Publicado em 17/11/2022 às 11h19.

Rui cita fatores socioeconômicos ao comentar número alto de mortes de negros pela PM

Governador citou perfil populacional do estado, defendeu mudança na legislação contra impunidade e destacou o peso de fatores socioeconômicos na mortalidade de pessoas negras

Jamile Amine / Mattheus Miranda
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

O governador Rui Costa (PT) citou o perfil populacional do estado, mas destacou o peso dos fatores socioeconômicos ao comentar os dados de boletim da Rede de Observatórios de Segurança, que aponta que 97,9% das mortes em decorrência de ações policiais na Bahia são de pessoas negras.

“Se você fizer uma estatística, vai representar o percentual da população. A Bahia tem mais de 90% de pessoas que verdadeiramente são pardas e negras”, disse o petista, durante entrega de encosta no bairro do Lobato, em Salvador, nesta quinta-feira (17). Ele ponderou, entretanto que, “obviamente, a maioria, quase a totalidade dos pobres e os excluídos do país são negros ou pardos, e que estão submetidos à fome, à condição de vulnerabilidade, e isso acaba expressando em óbitos violentos também”.

Para o gestor estadual, não existe uma solução imediata para o problema, mas ele apontou a educação e políticas públicas de inclusão como medidas para reduzir a violência. “Isso não é algo que se resolve com uma varinha, infelizmente, eu gostaria de ter aquela varinha de Harry Potter, que voce sai tocando e vai mudando. Não é assim. Em educação e numa área de vulnerabilidade você precisa de anos pra poder fazer a reversão disso”, afirmou o governador.

“Isso só vai ser revertido com investimentos fortes como nós estamos fazendo… Com certeza, aquela escola de Paripe, essa escola de Lobato, a escola de Jardim Cajazeiras, de São Cristóvão, essas escolas ajudaram a mudar esse quadro e esses dados estatísticos, porque elas vão alimentar o sonho de crianças e adolescentes que colocaram sua adrenalina na natação na escola, no basquete, no vôlei, no karatê e serão menos vulneráveis ao uso e manipulação daqueles que ganham dinheiro colocando nossos jovens em condições de risco, com tráfico de drogas, com o consumo das drogas”, disse Rui, citando obras de sua gestão.

Apesar de não enxergar uma solução em curto prazo, ele avalia que seu grupo político acertou no eixo central para resolver a questão, apostando na inclusão social, educação e obras de infraestrutura urbana. “Quando você urbaniza, ilumina, leva escola, leva dignidade, você melhora a condição e reduz a violência. E eu espero que daqui a algum tempo a gente possa colher os frutos disso”, declarou o petista, que defendeu ainda mudanças nas leis que permitam o endurecimento do sistema penal, com o objetivo de coibir o crime e diminuir a violência.

“Eu vejo a necessidade urgente, vou trabalhar pra isso onde eu estiver a partir de janeiro, pra que a legislação no Brasil seja atualizada. Não é possível que presos possam escolher qual presídio que vão ficar”, afirmou Rui Costa, citando casos de chacinas em Paulo Afonso e Jequié, após encarcerados serem transferidos para prisões localizadas próximo aos familiares. “Acho que o direito da sociedade é maior que o direito do criminoso”, disse o governador da Bahia, segundo o qual, a maioria das mortes do tipo são comandadas de dentro do sistema prisional.

“Eu sonho, desejo e vou trabalhar pra que um dia a gente possa atualizar a legislação, diminuindo essa sensação de impunidade, porque o crime, independente de porque ele é cometido, só acabará quando acabar essa sensação de impunidade”, concluiu.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.