‘Campeã nacional’, Oi sucumbiu à crise
Pedido de recuperação judicial da operadora mostra que a política encampada no governo do PT foi, no mínimo, discutível

O pedido de recuperação judicial da operadora Oi mostra que a política encampada durante o governo do PT de criação de grandes empresas, capazes de competir globalmente, com a ajuda do BNDES, foi, no mínimo, discutível. Apesar de toda a ajuda federal, essas companhias nem sempre se mostraram capazes de assumir a posição de liderança que almejavam. No caso específico da Oi, a “supertele nacional” jamais chegou a ameaçar a posição das rivais Vivo, Claro e TIM em telefonia celular.
Entre outros negócios que foram eleitos como prioritários pelo governo, o resultado foi variado: enquanto a JBS se tornou líder global em carnes e a Fibria é a maior empresa de celulose do País, a LBR, de lácteos, pediu recuperação judicial e saiu do mercado. O frigorífico Marfrig também tem atuado no vermelho e teve de vender ativos.
A “supertele nacional” surgiu em 2008, quando a Oi se fundiu com a Brasil Telecom, criando à época uma empresa com atuação em todos os Estados, à exceção de São Paulo. Para que essa fusão fosse feita, o governo teve de mexer na legislação – havia uma série de entraves legais ao negócios.
Em 2013, também com uma ajuda do governo, a Oi, já em dificuldades, se uniu à Portugal Telecom. A ideia foi vendida, à época, como uma forma de criar uma multinacional de língua portuguesa capaz de concorrer até em outros continentes. Mas nada disso deu certo, a dívida da empresa não parou de subir e acabou culminando na recuperação judicial.
Malsucedido – Para Sergio Lazzarini, professor do Insper, a política chamada de campeãs nacionais tem mais casos de insucessos. “Nossos estudos mostram que o BNDES até ajudou companhias no passado. As que prosperavam eram aquelas que precisavam de capital e tinham bons projetos”, diz. A Embraer, por exemplo, foi um caso que contou com ajuda estatal e conseguiu prosperar.
“No caso da Oi, houve uma conjugação política importante. Foi uma movimentação que buscava duas coisas: resolver os conflitos que estavam ocorrendo entre os acionistas e a decisão do governo Lula de criar grandes grupos.”
De acordo Lazzarini, a política de campeã nacional acabou no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. “Um divisor de águas foi a tentativa do Abílio Diniz de fundir o Carrefour e o Pão de Açúcar, com o dinheiro do BNDES. Na época, foi extremamente criticado.”
Em entrevista recente, Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral, disse que um dos problemas da política de campeãs nacionais foi não ter focado em setores estratégicos, mas sim em empresas que mantinham boa relação com o governo.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2013, o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a promoção da competitividade de grandes empresas era uma política que havia se exaurido. Coutinho contestou, à época, o termo “campeãs nacionais”. O BNDES diz que associar o banco a campeãs nacionais pressupõe que há privilégios a poucas empresas, o que seria incorreto.
Prioridade – Pelo menos, agora, em recuperação judicial, o BNDES terá uma vantagem. Os credores com garantia real – casos do BNDES e o BRB (Banco de Brasília) – são os que deverão receber primeiro, além das dívidas trabalhistas. Os credores restantes entram na mesma fila. “No fundo, o pedido de recuperação judicial não é ruim para a Oi. Eles caíram na real de que a situação é crítica e que a reestruturação terá de ser feita”, disse uma fonte a par do assunto.
Mais notícias
-
Economia
14h08 de 19/05/2025
Governo revisa para cima projeção de inflação em 2025, que ultrapassa meta
Relatório da Secretaria de Política Econômica aponta IPCA de 5% no próximo ano, acima do teto permitido
-
Economia
12h36 de 19/05/2025
INSS exigirá biometria para liberar novos empréstimos consignados a partir de sexta-feira (23)
Medida foi oficializada em despacho publicado nesta segunda-feira (19) no Diário Oficial da União
-
Economia
11h58 de 19/05/2025
Salvador convoca beneficiários do Bolsa Família para atualização das condicionalidades de saúde
Procedimento obrigatório é um dos critérios exigidos para a manutenção do benefício
-
Economia
11h36 de 19/05/2025
Banco Central manterá juros altos para conter inflação, afirma Galípolo
Presidente do BC destaca cenário inflacionário e incertezas globais como razões para política monetária restritiva
-
Economia
11h35 de 19/05/2025
Ministério da Cultura registra investimento recorde de R$ 305 mi no 1º trimestre de 2025
Valor representa em um acréscimo de quase 70% na arrecadação da pasta no comparativo com o ano anterior
-
Economia
11h23 de 19/05/2025
Vendas de imóveis crescem 15% no 1º trimestre de 2025, impulsionadas pelo Minha Casa, Minha Vida
O programa do governo Federal representou 53% dos lançamentos e 47% das vendas do setor imobiliário
-
Economia
10h35 de 19/05/2025
Bolsa Família de maio beneficia mais de 20 milhões de famílias com R$ 13,64 bilhões
Início dos pagamentos ocorre a partir de segunda-feira (19), seguindo o número final do NIS
-
Economia
10h14 de 19/05/2025
Dólar opera em alta nesta segunda-feira (19), enquanto moeda acumula perdas no exterior
Investidores reagem a redução da nota de crédito dos EUA e acompanham novas discussões comerciais entre o governo Trump e seus parceiros
-
Economia
09h58 de 19/05/2025
Projeção para inflação em 2025 cai pela 5ª semana consecutiva, aponta BC
Estimativa para o dólar também foi reduzida, enquanto o PIB foi elevado, e a Selic permanece com o mesmo percentual
-
Economia
16h00 de 17/05/2025
Embargo à carne de frango do Brasil pode pressionar preços no mercado global
Medida deve afetar diretamente o setor avícola brasileiro, que pode amargar prejuízo estimado em US$ 100 milhões por mês