Publicado em 17/01/2025 às 13h03.

Alta da Selic deve desacelerar ofertas de emprego com carteira assinada em 2025, diz especialista

Estudo da Fundação Getulio Vargas já aponta para queda na oferta na passagem de outubro para novembro de 2024

Redação
Foto: Tony Winston/ Agência Brasília

 

O ciclo de aperto monetário já está contribuindo para uma queda no número de empregos formais ofertados no país. Um estudo divulgado pela Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que o movimento de menor aparecimento de vagas deste tipo, já visto no final de 2024, deve se intensificar neste ano de 2025.

Segundo matéria do Estadão, na passagem de outubro para novembro de 2024, houve uma redução tanto no saldo de vagas geradas com carteira assinada, quanto no número de demissões voluntárias computados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho.

“A gente vê uns aumentos dos juros consecutivos e isso tende também a repercutir no mercado de trabalho. Como? Uma taxa de juros mais elevada acaba desestimulando os investimentos produtivos. Se tem menos investimento produtivo, a tendência é que as empresas posterguem a decisão de expandir seus negócios e contratar. Isso acaba influenciando o mercado de trabalho”, afirmou a pesquisadora Janaína Feijó.

O estudo ainda relembra que o ano de 2024 foi marcado por uma forte geração de empregos formais e pelo crescimento expressivo no número de demissões voluntárias, fenômeno que indica uma migração de trabalhadores para cargos melhores em meio a um mercado de trabalho aquecido. Para os especialistas, esta dinâmica foi arrefecida em novembro, quando o volume de desligamentos a pedido do trabalhador recuou “consideravelmente”.

O número de demissões voluntárias, por exemplo, somou 644.611 em novembro, o menor resultado mensal registrado em 2024. Os desligamentos a pedido em novembro caíram 16,6% em relação ao mês anterior (outubro), quando totalizaram 772.851.

“Tivemos sucessivos meses em 2024 que as demissões a pedido bateram recorde, fruto de uma atividade econômica intensa. A tendência é que, com a atividade econômica desacelerando, isso também faça com que haja menos oportunidades. E os trabalhadores vão se deparar com menos oportunidades para ficar migrando de um trabalho para o outro”, projetou Feijó.

No décimo primeiro mês do ano, a abertura liquida de vagas formais registrada foi de 106.625, um resultado de 1.978.371 admissões e 1.871.746 desligamentos. Embora positivo, o saldo foi o mais brando para o mês na série histórica do Novo Caged, iniciada em 2020. O número de postos efetivamente criados foi 19,3% inferior ao registrado um mês antes, em outubro de 2024, quando totalizou 132.138 vagas. Em relação a novembro de 2023, quando o saldo foi de 121.366 vagas, houve uma queda de 12,1%.

Em novembro, houve uma abertura líquida de 106.625 vagas formais, resultado que, segundo a pesquisadora, está ligado a diversos fatores.

“O mercado de trabalho está muito relacionado à atividade econômica. É como se a atividade tivesse acomodado, e isso resultaria em 2025 numa desaceleração mais expressiva. Quando a atividade econômica está aquecida, a tendência é que a gente observe mais contratações. Se pegar só o mês de novembro, a gente observa que ele ficou muito aquém dos novembros dos últimos anos, e para um período que é considerado um período de contratações mais fortes, porque é final de ano. Geralmente, os contratantes começam a contratar em outubro e novembro já se preparando para o final de novembro, a Black Friday, e também para as festividades de final de ano. Mesmo assim não ocorreu um aumento mais expressivo”, ressaltou Feijó. “A tendência é que em 2025 esse saldo venha a se acomodar e até mesmo a ter um desempenho mais moderado do que a gente observou em 2024″, completou.

Feijó ressalta, entretanto, que a baixa em novembro não afeta o resultado anual, que permanece robusto, por conta do carregamento de um início de 2024 mais aquecido. No acumulado do ano, de janeiro a novembro de 2024, houve uma geração líquida de 2,224 milhões de novas vagas formais, uma alta de 16,68% em relação ao mesmo período de 2023.

Já as demissões voluntárias totalizaram um recorde de 7,942 milhões de janeiro a novembro de 2024, aumento de 16,5% em relação ao mesmo período de 2023.

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