Publicado em 25/11/2024 às 17h50.

Taxas curtas de juros futuros sobem com expectativa por pacote fiscal

Taxas longas caem com influência externa

Redação
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira (25) sem direção única, com as de curto prazo em alta e as longas em baixa, à medida que o mercado continuava à espera do pacote de medidas fiscais do governo Lula e acompanhava a forte queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior, de acordo com informações do portal InfoMoney.

No fim da tarde a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo – estava em 11,506%, ante 11,487% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 13,265%, em alta de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,236%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,93%, ante 13,047% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,81%, em baixa de 12 pontos-base ante 12,929%.

No exterior os investidores reagiam desde cedo à decisão do presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, na sexta-feira de indicar o gestor Scott Bessent como secretário do Tesouro do futuro governo, encerrando semanas de especulação sobre a escolha.

Bessent é veterano de Wall Street e visto por analistas como um conservador na área fiscal, o que ajudava a aliviar preocupações em relação à trajetória da dívida pública dos EUA, derrubando os rendimentos dos Treasuries. Em reação, as taxas dos DIs mais longos no Brasil também cediam.

“O nome lá de fora é um nome bom, indiscutivelmente. O mercado ficou mais aliviado com essa indicação”, disse Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos.

No melhor momento da sessão, às 15h59, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a mínima de 12,91%, em baixa de 14 pontos-base ante o ajuste anterior. A notícia vinda dos EUA, no entanto, não era o único determinante para a curva termo brasileira nesta segunda-feira.

Espirito Santo chamou atenção para os volumes baixos de negociação na sessão e para um movimento de ajuste por parte dos investidores, uma vez que os prêmios de risco estariam “muito exagerados”.

Internamente, o foco seguia voltado para a área fiscal. Após o governo ter anunciado na noite de sexta-feira o bloqueio adicional de 6,04 bilhões de reais do Orçamento federal para 2024, com o objetivo de assegurar o cumprimento das regras do arcabouço fiscal no ano, o mercado aguarda agora o pacote de medidas de contenção de gastos do governo, mirando os próximos anos.

Em Brasília o governo seguia nesta segunda-feira articulando o pacote, sem que haja confirmação de quando as medidas serão anunciadas. A demora na divulgação, prometida para depois do segundo turno das eleições municipais, mantinha a cautela no mercado, o que impulsionava a ponta curta da curva.

“Está todo mundo nessa expectativa pelo tal pacote. Ele vai ser determinante para os próximos movimentos e para os próximos dias. Precisa ficar claro o que esse pacote traz”, pontuou Espirito Santo.

No relatório Focus divulgado pela manhã pelo Banco Central (BC), a projeção mediana do mercado para o resultado primário em 2024 melhorou levemente, passando de déficit de 0,60% do Produto Interno Bruto para déficit de 0,50%. Nos anos seguintes, porém, as projeções apontam para novos resultados negativos, de 0,70% para 2025 e 0,60% em 2026.

As expectativas de inflação também seguem desancoradas no Focus, com 4,63% para 2024, 4,34% para 2025 e 3,78% para 2026 — nos três casos acima da meta contínua de inflação perseguida pelo BC, de 3%. Já o crescimento econômico projetado para 2024 e 2025 acelerou para 3,17% e 1,95%, respectivamente.

“Portanto, o resumo é mais crescimento, mais inflação e mais juros também. Há um debate ainda sobre o que vai acontecer na reunião de dezembro do Copom, se vem uma alta (da Selic) de 75 ou de 50 (pontos-base), e acho que está em aberto ainda, mas o cenário de inflação está bastante complicado”, afirmou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 74% de probabilidade de alta de 75 pontos-base da taxa básica Selic no próximo mês e 26% de chance de elevação de 50 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram os mesmos. Atualmente a taxa básica Selic está em 11,25% ao ano.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 14 pontos-base, a 4,265%.

 

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