Trump pede que China quadruplique compra da soja americana; medida pode afetar o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu no domingo (10) que a China quadruplique suas compras de soja, faltando menos de dois dias para que a trégua tarifária ente os dois países se encerre. A ação do republicano fez os preços da leguminosa dispararem em Chicago, enquanto analistas questionam a viabilidade do acordo.

Trump anunciou a demanda por meio de um post feito na plataforma Truth Social, onde afirmava estar preocupado com a escassez de soja e que esperava que o país quadruplicasse rapidamente os pedidos da oleaginosa dos Estados Unidos.

“Um serviço rápido será prestado. Obrigado, Presidente [da China] Xi [Jinping]”, disse Trump na postagem. O contrato de soja mais ativo na Bolsa de Chicago (CBOT) saltava 2,2%, para US$ 10,09 (R$ 55,02) o bushel às 7h (horário de Brasília) desta segunda-feira (11), depois da publicação de Trump.

A China é o maior comprador de soja do mundo, tendo importado cerca de 105 milhões de toneladas do grão no ano passado, um pouco menos de um quarto desta quantia veio dos EUA, e a maior parte do restante é proveniente do Brasil. Quadruplicar os embarques exigiria que a China importasse dos EUA a maior parte de sua soja, o que pode afetar o volume de grãos brasileiros comprados pela potência asiática.

“É altamente improvável que a China venha a comprar quatro vezes o volume habitual de soja dos Estados Unidos”, disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, sediada em Pequim.

A trégua tarifária entre Trump e Xi Jinping expira nesta terça-feira (12), mas a Casa Branca tem sinalizado que o prazo pode ser prorrogado. Não está claro, no entanto, se o acordo com a China para a compra de mais soja dos EUA é uma condição para estender a trégua, já que Trump busca reduzir o superávit comercial entre os países.