Publicado em 23/01/2023 às 12h20.

Ministra da Saúde aponta omissão de Bolsonaro e culpa garimpo por crise de Yanomamis

‘Eu vejo o abandono como uma forma de genocídio e essa população estava desassistida’, disse Nísia Trindade

Redação
Foto: Reprodução/Instagram/urihiyanomami

 

Após o governo Lula decretar emergência de saúde pública em território Yanomami, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, apontou omissão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e atribuiu a crise humanitária dos povos indígenas ao garimpo ilegal na região.

Segundo ela, as medidas de emergência foram tomadas por conta da “situação de desassistência” da população, que vive sem cuidados por parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e é muito afetada pelo garimpo. “Essa atividade [garimpo] gera contaminação dos rios e cria escavações que geram depósitos de água em que há proliferação de mosquitos. Com isso, há um aumento muito grande nos casos de malária”, explicou a titular da Saúde à BBC News Brasil, na Argentina, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agenda internacional.

Nísia contou ainda que vinha acompanhando a crise desde a transição e afirmou que o quadro ficou ainda mais dramático com a morte de crianças. “Nós tivemos uma reunião com lideranças yanomami e com lideranças políticas. Nos foi colocada, também, uma questão sobre a possibilidade de desvio de medicamentos. Mas o grande detonador foi verificar a morte das crianças”, relatou a ministra, que aponta responsabilidade de Bolsonaro pela crise humanitária.

“Houve omissão em relação aos yanomami e a outros povos indígenas. Tanto é assim que, ainda como presidente da Fiocruz , eu pude acompanhar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que apontou muitas falhas na proteção dos indígenas. Isso aconteceu não só com os yanomami, mas em outros povos e em relação à covid-19”, afirmou Nísia Trindade, que corrobora ainda com a fala de Lula ao apontar o caso como “genocídio”.

“Eu vejo o abandono como uma forma de genocídio e essa população estava desassistida. O genocídio também pode ocorrer por omissão”, pontuou.

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