Taxas futuras de juros voltam a disparar com PIB forte e desconfiança no pacote
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 14,09%, ante 13,77% do ajuste anterior

As taxas dos DIs fecharam a terça-feira (3) em forte alta, superior a 30 pontos-base entre os contratos mais longos, reagindo aos dados fortes do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e à persistente desconfiança do mercado no pacote fiscal apresentado pelo governo Lula, de acordo com informações do portal InfoMoney.
Estes dois fatores — o PIB e o fiscal — sugerem a necessidade de juros mais altos para conter a inflação, o que fez a curva a termo brasileira voltar a abrir.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,696%, ante 11,657% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 14,345%, em alta de 27 pontos-base ante o ajuste de 14,079%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 14,09%, ante 13,77% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2031 tinha taxa de 14%, em alta de 32 pontos-base ante 13,685%.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores. Embora tenha ficado em linha com a expectativa dos economistas consultados em pesquisa da Reuters, o resultado seguiu indicando uma economia aquecida, com potencial inflacionário.
“É um número relativamente forte… Esse crescimento reforça o cenário do Banco Central de que a economia está operando acima de sua capacidade produtiva e aumenta as chances de o Copom atuar de forma mais contundente”, disse André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
Ao mesmo tempo, o cenário fiscal brasileiro seguiu dando sustentação às taxas futuras, em meio à desconfiança do mercado. Apesar do corte de 71,9 bilhões de reais em despesas em dois anos anunciado pelo governo no pacote da semana passada, foi mal-recebida a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha acima de 5 mil reais por mês.
“O cenário global segue desafiador e no Brasil temos uma economia que permanece muito aquecida, crescendo acima do potencial, gerando riscos de pressões inflacionárias”, disse durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
“O pacote fiscal em si foi razoável, pois atacou alguns problemas que o mercado via como preocupantes, mas o anúncio de isenção de IR foi interpretado como um sinal de que o governo corta despesas por obrigação, e não por convicção”, ressaltou.
No pior momento do dia, às 11h38, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu 14,39%, em alta de 31 pontos-base ante o ajuste da véspera.
À tarde, o Tesouro informou que o governo central registrou superávit primário de 40,8 bilhões de reais em outubro, o segundo melhor da série histórica para o período, ante um saldo positivo de 18,1 bilhões de reais no mesmo mês do ano passado.
O resultado, apesar de positivo, esteve longe de acalmar as preocupações do mercado em relação ao equilíbrio fiscal, ainda que durante a tarde o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, tenha reiterado em coletiva de imprensa que o governo caminha para cumprir a meta fiscal de 2024.
Na mesma coletiva, o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, Otavio Ladeira, afirmou que, apesar da disparada das taxas futuras de juros de longo prazo nos últimos dias, o órgão não vê sentido em intervir no mercado com a recompra de títulos públicos.
“Não vimos e não estamos vendo nenhum momento em que faz sentido haver recompra de títulos públicos”, afirmou Ladeira.
Neste cenário, perto do fechamento a curva brasileira precificava 25% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da taxa básica Selic este mês, contra 75% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 14% e 86%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.
Às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subiu 2 pontos-base, a 4,215%.
Mais notícias
-
Economia
21h00 de 16/10/2025
Senado alerta que isenção do IR até R$ 5 mil pode gerar rombo de R$ 8 bi em 2026
Maior parte das perdas virá da isenção de dividendos cuja distribuição seja definida até o próximo ano
-
Economia
19h06 de 16/10/2025
Brasil fecha acordo e anuncia fornecimento de barris de petróleo à Índia
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (16) pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera a delegação brasileira em visita oficial à capital indiana
-
Economia
12h58 de 16/10/2025
Atividade econômica do Brasil cresce 0,4% em agosto
No acumulado do ano, o indicador ficou positivo em 2,6% e, em 12 meses, registrou alta de 3,2%
-
Economia
12h53 de 16/10/2025
Primeira usina de beneficiamento de pescado é inaugurada em Bom Jesus dos Passos
Equipamento é resultado de parceria internacional e promete impulsionar a renda de marisqueiras e pescadores na Baía de Todos-os-Santos
-
Economia
10h35 de 16/10/2025
Dólar à vista opera em baixa, com reunião de diplomatas do Brasil e EUA em foco
Crise comercial entre China e EUA também é destaque nesta quinta
-
Economia
12h46 de 15/10/2025
PIS/Pasep: Lote extra do abono salarial será pago nesta quarta
Cerca de 1,6 milhão de trabalhadores com inconsistência nos dados enviados receberão o montante
-
Economia
10h56 de 15/10/2025
Vendas do varejo baiano crescem 0,8% em agosto e superam média nacional
Alta foi impulsionada por artigos farmacêuticos e materiais de escritório; setor acumula avanço de 0,9% em 2025, abaixo do resultado nacional
-
Economia
10h22 de 15/10/2025
Dólar opera em baixa, acompanhando queda da moeda no exterior
alas do presidente do Fed e dados da economia brasileira movimentam o mercado
-
Economia
09h58 de 15/10/2025
Vendas do comércio brasileiro crescem 0,2% em agosto, após 4 meses de queda
O varejo acumula crescimento de 1,6% no ano e 2,2% em 12 meses
-
Economia
11h46 de 14/10/2025
Safra baiana de grãos deve atingir recorde em 2025, aponta IBGE
Estado deve produzir 12,7 milhões de toneladas, crescimento de 12,3% em relação a 2024, apesar de leve queda no algodão