarações anteriores de Donald Trump, que havia prometido a divulgação de mais arquivos relacionados ao caso.
A frustração entre apoiadores do movimento “Make America Great Again” (MAGA) é crescente. Após anos de promessas, a ausência de provas concretas mina o discurso do próprio presidente dos Estados Unidos e gera divisão entre seus aliados. Nas últimas semanas, o presidente passou a minimizar o caso, classificando os questionamentos sobre a lista e sobre a causa da morte de Epstein como “farsa”. O recuo, porém, não foi bem recebido por todos e pela primeira vez, setores do MAGA demonstram resistência às diretrizes do próprio Trump, um sinal de possível fissura em um movimento até então fortemente centralizado em sua figura.
Dica da Julia: quer saber mais sobre o caso Epstein? Assista a série Jeffrey Epstein: Poder e Perversão disponivel na Netflix!
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