Economia baiana 2016: estagnação ou retomada do crescimento?
Representantes de diversos segmentos falam ao bahia.ba o que esperam do ano que está começando
Inflação na casa dos dois dígitos, dólar fora de controle, alta do desemprego e crise política fizeram com que 2015 seja apontado como ano péssimo para a economia brasileira. Recém-saída de um momento econômico favorável, a Bahia não escapou ilesa a tantos problemas e o bahia.ba procurou saber de representantes de diversos segmentos econômicos o que eles esperam de 2016.
Para o presidente da Associação Comercial da Bahia, Luiz Fernando Queiroz é muito difícil que haja uma mudança expressiva na economia no próximo ano, sobretudo porque será difícil romper a “desconfiança do consumidor”, que, mesmo que não tenha sido atingido por problemas financeiros, se sente inseguro em gastar dinheiro e se comprometer com dívidas no crediário. Representante de um dos setores que mais geram emprego na Bahia, Queiroz indica que a queda no comércio da Bahia girou em torno de 10% em 2015 e acredita que esta será a média em 2016. Para ele, o ano de recuperação será 2017 “se a crise política se estabilizar e o governo fizer seu dever de casa”, sinaliza.
O ano de 2015 também não deixou boas lembranças para os associados ao Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), conforme o presidente da entidade, Paulo Mota: a redução das vendas fez com que 50 mil postos de trabalho fossem fechados no estado, sendo 18 mil em Salvador. Além disso, quatro mil lojas cerraram as portas. “Cautela é a nossa palavra de ordem para 2016, não queremos mais perder postos de trabalho, e, até por isso, realizamos contratações inexpressivas no final do ano que passou. Mas nós vivemos de consumo e se as pessoas se retraem e não compram somos os primeiros a sentir os efeitos dessa estagnação”, salienta Mota, que também aposta em 2017 como o ano da recuperação econômica.
Se o comércio navegou no ano que passou por águas turvas, a indústria também acumulou prejuízos. Sétima economia do país, a Bahia apresentou uma queda na sua produção industrial de 5,6% neste ano e em 2016 deve manter-se em ritmo desacelerado, apontam os relatórios da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). As esperanças do setor estão depositadas apenas no comércio exportador, uma vez que não há nada que aponte melhorias em 2016.
De acordo com os dados apresentados por Antônio Ricardo Alban, presidente da Fieb, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado deve recuar 3,1%. As perspectivas para a construção civil também não são confortáveis. O setor deve atravessar turbulências. Segundo os números, 88% dos 32,7 mil postos de trabalhos fechados na Bahia em 2015 foram na área, que não dá mostra de melhorias em 2016. Outros segmentos, como o automotivo, podem não apresentar perdas, mas devem se manter estagnados. O setor de celulose e papel é um dos poucos que podem aproveitar o momento do câmbio favorável, por conta do perfil voltado para a exportação.
Qualificação é o caminho
Tanto o Serviço Municipal de Intermediação Municipal (Simm) quanto o estadual, SineBahia, informaram ao bahia.ba que em 2015 houve uma redução na oferta de vagas disponibilizadas pelas empresas parceiras e que os contratantes estão cada vez mais exigentes. “Como há poucas colocações de trabalho disponíveis as empresas aproveitam para exigir um maior nível de qualificação dos candidatos. Neste momento é importante que o candidato demonstre segurança e interesse pela vaga, mostrando conhecimento sobre a empresa e sua importância”, aconselha Helber Pacheco Rios, gerente da unidade central do SineBahia.
Os dois serviços também ofertam cursos e palestras de aperfeiçoamento para os trabalhadores cadastrados. Os cursos oferecidos pelo Simm têm a característica mais profissionalizante, como auxiliar de logística, treinamento e desenvolvimento, auxiliar administrativo, inglês básico, excelência no atendimento, entre outros. Ao longo do ano, 1.927 trabalhadores foram capacitados. Já o Sine, disponibiliza vagas mais voltadas ao aperfeiçoamento pessoal do trabalhador, como curso de interpretação de texto, redação, gramática, palestras sobre empregabilidade, e orientação para o trabalho, por exemplo.
Empreendedorismo surpreende
“Apesar da crise” deve ter sido a expressão jornalística mais utilizada no Brasil em 2015, no entanto, é o jargão que melhor representa o crescimento dos índices dos pequenos empreendedores na Bahia, que obtiveram 9% de crescimento entre 2014 e 2015. “Atendemos em 2015 160 mil empresas, o que representa 25% dos empresários baianos, que estão cada vez mais conscientes da necessidade de entender mais sobre o negócio em que investiu e, apesar do ano de crise, nós vemos um crescimento expressivo no número de novas empresas”, comentou Adhvan Furtado superintendente do Sebrae.
Conforme dados divulgados em dezembro passado pelo Sebrae Bahia, o comércio lidera o ranking com 50% dos empreendedores de pequeno porte. Já o setor de serviços detém 28,1% dos negócios, a indústria, 8,1%, e construção civil, 4,6%.
Salvador concentra o maior número das pequenas empresas ativas na Bahia, são 171,8 mil. Feira de Santana (39,9 mil) e Vitória da Conquista (19,6 mil) ocupam o segundo e terceiro lugar, respectivamente, no interior. Outro destaque segundo o Sebrae é que a quantidade de microempreendedores individuais já ultrapassou o número de micro e pequenas empresas no estado.
Contudo, Adhvan alerta que é necessário ter cautela ao investir em um novo negócio, além de estar sempre atento para fazer pesquisas de mercado e focar na inovação e melhoria constantes dos seus processos e recursos e que 2016 ainda deve ser um ano favorável para os empreendedores. As áreas de alimentos, alimentos orgânicos e para pessoas com restrições alimentares, e reparação de veículos se destacam.
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