Publicado em 02/12/2025 às 10h33.

Operários da BYD na Bahia fazem paralisação por melhores condições de trabalho

Ato contra a escala 6x1 é organizado pelo MLC e UP; sindicatos negam participação

Raquel Franco
Foto: Gabrielle Pimentel/UP

 

Na manhã desta terça-feira (02), trabalhadores da montadora chinesa BYD (Build Your Dreams), localizada em Camaçari, paralisaram o serviço e aderiram a uma manifestação na frente da fábrica. Eles reivindicam melhores condições de trabalho. Uma carta aprovada pelos participantes diz que funcionários das terceirizadas Terra Construções, Falcão, Valtec e Engenova integram o ato. Segundo os organizadores, cerca de 2 mil trabalhadores participam da paralisação.

A manifestação é pacífica e a Polícia Militar está no local. Giovana Ferreira, 26 anos, autônoma e integrante da UP, relatou que a polícia teria tentado obrigar os trabalhadores a entrarem na fábrica, mas estes se recusaram. 

Entre as reivindicações, estão o pagamento de 30% por insalubridade, aumento do auxílio alimentação e transporte; instalação de bebedouros, vestiários, banheiros e fumódromos; disponibilização de mais ônibus para deslocamento dentro da fábrica, pois os trabalhadores teriam que caminhar mais de 4 km; o pagamento regular e a atualização do piso salarial.

De acordo com a organização do movimento, os participantes aprovaram greve geral no dia nacional de paralisação contra a escala 6×1 no Brasil. O protesto é organizado pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e pela Unidade Popular pelo Socialismo (UP), partido de extrema-esquerda fundado em 2016 e formalizado em 2019. 

Veja na íntegra a carta de reivindicação do movimento:

Os trabalhadores das terceirizadas Terra Construções, Falcão, Valtec, Engenova, realizaram hoje, dia 02 de dezembro de 2025, uma paralisação pacífica no portão de entrada da Montadora chinesa BYD, com o objetivo de denunciar as condições precárias de trabalho dentro da fábrica. Exigimos uma solução imediata para as seguintes reivindicações: 

  1. Pagamento dos 30% de insalubridade 
  2. ⁠Mais banheiros químicos e manutenção da limpeza dos mesmos
  3. ⁠Basta de assédio moral e ameaças de demissão. Respeito aos direitos e dignidade dos trabalhadores!
  4. ⁠Aumento do auxílio alimentação e transporte. E transporte para os trabalhadores que moram longe! Muitos trabalhadores tem gastado 600 reais ou mais do próprio salário. 
  5. ⁠Instalação de bebedouros 
  6. ⁠Construção de vestiários e banheiros 
  7. ⁠Construção de fumódromos
  8. ⁠Cumprimento dos pagamentos de salários, cesta básico e a quinzena, chega de atraso! Atualização do piso salarial e da cesta básica já! O piso atualizado é 2.658 reais, as terceirizadas estão pagando 2.558 reais, ou seja, 100 reais a menos.
  9. ⁠⁠Disponibilização de mais ônibus para deslocamento dentro da fábrica. Os trabalhadores andam mais de 4 km a pé.

Segundo o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região (Sindticcc), Antônio Ubirajara, conhecido como Bira, o movimento não tem relação com o sindicato. “Pararam o nosso pessoal. As empresas querem entender. Não foi nada orquestrado pela nossa diretoria. Não tem ninguém do sindicato”, afirmou. Segundo ele, a pauta exigida no protesto não afeta os operários vinculados ao sindicato, já que trabalham em horário comercial.

Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (Stim), também negou envolvimento na paralisação.

O bahia.ba entrou em contato com a BYD e aguarda posicionamento. Assim que a empresa se manifestar, esta reportagem será atualizada. 

Também tentamos contato com a Polícia Militar para ter mais informações sobre a manifestação.

Raquel Franco
Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Labfoto. Foi trainee de jornalismo ambiental na Folha de S.Paulo.

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