Publicado em 08/02/2016 às 22h26.

Blocos tradicionais reclamam de abandono pela prefeitura do Rio

Diretores das agremiações criticam mudança do local de desfile e denunciam que não houve apoio financeiro no carnaval deste ano

Agência Brasil
Foto:  Vladimir Platonow/Agência Brasil
Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasil

 

Blocos tradicionais, ligados à própria história do carnaval carioca, se sentem abandonados pelo poder público municipal. Depois de serem transferidos da Avenida Rio Branco, por causa de obras, para a Avenida Graça Aranha – menos imponente e mais escondida do público –, os integrantes de blocos como Cacique de Ramos, Bafo da Onça e Turma do Gato reclamaram que não houve apoio financeiro este ano, nem divulgação por parte da prefeitura do Rio de Janeiro.

Entre os integrantes de outro bloco igualmente famoso, o Bafo da Onça, fundado em 1956, o sentimento de abandono era o mesmo. “Tem que haver uma organização melhor. Estamos largados aqui. Como a Avenida Rio Branco era tradicional e as pessoas iam para lá todos os anos, de repente elas se sentiram meio perdidas. Faltou orientação do poder público”, disse o vice-presidente do bloco, Beto Azevedo.“A pista está vazia. O Cacique de Ramos não é bloco para desfilar para este público [pequeno]. Não houve divulgação. Eu tenho 54 anos no Cacique. Desde o ano passado, quando fomos empurrados para a Graça Aranha, não estamos vendo apoio. O povo não sabe que estamos aqui. Ficamos em segundo ou terceiro plano”, reclamou Antônio Rozales Munhoes, conhecido como Onça, diretor de Patrimônio do Cacique, bloco criado em 1961.

‘Por amor’ – Segundo ele, “no ano passado já não teve uma iluminação adequada nem uma decoração, e este ano está pior ainda. Nós somos os blocos tradicionais e precisaríamos de um espaço melhor para fazermos os desfiles como antigamente. Eu sugiro que a prefeitura abra a Avenida Presidente Vargas, da Igreja da Candelária até a Avenida Passos, e faça ali uma arquibancada. Se não, nós estamos acabando”, advertiu.

A falta de apoio público levou às lágrimas a presidente do bloco Turma do Gato, agremiação com mais de 60 carnavais, Célia Marques. “Já que passou para cá, tem que haver maior divulgação. São blocos que fazem parte da cultura do Rio de Janeiro. O meu tem 66 anos. Foi criado pela minha avó, que fez a nossa primeira bandeira. Os nossos blocos não estão tendo, pela Riotur [Empresa de Turismo do Município do Rio], este reconhecimento. Só quem tem valor para eles são esses blocos que botam trio elétrico, chamam a garotada e acabam em briga. Nós, este ano, não recebemos nada de verba. Estamos fazendo por amor”, desabafou Célia.

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