Mesmo de fora, suco de laranja é afetado pelo tarifaço nos subprodutos
Prejuízo do setor com a taxação americana deve chegar a R$ 1,54 bi, estima a CitrusBR

Ministério da Agricultura
O setor de exportação de suco de laranja brasileiro deve registar perdas imediatas de R$ 1,54 bilhão por conta da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, mesmo estando de fora da taxação. O prejuízo decorre da inviabilidade econômica das exportações de subprodutos, taxadas em 50%, que renderam US$ 177,8 milhões na safra passada (equivalentes a R$ 973,6 milhões). As informações são do jornal Estadão.
Segundo a reportagem, soma-se a esse valor, o impacto estimado da tarifa de 10% sobre o suco de laranja – esta, de fato, aplicada ao produto – calculado em US$ 103,6 milhões (R$ 566,7 milhões). Os valores consideram o volume registrado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) na safra 2024/25, informou nesta quarta-feira (13), por meio de comunicado, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
De acordo com a entidade, os subprodutos da cadeia citrícola são amplamente utilizados pelas indústrias de bebidas e cosméticos, com 58% do consumo do produto nos EUA sendo composto por suco reconstituído – produto concentrado a 66% de partes sólidas, com consistência semelhante à do leite condensado. Após a importação, esse suco recebe água até atingir sua diluição natural, com cerca de 12% de partes sólidas.
“Muitos desses produtos dependem de ingredientes como células cítricas – os gominhos da laranja – e óleos essenciais responsáveis pelo aroma, e esses insumos estão sobretaxados em 50%, o que inviabiliza a operação”, afirmou na nota o diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto. “Isso pode ter efeito negativo na experiência do consumidor, prejudicar as empresas americanas e, por consequência, causar impacto em toda a cadeia brasileira.”
Já o subproduto dos óleos essenciais são considerados essenciais para a indústria cosmética, já que são responsáveis por conferir notas cítricas aos perfumes. Os Estados Unidos respondem por fatias expressivas das exportações brasileiras desses insumos: cerca de 36% no caso do óleo essencial prensado, 39% para o óleo comum e quase 60% para o d-limoneno, utilizado em fragrâncias e solventes naturais. “Pode ser um impacto muito grande para esses setores”, pontua Netto.
De acordo com a matéria do portal InfoMoney, para além do impacto tarifário, o setor enfrenta uma forte retração nos preços internacionais em decorrência do aumento de 36% na oferta de frutas no comparativo com a safra anterior. De acordo com a Secex, o preço médio da tonelada exportada para os Estados Unidos na safra passada foi de US$ 4.243.
Na cotação da última semana, o valor caiu para US$ 3.387 – uma redução de 20,17%. Mantido o volume exportado, a perda estimada de receita com a desvalorização é de US$ 261,8 milhões, o equivalente a R$ 1,43 bilhão.
Somando os efeitos das tarifas à queda nas cotações, as perdas totais do setor podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões. “Embora o setor esteja aliviado por ter sido incluído na lista de exceções, os impactos são significativos, principalmente em um contexto de mercado desafiador como o deste ano”, avaliou Netto.
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