Maragogipe: estaleiro Enseada Indústria Naval tem situação crítica
Crise é nacional e setor negocia dívidas de R$ 8 bilhões com bancos e fornecedores; estagnação nos negócios do pré-sal agrava contexto
![Foto: Reprodução Youtube](http://d1x4bjge7r9nas.cloudfront.net/wp-content/uploads/2016/08/23205359/estaleiro-Enseada-Ind%C3%BAstria-Naval_maragogipe.jpg)
A derrocada da Sete Brasil, criada para gerenciar as sondas do pré-sal para a Petrobras, as denúncias de corrupção e a escassez da demanda internacional por navios de exploração de petróleo deterioraram a situação financeira e operacional dos três estaleiros nacionais ligados a empreiteiras e que eram, até pouco tempo, símbolos da arrancada da indústria naval no país. Juntos, Enseada, Atlântico Sul e Rio Grande estão em processo de reestruturação e renegociam dívidas com bancos e fornecedores da ordem de R$ 8 bilhões.
Para alguns especialistas em renegociação, a situações mais crítica é a do estaleiro Enseada Indústria Naval, localizado em Maragogipe, no recôncavo baiano, que pertence a Odebrecht, UTC, OAS e aos japoneses da Kawasaki Heavy Industries. A empresa construiu um estaleiro exclusivamente para atender os contratos para fornecimento de sete navios sondas para a Sete. Desde início do ano passado, a Sete não paga os contratos, e a Petrobras não define se vai manter os contratos.
O resultado é que a Enseada terminou o ano com passivo de curto prazo a descoberto de R$ 2 bilhões. Em outubro, ainda terá pela frente os primeiros vencimentos do empréstimo de R$ 1,1 bilhão que tem com os bancos do Brasil e Caixa, que repassaram recursos do Fundo de Marinha Mercante.
A empresa tenta renegociar prazos e ganhar tempo para encontrar uma solução que gere receita. O fluxo de caixa novo passará por essa renegociação e pela manutenção dos contratos com a Petrobras no âmbito da Sete. A empresa estuda buscar receitas com produção de torres e geradores eólicos.
Projeto ambicioso criado para revigorar a indústria naval brasileira, a Sete Brasil – envolta em denúncias de corrupção, que também atingiram os estaleiros – entrou em recuperação judicial neste ano. Desde o ano passado, a companhia vinha tentando um empréstimo de longo prazo que pudesse financiar pelo menos parte das sondas que estavam na sua carteira.
A empresa chegou a tentar reduzir de 28 para 19 o total de sondas contratadas pela Petrobras para manter parcialmente a encomenda, mas não teve sucesso. Sem dinheiro, a estatal parou de pagar os estaleiros, que paralisaram as construções. O último balanço da Sete mostra que o calote com os cinco estaleiros com os quais tinha contratos (EAS, Enseada, ERG Jurong e Brasfels) foi de R$ 6 bilhões.
Prejuízos- Para os bancos, que já tiveram de baixar a prejuízo os empréstimos que fizeram diretamente à Sete Brasil, a situação dos estaleiros também se mostra preocupante.
Só com a Ecovix, empresa dona do Estaleiro Rio Grande, os bancos estão renegociando dívidas de R$ 4,5 bilhões, sob a liderança do escritório Felsberg e do banco Brasil Plural. Os empréstimos não estão sendo cobrados, mas a empresa tem até o fim do ano para apresentar uma solução, que deve passar pela venda a um investidor estrangeiro.
Os principais sócios da Ecovix, da empreiteira Engevix, estão hoje presos e alguns já foram condenados por corrupção em contratos com a Petrobras. Todos foram afastados do estaleiro, hoje administrado pelo Banco Plural. A avaliação é que o fato de o estaleiro manter outros contratos diretos com a Petrobras, e não apenas os que tinha com a Sete, poderá ser um ponto positivo nas negociações.
O mesmo acontece com o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que pertence a Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, e já tinha contratos diretamente com a Petrobras.
O estaleiro informou que conseguiu manter cinco encomendas da Transpetro e está negociando outros sete navios, que também seriam para a Transpetro, com outros clientes. O EAS recebeu capitalização de R$ 400 milhões dos sócios neste ano, em parte para manter os contratos de financiamento. A empresa tem uma dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão com o BNDES.
Apesar do otimismo em retomar receita, seu prejuízo foi de R$ 349 milhões em 2015, que se somaram a perdas de R$ 329 milhões do ano anterior. A empresa também tinha contratos com a Sete Brasil e foi a única a encerrar unilateralmente o contrato ao deixar de receber. Ainda existe uma disputa em torno da questão, mas, de qualquer forma, a empresa ainda precisa renegociar cerca de R$ 500 milhões com fornecedores.
Mais notícias
-
Economia
18h38 de 26 de julho de 2024
Em alta, dólar fecha em R$ 5,66 após críticas de Lula a Campos Neto
Moeda teve alta de 0,78% na semana, ganho de 1,06% no mês e alta de 16,39% no ano; dólar começou dia em baixa, mas inverteu sentido
-
Economia
18h11 de 26 de julho de 2024
Bandeira tarifária de energia volta a ser verde, sem cobrança extra
Contas de junho tiveram acréscimo devido à chuva abaixo da média
-
Economia
17h52 de 26 de julho de 2024
Ibovespa fecha com alta de 1,2%, puxado por Vale e inflação nos EUA; Usiminas desaba
Bolsas dos EUA fecham com forte alta, após dados de inflação em linha com expectativas
-
Economia
17h30 de 26 de julho de 2024
Eletrobras: possível acordo com governo progride – e pagamento deve ficar de fora
Companhia criaria um assento extra no Conselho de Administração, levando total para 10, e 3 desses 10 seriam garantidos ao governo federal
-
Economia
17h12 de 26 de julho de 2024
No McDonald’s, promoção de combo a US$ 5 aumentas a frequência de clientes nos EUA
Preço mais acessível tem ajudado rede trazer de volta clientes de menor renda que tinham trocado McDonald’s por restaurantes com preços mais baixos
-
Economia
15h56 de 26 de julho de 2024
Lula sanciona criação de título de renda fixa para estimular indústria
Limite de emissão da LCD será de R$ 10 bilhões anuais
-
Economia
15h28 de 26 de julho de 2024
Colheita de café 24/25 do Brasil avança a 81%, diz Safras
Levantamento apontou que 95% da safra de café conilon já foi colhida, ante 89% no mesmo período do ano passado
-
Economia
14h41 de 26 de julho de 2024
Petz salta na B3 após dizer que prazo para negociar com Cobasi pode ser estendido
Em relatório sobre riscos de canibalização da possível fusão entre Petz e Cobasi, analistas da XP estimaram 38 possíveis fechamentos de loj
-
Economia
14h27 de 26 de julho de 2024
Banco Central não tem motivo para aumentar a Selic, avalia gestor da Kinea
Roberto Elaiuy diz que vê ‘prêmio de risco’ na curva de juros, que embute um aumento de 1 ponto na Selic até fim do ano
-
Economia
14h13 de 26 de julho de 2024
Juros do cartão de crédito têm alta de 7,1 pontos percentuais e atinge 429,5% ao ano em junho
Taxa média de juros atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses