Cenário externo está mais incerto e adverso com tarifaço de Trump, diz ata do Copom
Comitê avalia que taxas terão impactos setoriais relevantes, mas com impactos agregados ainda incertos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou nesta terça-feira (5), na ata referente à última reunião do colegiado, que ocorreu na semana passada, que o cenário externo está mais adverso e incerto do que antes com a taxação dos Estados Unidos, promovida pelo presidente Donald Trump, prestes a entrar em vigor, na quarta-feira (6).
“Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”, considerou o colegiado.
Segundo matéria do Estadão, o documento do encontro de julho traz um longo parágrafo sobre o tarifaço e suas possíveis consequências, com o colegiado avaliando que os efeitos dependerão da negociação e percepção de risco. O texto, no entanto, não considera a isenção de quase 694 produtos, anunciada pelo governo americano no mesmo dia em que os membros do comitê se reuniam.
A avaliação da cúpula do BC pontua que elevação das tarifas americanas tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo.
“O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no Comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, trouxe o documento.
Como usual, o Comitê informa que focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.
Taxa de juros
O comitê avaliou também, ao comentar sobre a taxa de juros (Selic), que elevada incerteza no cenário geopolítico e econômico mundial demanda uma maior cautela na condução da política monetária do Brasil, reforçando a disposição para uma reação, caso seja necessária.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (dos juros) caso julgue apropriado”, diz a ata. A reunião, realizada na semana passada, manteve a taxa Selic em 15% ao ano.
Além disso, na análise do comitê, a redução nas expectativas para a inflação futura indica a necessidade da adoção de uma política de juros significativamente mais contracionista – ou seja, que esfrie a atividade econômica – por um período bastante prologando, visando garantir que a inflação atinja a meta, que é de 3%.
A avaliação do BC destaca também que o cenário atual, marcado projeções de inflação elevadas, indica a necessidade de mais resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, que tem se mostrado muito aquecido.
O colegiado repetiu as suas projeções de inflação acumulada em 12 meses para 2025 (4,9%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%). Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%.
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