Publicado em 24/08/2020 às 10h01.

Acusado de usar dinheiro de fiéis para comprar imóveis de luxo, padre famoso nega crime

"São números altos? São. Números altos me condenam? Não", diz padre Robson de Oliveira

Redação
Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo

 

Investigado por suspeita de usar dinheiro de doações de fiéis para comprar uma casa na praia, fazendas e outros itens de luxo, o padre Robson de Oliveira, de 46 anos, negou que tenha cometido crime, afirmando ainda que não possui bens em seu nome.

“Não existe nenhuma má intenção, atividade criminosa [nas negociações investigadas]. São números altos? São. Números altos me condenam? Não. Tudo que a Afipe faz é dentro da regra e da lei”, disse ele, que é um dos padres mais populares do Brasil, em entrevista ao ‘Fantástico’, da TV Globo, no domingo (23).

A Afipe, citada pelo padre, é a Associação dos Filhos do Pai Eterno, entidade civil de Goiás que ele criou em 2004 e que vive de doações feitas pelo site, pelo telefone e, principalmente, pelo pagamento de boletos enviados pelo correio para todo o país.

O Ministério Público do Estado apura suspeitas de desvio de doações dos fiéis e a compra e venda de imóveis como casas, apartamentos e fazendas em diferentes estados.

A construção da nova Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), que começou em 2012, também é uma das peças da investigação do MP goiano. O dinheiro angariado para construí-la, na verdade, teria também sido usado para comprar esses bens, além de aviões e outros itens luxuosos.

A juíza Placidina Pires, do Tribunal de Justiça de Goiás, afirmou, em decisão obtida pelo UOL, que as investigações indicam que o Padre Robson de Oliveira usava laranjas e empresas de fachada para esconder supostos desvios de doações dos fiéis para a construção da Basílica.

Depois de criar a Afipe, o padre ainda criou mais duas. Entre 2008 e 2018, as três movimentaram 2 bilhões de reais. O Gaeco, Grupo de Combate à Corrupção do Ministério Público de Goiás, levantou todas as transações financeiras das associações nos últimos 10 anos: negociações difíceis de entender até para os investigadores.

Foram quase três anos de investigação para rastrear e entender mais de 1.200 transações de compra e venda de imóveis, além de transferências, depósitos e saques milionários.

Na sexta-feira (21), o MP foi para as ruas de Trindade, Goiânia e São Paulo em uma grande operação. Promotores foram até a casa do padre Robson e mais 15 endereços de pessoas físicas e empresas para cumprir mandados de busca e apreensão.

Segundo os investigadores, os valores movimentados, não só pela Afipe, mas por todos os envolvidos na investigação, podem ser maiores do que R$ 2 bilhões.

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