Publicado em 26/03/2020 às 08h07.

Covid:19: governo centraliza distribuição de respiradores e equipamentos de UTI

Ideia provocou atritos com estados e municípios; João Doria, governador de SP, ameaça entrar na Justiça

Redação
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

Em meio a uma corrida por equipamentos de UTI capazes de auxiliar pacientes em estado grave devido ao novo coronavírus, o Ministério da Saúde proibiu a exportação de ventiladores pulmonares, aparelhos que auxiliam a respiração, e também requisitou toda a produção nacional do material.

Segundo reportagem do portal UOL, o objetivo do governo é centralizar a distribuição desses equipamentos, de acordo com o aumento do número de casos do novo coronavírus em cada região do país.

De acordo coma reportagem, porém, a ideia provocou atritos com estados e municípios, uma vez que a necessidade de fornecer aparelhos de respiração mecânica aos pacientes internados tem sido um dos principais desafios, em países com o maior número de casos da doença.

O Ministério da Saúde espera que os surtos da doença ocorram em momentos distintos entre as diversas regiões do país, e não ao mesmo tempo em todos os estados. Se a previsão se confirmar, seria possível coordenar a entrega de equipamentos, remanejando os aparelhos à medida que eles não sejam mais necessários em cada localidade.

“No momento em que nós temos um encurtamento [na oferta] de respiradores, nós fizemos um movimento orientado aos estados de que iríamos centralizar, para poder descentralizar de acordo com o andar das epidemias”, disse Mandetta.

“Não adianta cada estado querer montar todos os aparelhos aguardando a necessidade de usá-los. Quando existe um encurtamento, a gente faz um estoque central e vai mandando de acordo com a realidade de cada estado. Pode ser que São Paulo comece [o surto da epidemia] e termine primeiro, e seja de São Paulo que a gente vá mandar respiradores, por exemplo, para a Bahia, para o Rio Grande do Sul. As coisas não acontecerão ao mesmo tempo”, afirmou o ministro, de acordo com o UOL.

Briga na Justiça

Na quarta-feira (25), durante videoconferência entre os governadores do Sudeste e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ameaçou entrar na Justiça para garantir o fornecimento dos equipamentos caso a medida fosse necessária.

“Ministro Mandetta, não faz nenhum sentido confiscar equipamentos e insumos. Se essa decisão for mantida, informo que tomaremos as medidas necessárias no plano judicial para que isso não ocorra. Não aceitaremos o confisco de qualquer equipamento ou de qualquer insumo que seja necessário em São Paulo”, afirmou o governador, segundo a reportagem.

Presente à reunião, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tentou tranquilizar o governador, afirmando que a medida do governo federal tem o objetivo de não deixar faltar equipamentos onde eles forem mais necessários, e disse que São Paulo teria sua demanda atendida.

No Recife, a prefeitura foi à Justiça e conseguiu uma decisão favorável do TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região), para impedir a requisição de 118 respiradores e garantir o fornecimento dos equipamentos ao município.

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