Publicado em 05/02/2016 às 23h20.

Hospital atendeu 16 casos de Guillain-Barré associada ao Zika

Dados se referem apenas ao Hospital Universitário Antônio Pedro e foram revelados médico neurologista Osvaldo Nascimento, supervisor da unidade

Agência Brasil
Síndrome se manifesta por dormência e fraqueza das pernas (Foto: EBC)
Síndrome se manifesta por dormência e fraqueza das pernas (Foto: EBC)

 

Os casos da síndrome de Guillain-Barré, uma doença paralisante dos músculos, que pode estar associada ao vírus Zika, chegam a 16, só este ano, no Hospital Universitário Antônio Pedro , da Universidade Federal Fluminense (UFF), segundo o médico neurologista Osvaldo Nascimento, que dá aulas na universidade e é supervisor de ensino no hospital. O número é rebatido pela UFF, que emitiu nota nesta sexta-feira (5) admitindo apenas um caso confirmado de Guillain-Barré.

O médico sustentou que seis casos estão laboratorialmente comprovados e que mais dez, de menor gravidade,tiveram diagnóstico clínico, no ambulatório do hospital, e que os pacientes foram liberados.

“Foram seis casos internados, sendo dois em estado mais grave, um em terapia intensiva e o outro na unidade de emergência. Pacientes com casos leves, que foram encaminhados ao ambulatório, eram dez pessoas. Todos com quadro de Guillain-Barré e todos referiram quadro infeccioso prévio como o do vírus Zika”, relatou Nascimento, que é coordenador de pesquisa e pós-graduação em Neurologia da UFF e presidente regional da Academia Brasileira de Neurologia no Rio.

O médico explicou que a síndrome começa após uma infecção, como a do Zika, e que se manifesta por dormência e fraqueza das pernas, que vai subindo, chegando à cabeça. Existem dez variantes da Guillain-Barré, de acordo com ele, sendo que de 75% a 80% dos pacientes evoluem muito bem.

Nascimento alertou para a necessidade do poder público investir mais na rede de atendimento à Guillain-Barré, inclusive com diagnósticos mais rápidos, pois a síndrome pode estar associada à Zika, o que poderia levar a um aumento expressivo no número de casos no país. A doença precisa ser tratada imediatamente após o aparecimento dos primeiros sintomas para se garantir uma evolução favorável.

Uma das dificuldades em se diagnosticar rapidamente a Guillain-Barré é o fato dela aparecer até 20 dias após o episódio de Zika. “Até o momento, tanto para Zika ou chikungunya, não conseguimos fazer o diagnóstico se for por mais de cinco ou seis dias depois do quadro agudo da infecção inicial. Só que essas síndromes [como a Guillain-Barré] acontecem de 15 a 20 dias depois. Esta é a dificuldade.”

O neurologista explicou que os casos de Guillain-Barré costumam atingir de um a quatro por 100 mil pessoas, o que reforça a necessidade de se investigar a associação do número grande de casos, como no Hospital Antônio Pedro, com a epidemia de Zika. De acordo com ele, médicos de outros hospitais do Rio também estão relatando aumento no número de casos de Guillain-Barré.

Segundo a nota do Hospital Universitário Antônio Pedro, não há comprovação científica da relação causa e efeito entre o Zika e a síndrome. Além disso, o hospital alegou que casos atendidos em nível ambulatorial não foram comunicados à direção da unidade.

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