Publicado em 08/03/2025 às 11h00.

Haddad critica política econômica de Donald Trump: ‘Quer taxar o mundo todo’

Apesar da declaração, o ministro da Fazenda expressou otimismo sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos

Redação
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), criticou na sexta-feira (7) a política tarifaria do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o republicano está “querendo taxar o mundo inteiro”, enquanto o presidente Luiz Inácio da Silva reduz imposto de importação de alimentos no Brasil.

“O cara que o (ex-presidente Jair) Bolsonaro apoia nos Estados Unidos está querendo taxar o mundo inteiro e o Lula acabou de anunciar redução do imposto de importação de alimentos”, afirmou o ministro em entrevista ao podcast Flow, em São Paulo.

Segundo matéria do Estadão, Haddad afirmou que Trump dá “sinais trocados” sobre o que efetivamente vai fazer, sem deixar muito claro a direção de suas políticas, o que gera um grau de incerteza global.

Apesar das críticas, Haddad expressou otimismo sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos, mesmo após as ameaças de Donald Trump que podem resultar em aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, como o aço e o etanol.

O ministro observou que a troca de comércio e serviços entre os dois países é superavitária do lado americano, de modo que “não faz muito sentido” para Trump entrar numa disputa comercial com o Brasil. “Seria um capricho arrumar uma confusão com o Brasil. Não faz muito sentido econômico, entendeu?”, comentou o ministro.

Assim, em sua avaliação, a mudança de governo nos Estados Unidos, apesar de trazer incertezas, não deve atrapalhar as relações do país com o Brasil, que, pontuou Haddad, vinham prosperando nos dois últimos anos da administração de Joe Biden. “Eu não acredito que a mudança de governo vai implicar uma mudança drástica, até porque as nossas relações comerciais são muito equilibradas.”

O petista também pontuou que o Brasil está em posição favorável no cenário internacional, apontando a aproximação com a China, com quem, segundo ele, as relações bilaterias “não poderiam ser melhores”. Haddad também relembrou do acordo do Mercosul com a União Europeia.

Ainda segundo ele, esta posição favorável deixa o Brasil confortável para contornar ruídos nas relações bilaterais com os EUA, e que o país será beneficiado pela queda “contratada” da queda dos juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.

Baixa nos preços dos alimentos

Questionado sobre a efetividade das propostas para baixar os preços, Haddad pontuou que o controle da inflação não vai acontecer apenas com as medidas anunciadas recentemente pelo governo.

Para o ministro, apesar das medidas terem alcance, outros fatores, como a produção agrícola, apoiada pelo Plano Safra, e a correção do câmbio devem ser mais efetivos na derrubada da inflação de alimentos.

Ainda de acordo com Haddad, a decisão de zerar o imposto de importação não tem o objetivo de derrubar os preços imediatamente, mas sim segurar o apetite dos produtores que estão com a intenção de subir os preços. “Tem alcance, mas há outros fatores que vão ajudar mais a baixar o preço”, comentou o ministro da Fazenda, que não participou do anúncio das medidas.

Ele também ressaltou que um “bom Plano Safra” é “metade do caminho” para conter a inflação dos alimentos. Mas ponderou que outros pontos, como o dólar, também precisam estar alinhados. “Então, não é uma coisa que vai resolver. Não acredito que tenha uma decisão que vai resolver [a inflação]”, comentou.

O titular da pasta da Fazenda relembrou o apelo feito por Lula aos governadores para que houvesse uma antecipação na redução do ICMS sobre a cesta básica, cujos produtos foram zerados do imposto sobre valor agregado, o IVA, criado pela reforma tributária, e que ainda será implementado.

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