Publicado em 04/10/2024 às 13h32.

Lula sanciona lei que amplia captação de recursos para hospitais universitários

Mudança permite que verbas sejam tidas como ações típicas do SUS, sem precisar competir com demandas de outros ministérios

Redação
Foto: Divulgação/Hupes

 

O presidente Lula sancionou um projeto de lei que vai ampliar a capacidade de atendimento dos hospitais universitários federais. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (4). O texto determina que recursos para custeio e investimento nessas unidades hospitalares — inclusive os destinados por emendas parlamentares — poderão ser repassados por meio de descentralização de créditos orçamentários do Fundo Nacional de Saúde (FNS) para as próprias instituições ou para a entidade pública responsável pela administração desses hospitais, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Educação.

A lei classifica como ações e serviços públicos de saúde as transferências de recursos para despesas de hospitais universitários federais em custeio e investimento. Na prática, esses recursos passam a ser incluídos no cálculo do gasto mínimo constitucional em saúde.

Com a aprovação da lei, a relação entre as unidades geridas pela Ebserh e o Ministério da Saúde torna-se ainda mais próxima, já que o texto torna repasses de custeio e investimento pela pasta aos HUs em Ações e Serviços Públicos em Saúde (ASPS) , incluindo-os no gasto mínimo constitucional na área.

“A lei permite a utilização plena dos recursos do PAC no âmbito da saúde, nas nossas prioridades de ampliação e construção de novos hospitais, e na aplicação da verba do Ministério da Saúde – por meio de programas e estratégias políticas prioritárias para os HUs –, bem como na captação de emendas parlamentares individuais, de bancada e de comissão. Antes, os nossos hospitais competiam junto com outras políticas públicas (segurança, moradia e cultura, por exemplo), ficando excluídos dos 50% que cada parlamentar teria direito a destinar à saúde. Agora, reconhecendo que os hospitais da Ebserh são do SUS, eles também poderão alocar recursos de forma mais efetiva, o que nos dá mais sustentabilidade”, expôs Chioro.

Legislativo

A iniciativa do projeto de lei é do Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB) e modifica os artigos 3º, 4º e 12 da lei complementar 141/2012 , que dispõe sobre valores mínimos a serem aplicados pelos entes federativos em ASPS, definindo despesas de custeio e investimento a serem incluídas no gasto mínimo constitucional em saúde.

Desta forma, fica excluído do cômputo a remuneração de pessoal ativo e inativo, além de despesas com encargos sociais, já que elas são responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) e respondem por 73% do custo total dos HUs.

A chefe do setor da Assessoria Parlamentar da Ebserh, Andressa Brito, explica que a cada ano os parlamentares têm uma verba de investimento obrigatório em saúde. Em 2024, a verba foi em torno de R$ 19 milhões por deputado e próxima a 35 milhões por senador. Com a aprovação do projeto, os 45 HUs administrados pela Ebserh tornam-se elegíveis para receber esses recursos na cota de saúde, o que amplia substancialmente as possibilidades de incremento de suas receitas.

“Essa lei representa um novo cenário orçamentário para os hospitais da Rede Ebserh, tornando possível que a excelência dos serviços prestados à população, seja ela pacientes do SUS ou acadêmicos, também seja reconhecida na infraestrutura física e tecnológica”, acrescenta Andressa.

Com um maior leque de possibilidades aberto, a Ebserh poderá, por meio de emendas parlamentares na Câmara e no Senado, realizar diversas melhorias como renovar o parque tecnológico e reforçar os atendimentos assistenciais nos hospitais universitários.

Os recursos a serem obtidos vão beneficiar e potencializar a produção de pesquisa em rede dentro de uma instituição que possui 55 mil alunos de graduação em processo de formação, de áreas além da saúde, a exemplo de engenharia, administração e direito. A Ebserh também conta com mais de 9 mil residentes e está à frente do Exame Nacional de Residência (Enare), sendo o maior centro formador de residência médica, uni e multiprofissional.

A estatal tem ainda uma base de dados com informações de 27 milhões de usuários referentes a exames e procedimentos, alimentada pelo Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU). A ferramenta é utilizada gratuitamente por outros entes federativos e instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Próximos passos

Para o orçamento do próximo ano, segundo o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, a empresa apresentará um pleito de R$ 1,6 bilhão aos deputados e bancadas para a viabilização de obras e equipamentos. Este valor está situado além dos recursos do PAC já garantidos e provisionados pelo Governo Federal.

“Elaboramos um documento dinâmico, com planejamento das principais necessidades da nossa rede. Ele conta com a construção de hospitais do PAC, por exemplo. As demandas vão mudar e, todos os anos, adaptações serão feitas”, explica Chioro.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.